Edição do dia 28/12/2014

28/12/2014 22h14 - Atualizado em 28/12/2014 22h31

Mulher supera medo de dirigir depois de 25 anos

Estudos mostram que 85% das pessoas que têm esse medo de dirigir são mulheres.

 

“Eu tenho medo de bater. Eu tenho medo de atropelar alguém. Eu tenho vergonha de acontecer alguma coisa e as pessoas ficarem olhando para mim”, conta Eliana Cinira de Souza, dona de casa.

A Eliana tirou carteira de motorista há 25 anos. Nesse tempo, comprou dois carros. Mas nunca conseguiu dirigi-los.

“Começava a me uma dar dor aqui, começou a me dar dor na cabeça”, conta.

Ela não é a única. “Dá um desespero. Dá vontade de você desligar o carro e sair correndo”, conta Camila.

“É medo de sair na rua e machucar alguém, medo de bater em outro carro”, diz Adriano Wellington Aniceto.

Por que uma atividade tão comum pode provocar tanto pavor? Ser tão paralisante?

“O medo de dirigir ele atrapalha a vida todo dia. Todo dia você precisa do carro e você não tem essa liberdade de pegar esse carro e sair”, explica a psicóloga Cecília Bellina.

O carro da Camila fica estacionado, desde que foi comprado.

Carla: Em que isso atrapalha a sua vida?
Camila: Totalmente. Para ir trabalhar, para fazer alguma coisa, eu dependo de todo mundo.

Carla: O que a sua família diz, seus amigos, sobre o fato de você não poder dirigir?
Camila: Acham que é coisa da minha cabeça, que eu tenho que pegar o carro e sair andando.
Camila: Não é tão fácil como as pessoas dizem, né. Não é fácil superar. Só quem sente é que sabe.

A pressão da família fez a Camila buscar tratamento. Ela faz sessões de terapia em grupo. E tem aulas práticas de direção.

Instrutor: Anda na velocidade que se sentir confortável, fica tranquila.
Camila: Meu coração está tipo escola de samba. Nossa, minha mão tá gelada.

“O tratamento precoce faz com que a evolução do quadro seja muito melhor. Quanto mais um indivíduo evita uma determinada situação que desencadeia medo, mais medo ele tem”, afirma Álvaro Cabral Araujo, psiquiatra.

Estudos mostram que 85% das pessoas que têm esse medo são mulheres. A maioria porque se cobra mais, é perfeccionista e sofre por antecipação.

“Todo mundo na rua parece que quer criticar o outro motorista. E acaba criticando muito a mulher”, conta a psicóloga Cecília Bellina.

Mas os homens sentem ainda mais os comentários maldosos.

“Tem aquele preconceito. Fala do homem que não dirige. Mas eu não vejo dessa forma”, conta Adriano. 

O Adriano está se tratando há seis meses. Agora, ele consegue fazer pequenos percursos com o próprio carro.

“Todo mundo tem um medo. E eu tive coragem de confessar esse medo”, diz Adriano.

Você também quer superar o medo? Aí vão algumas dicas.

Primeira dica: descubra se você realmente sabe dirigir. Se não tiver certeza, procure um curso de reciclagem em uma autoescola.

Segunda dica: peça ajuda. Chame um parente ou um amigo que saiba dirigir para acompanhar você numa voltinha.

Terceira dica: comece com pequenos percursos. Crie desafios simples, como dar uma volta no quarteirão.

Quarta dica: estabeleça metas. Faça uma lista com dez destinos necessários no seu dia a dia. Comece pelo mais fácil. E defina um prazo para percorrer todos os trajetos.

Mas se nada disso adiantar vá para dica cinco: procure ajuda profissional.

Lembra da Eliana? Chegou a hora de enfrentar o medo.

“É a primeira vez que eu estou sentando no banco do motorista. Eu só andei no banco do passageiro”, conta Eliana.

Primeiro, uma volta com a psicóloga.

Psicóloga: Está muito nervosa?
Eliana: Muito. Estou tremendo. Estou suando e estou com vontade de chorar. Estou nervosa.
Psicóloga: Isso é muito normal. E nós vamos dar a primeira volta e isso vai passar.

Depois de 25 anos, Eliana vai dirigir o próprio carro, sozinha.

Carla: Agora a gente vai acompanhar a sua primeira vez. Vamos lá?
Eliana: Vamos lá.
Carla: Então vai, ó. Força.
Eliana: Obrigada.
Eliana: Ai, Deus.

Logo na saída da garagem, a Eliana já encara uma passagem superestreita entre dois carros.

Eliana: Meu Deus. Me ajuda, senhor.

Os desafios continuam: a subida bem íngreme e ainda tem um movimento de carros.

“Ai, meu Deus. Estou nem acreditando”, diz Eliana, ainda dentro do carro. 

Missão cumprida. Parece que 2015 vai ser o ano da Eliana ao volante.

“Eu vou continuar, e agora eu vou dirigir. Eu vou encontrar obstáculos, mas eu não vou desistir. Não é essa a minha meta. Eu não vou desistir. Eu vou chegar lá”, diz Eliana.

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