Por France Presse


Sara Danius, Secretária Permanente da Academia Sueca, anuncia o nome de Kazuo Ishiguro como vencedor do Nobel de Literatura 2017 — Foto: Claudio Bresciani/TT via AP

A Academia Sueca, que concede o Prêmio Nobel de Literatura, foi afetada por um escândalo de assédio sexual, após a denúncia de 18 mulheres contra uma figura ligada à instituição.

Um total de 18 acadêmicas, mulheres de acadêmicos e algumas de suas filhas afirmaram ter sido agredidas e estupradas por um dos homens mais influentes da cena cultural de Estocolmo, publicou na terça-feira (21) o jornal "Dagens Nyheter" (DN).

A onda de denúncias de assédio sexual, que começou em Hollywood e se estendeu pelas redes sociais com a hashtag #MeToo (Eu também), chega assim ao mundo das letras de um dos países líderes em igualdade de gêneros.

Quem é o acusado?

O nome do suposto agressor não foi divulgado para respeitar a presunção de inocência, embora tenha aparecido em fóruns on-line.

Casado com uma escritora ligada à Academia Sueca, o acusado dirige um centro de exposições na capital, em parte financiado pela Academia, que organiza ali as leituras dos premiados.

É neste espaço em que teriam ocorrido algumas das agressões, entre 1997 e 2017. Os relatos das supostas vítimas foram corroborados por testemunhas oculares, segundo o jornal.

Uma delas afirmou ter sido estuprada em um apartamento de Estocolmo. "Todo mundo sabe e sempre soube" que ele agredia as meninas, assegurou a vítima.

Silêncio das vítimas

As afetadas preferiram ficar em silêncio para não arriscar suas carreiras, devido à relação estreita que o acusado tem com editores, produtores, diretores e compositores.

Após uma "reunião sobre crise" na quinta-feira (23), a Academia Sueca, que comprou um apartamento para o acusado em Paris, anunciou que rompeu vínculos com ele.

A Academia fará uma investigação interna para saber se o acusado "teve alguma influência, direta ou indireta, na atribuição de prêmios, bolsas ou financiamento de alguma outra natureza".

A ministra da Cultura, Alice Bah Kuhnke, lamentou ter concedido a ele, em 2015, a medalha da Ordem Real da Estrela Polar, reservada aos membros da família real sueca ou a personalidades estrangeiras por seus serviços ao país.

O acusado assegurou ao jornal sueco "Dagens Nyheter" que é inocente.

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