19/11/2014 06h00 - Atualizado em 19/11/2014 06h00

Diabéticos usam tatuagens para identificação em caso de emergência

Paciente deve usar alguma forma de identificação para facilitar atendimento.
Campanha conta a experiência de pacientes que aderiram à estratégia.

Mariana LenharoDo G1, em São Paulo

Emerson Bisan resolveu fazer tatuagem para identificar-se como diabético (Foto: Casa de Vídeo/Divulgação)Emerson Bisan resolveu fazer tatuagem para identificar-se como diabético (Foto: Casa de Vídeo/Divulgação)

Médicos recomendam que todo diabético leve consigo algum acessório que identifique que ele tem a doença, medida que facilita o atendimento médico no caso de uma emergência. Pode ser um colar, uma pulseira ou um cartão que traga a inscrição “sou diabético”, por exemplo. Mas alguns pacientes têm adotado uma forma mais radical de se identificarem: a tatuagem.

Uma campanha promovida pela associação ADJ Diabetes Brasil está divulgando a experiência de pacientes que aderiram à estratégia. É o caso do atleta e professor de educação física Emerson Bisan, de 40 anos. Diagnosticado com diabetes tipo 1 quando tinha 21 anos, ele fez uma tatuagem que o identifica como diabético há duas semanas.

“Sabemos que um dos cuidados que temos que tomar é sempre andar com uma identificação. Nada melhor do que uma identificação que nunca vai sair do seu corpo”. Antes da tatuagem, ele usava uma medalha que informava sobre a doença e fornecia um telefone de emergência.

Como ele se relaciona com outros pacientes – o atleta lidera um grupo de corrida formado por diabéticos – Emerson também vê a tatuagem como uma das forma de incentivar as pessoas a aceitar e assumir a doença e o tratamento.

Para a médica Denise Franco, diretora de educação da ADJ, ter uma forma de se identificar como diabético é importante. “Se alguém chega desacordado a uma emergência de um hospital e o profissional tem a informação rápida de que a pessoa tem diabetes, ele vai fazer o exame de ponta de dedo e entrar rapidamente com glicose endovenosa em caso de hipoglicemia, procedimento que pode salvar vidas”, diz.

‘Quer uma água?’

Telma Valezin já sofreu por não ser identificada como diabética durante crises de hipoglicemia (Foto: Casa de Vídeo/Divulgação)Telma Valezin já sofreu por não ser identificada como diabética durante crises de hipoglicemia (Foto: Casa de Vídeo/Divulgação)

A dona de casa Telma Valezin, de 50 anos, já sofreu por não ser identificada como diabética. Uma vez estava no shopping com sua sobrinha quando começou a passar mal e perder a consciência. “Minha sobrinha pediu a ajuda de um segurança. Ele achou que eu tinha bebido, não imaginou que fosse hipoglicemia, e não ajudou.”

Segundo ela, a tatuagem que a identifica como diabética tipo 2 já mudou a forma como as pessoas se relacionam com ela. Em uma de suas crises de hipoglicemia, por exemplo, ela estava encostada em seu carro, comendo um churro para elevar a taxa de açúcar do sangue, quando foi abordada por um morador da região.

“O moço que estava dentro de uma casa disse: ‘Não tenho bola de cristal, mas estou vendo que você é diabética. Se está comendo doce, é porque a taxa de açúcar baixou. Quer uma água, quer sentar?’.” Telma conta que não acreditava que não tinha nem precisado pedir ajuda.

O estudante João Francisco Fink desenhou um frasco de insulina em seu braço (Foto: João Francisco Fink/Arquivo Pessoal)O estudante João Francisco Fink escolheu desenhar
um frasco de insulina em seu braço
(Foto: João Francisco Fink/Arquivo Pessoal)

Outro que adotou a tatuagem foi o estudante João Francisco Gentile Fink, de 18 anos. “Não foi difícil tomar essa decisão. Já tinha uma tatuagem e achei a campanha muito interessante.” Ele escolheu desenhar um frasco de insulina no braço, além da informação de que tem diabetes tipo 1. O desenho foi inspirado em uma ilustração presente na nota de 100 dólares canadenses. “Fiz intercâmbio no Canadá e lá foi o primeiro lugar em que sintetizaram a insulina em laboratório”, conta.

A médica Denise Franco observa que a tatuagem é apenas mais uma forma de se identificar como diabético e que, caso o paciente opte por ela, é importante escolher um estabelecimento seguro, além de consultar seu médico para saber se ele pode se submeter ao procedimento. “É preciso ver se o controle glicêmico está bom. Caso não esteja, há mais risco de ter uma infecção secundária devido à tatuagem.”

A campanha da ADJ, chamada IdentiArte, também promove um concurso que vai dar tatuagens a diabéticos que contarem suas histórias. Interessados devem se inscrever no site da campanha até 5 de dezembro.

Diabetes - info (Foto: G1)

 

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