O rio Tietê faz aniversário nesta segunda-feira (22). Um presente da natureza para os paulistas, mas que não têm tido o cuidado de preservar esse bem precioso. São séculos de desrespeito com as águas que ainda sobrevivem à poluição no interior do estado. Em Barra Bonita (SP), por exemplo, o rio também é explorado pelo turismo.
Várias atividades foram realizadas pela manhã. Música, teatro, dança envolvendo crianças, estudantes e moradores da cidade. Além disso, durante a tarde haverá a soltura de 50 mil alevinos pacu-guaçu, que faz parte de um programa de repovoamento do rio.
A bióloga Gisele Mondoni Marconato explicou como é feito o trabalho de despoluição. “É um trabalho que procura sensibilizar os produtores e conscientizar sobre a necessidade de eles participarem das atividades de restauração. A gente busca as dificuldades que esses produtores têm e tenta trabalhar com isso para que eles consigam entender a importância deles no trabalho, na realização da restauração de áreas degradadas. A maior parte das áreas a serem restauradas são de propriedades particulares”.
(Foto: Reprodução/TV TEM)
O mais importante rio de São Paulo nasce de forma tímida na Serra do Mar, em Salesópolis (SP), a poucos quilômetros do mar. No entanto, contrariando a natureza, o Tietê corre sentido contrário ao litoral e segue para o interior do estado. Pelo caminho enfrenta muito lixo e poluição.
“O rio Tietê ainda recebe uma grande carga de poluidora. Existe um grande número de cidades que não tratam os seus esgotos e lançam esse esgoto in natura e esse esgoto, obviamente, causa poluição. Quando o rio está baixo, pouco volume, pequena vazão, tem menos água para diluir esse esgoto, consequentemente, você tem o rio mais poluído, sobra pouco oxigênio, pouca condição para sobrevivência dos peixes”, informou Jozrael Rezende, do Comitê da Bacia Hidrografia do Tietê.
Quase 200 quilômetros depois da nascente, o Tietê volta a “respirar ar puro” e mostra toda a sua beleza. “Temos muito trabalho a fazer, tanto na despoluição quanto na recuperação da vegetação ciliar. Não só do rio Tietê, mas de todos os rios do nosso estado. É um trabalho de médio prazo e um trabalho que muitas vezes não surte muito efeito imediato. É preciso esperar uma, duas, talvez três décadas para a gente notar melhoras efetivamente nisso”, contou Jozrael Rezende.
O Tietê tem mais de 1,1 mil km de extensão. Corta praticamente todo o estado e desemboca no rio Paraná. O rio dos paulistas é muito importante para a economia e também para o turismo de vários municípios do interior de São Paulo.
As usinas hidrelétricas do Tietê contribuem para produção de energia. E a hidrovia Tietê-Paraná é uma importante rota de escoamento da produção de grãos dos estados de Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná.
(Foto: Reprodução/TV TEM)
Neste ano não está sendo fácil para o Tietê. O rio enfrenta uma das piores estiagens dos últimos anos. E sem chuva, o leito do rio baixou em mais de 5 metros em alguns trechos. Por causa disso, o transporte pela hidrovia Tietê-Paraná está paralisado desde maio. O Porto Intermodal de Pederneiras, onde é feito o transbordo dos produtos que seguem para o porto de Santos, está desativado. Mais de mil trabalhadores perderam o emprego.
“Todas as empresas pararam as operações, ocorrendo demissão em massa do pessoal envolvido, não só de tripulantes, como o pessoal dos terminais, de transbordo. E na cadeia toda, que envolve manutenção, fornecedores. A região de Pederneiras, onde estão os maiores terminais está tendo uma queda bem grande da questão de emprego. A gente estima que entre postos diretos e indiretos, mais de mil posições foram perdidas. A situação é essa. Está parado vendo o que vão conseguir fazer daqui para frente”, informou o presidente do Sindicato dos Navegadores de São Paulo, Luiz Fernando Horta Siqueira.
Mas o turismo segue forte. Todos os finais de semana, milhares de turistas passeiam de barcos pelas águas do Tietê, em Barra Bonita, e se encantam com a beleza do rio. “Os rios quando eles se afastam da população das grandes cidades, vão se recuperando. O rio sempre quer viver. O rio é como uma pessoa, tem nome, tem idade. Apesar de parecer sempre jovem, o rio é muito antigo”, disse o ambientalista e comandante do navio, Hélio Palmesan.