Edição do dia 30/05/2014

30/05/2014 10h52 - Atualizado em 30/05/2014 10h53

Mais da metade dos partos feitos no Brasil são por cesariana

Na rede pública, entre 2011 e 2012, as cesarianas corresponderam a 46% dos partos. Na rede privada, o índice saltou para 88%.

Ao todo, 70% das mulheres grávidas brasileiras desejam ter filhos de parto normal. Mas até o nascimento do bebê, muitas dessas mulheres acabam mudando de ideia, fazendo do Brasil um dos campeões mundiais em cesariana.

Mais de 20 horas de trabalho de parto e Juliana Botafogo continuava firme na determinação de que a filha viesse ao mundo da forma mais natural possível. "Tem a dor, a gente trabalha com meios não farmacológicos de alivio da dor. Bolsa de água quente, bola, massagem. O prêmio maior vai ser quando nascer", diz a secretária.

Muitas brasileiras começam a gestação com este desejo, mas depois mudam de ideia. O resultado é um dos índices mais altos do mundo de cesarianas: 56% do total de partos realizados no ano passado.

Uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz descobriu que, na rede pública, entre 2011 e 2012, as cesarianas corresponderam a 46% dos partos. Na rede privada, o índice saltou para 88%.

Os nascimentos agendados, com dia e hora marcados, que acontecem antes de qualquer sinal de trabalho de parto, ocorrem com uma frequência preocupante. Mais de um terço das cesarianas são assim, principalmente em hospitais particulares.

“Essas cesarianas, dependendo da época que são realizadas, extraem bebês da barriga da mãe antes que tenham desenvolvido competências que precisam ter para respirar, amamentar e controlar a própria temperatura”, explica Marcos Dias, obstetra do Instituto Fernandes Figueira.

Júlia nasceu em uma cesariana marcada com antecedência, e a mãe conta a justificativa dada pelo médico. “Era próximo ao feriado e ele achou que pudesse estar me colocando em risco. De repente pegar trânsito, a equipe não poder chegar, esse tipo de coisa”, diz Tainá do Santos.

“No serviço público tem menos cesárea porque o parto é feito pelo médico de plantão. Ele não tem aquela pressa, a agenda de terminar o parto porque ele tem que ir para o consultório ou outra atividade”, analisa Silvana Granado, pesquisadora da Fiocruz.

A mãe do Vicente tem plano de saúde, foi a quatro obstetras durante o pré-natal e todos queriam fazer uma cesariana, mesmo sem indicação médica. Ela acabou indo para o sistema público, onde conseguiu realizar o sonho do parto normal. "Foi maravilhoso. Foi como eu queria, fui respeitada. Ele veio ao mundo na hora em que ele quis e da maneira que ele quis", comenta Luisa da Cruz.

Segundo a OMS, o ideal é que, de cada 100 partos, 15 sejam feitos de cesariana.

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