30/03/2014 21h48 - Atualizado em 30/03/2014 21h54

Moradores comemoram ocupação da Maré, Rio, e torcem por melhorias

Além de segurança, população anseia pela chegada de serviços básicos.
Ocupação policial foi feita em 15 minutos e terminou com festa na praça.

Do G1 Rio

A ocupação do Conjunto de Favelas da Maré, no Subúrbio do Rio, realizada no fim da madrugada deste domingo (30) é o primeiro passo para a política de pacificação para as 15 comunidades que o compõem. Depois de viverem momentos de muita violência, os moradores têm esperança de dias de paz a partir da instalação da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). A população também se mostra ansiosa pela chegada de serviços básicos.

Como mostrou o Fantástico, o domingo começou ensolarado e os moradores da Maré pareciam nem perceber a agitação decorrente da ação policial. As pessoas se mostravam alegres e otimistas com as mudanças que se anunciavam junto com a ocupação.

“Para mim muda muita coisa, eu não tenho mais perturbação de nada, pode ir e vir  a qualquer hora, sem problema nenhum”, disse o motorista Francisco de Assis, que mora há 40 anos na favela.

“Eu acho que hoje amanheci pensando que vai ficar uma nova fase, eu acho que vai mudar tudo”, falou a enfermeira Vera Lúcia do Nascimento.

A ocupação foi rápida e logo virou festa na praça, com o hasteamento das bandeiras. O Caveirão, gigante blindado da Polícia Militar, deixou de abrigar armas para servir de diversão para as crianças.

Os desafios para melhoria do Conjunto de Favelas da Maré vão além da presença policial. Trata-se de uma das áreas mais pobres do Rio de Janeiro e que abrica mais de 130 mil pessoas. Além da segurança, os moradores da região esperam a chegada de outros serviços básicos, principalmente em saúde e educação.

"É um clima de paz que há muitos anos não víamos. Há muito tempo esperávamos por isso. Acho que é o começo de uma nova era. Não sei como vai estar daqui a 30 anos, mas, neste momento, estamos muito felizes.", afirmou Carlos Henrique Silva, 35 anos, que fe (Foto: Alexandre Durão/G1)"É um clima de paz que há muitos anos não víamos. Há muito tempo esperávamos por isso. Acho que é o começo de uma nova era. Não sei como vai estar daqui a 30 anos, mas, neste momento, estamos muito felizes.", afirmou Carlos Henrique Silva, 35 anos, que fe (Foto: Alexandre Durão/G1)

Ocupação
As forças de segurança do Rio de Janeiro ocuparam no fim da madrugada deste domingo (30) o Conjunto de Favelas da Maré, na Zona Norte do Rio. A área - com 130 mil moradores em 15 comunidades - está sendo preparada para receber a 39ª Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Rio. A entrada das forças de segurança no conjunto de favelas começou às 5h e durou 15 minutos. Ao mesmo tempo, em diversos pontos da cidade, havia operações da polícia prendendo pessoas ligadas a crimes na Maré. Entre os detidos está Daiana Rodrigues, namorada de Marcelo Santos das Dores, o Menor P, que, na semana passada, ao ser preso, disse ser o dono do tráfico na Maré.

A região, uma das violentas da capital, é considerada estratégica por estar localizada entre as Linhas Vermelha e Amarela, Avenida Brasil — principais vias da cidade — e o Aeroporto Tom Jobim (Galeão).

Não houve confronto na ocupação, que teve pelo menos seis detidos - dois portando drogas e os demais perto do Canal do Cunha, usando entorpecentes. As bandeiras do Brasil e do estado do Rio de Janeiro foram hasteadas por volta das 9h40, simbolizando a retormada do território pelo estado das mãos de criminosos. A PM deve ficar no local por cerca de uma semana e, posteriormente, o Exército vai entrar na Maré.

Durante varredura, policiais federais encontram 450 quilos de maconha e também armas que estavam em um depósito embaixo da terra nas proximidades da Vila Olímpica e do Ciep da Maré.

Planejamento da operação
Segundo a Secretaria de Segurança do Rio, a ocupação do Complexo da Maré contou com 1.180 policiais militares.

Na entrada da Maré, alguns blindados tiveram que recuar porque não tinham como passar por carros de moradores parados em vias estreitas. Também foram encontrados bloqueios montados pelo trático. As ruas foram desobstruídas com auxílio de retroescavadeiras do Bope

A Polícia Federal ajudou com o serviço de inteligência e a Polícia Rodoviária Federal cerca os acessos para impedir fugas, nos mesmos moldes da ocupação do Complexo do Alemão, em 2008. Militares da Marinha também prestaram apoio, com 21 blindados e 250 homens, mas nem todos os carros precisaram ser usados.

 Cabral: 'Fomos provocados'
Em entrevista de manhã, o governador Sérgio Cabral disse que a ocupação foi uma resposta do povo do Rio de Janeiro ao crime organizado.

"Fomos provocados e intimidados nos últimos dois, três meses pelo poder paralelo em uma tentativa de enfraquecer uma política de segurança. É uma resposta que o povo do Rio de Janeiro e do Brasil reconhece", afirmou.

Para Cabral,  os moradores da Maré podem agora se considerar parte do estado.

"É uma cidade que se integra à cidade. Um dia histórico. Se a entrada da polícia já significou medo aos moradores, hoje significa a chegada da paz", afirmou.

 

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