Rio Marielle

Caso Marielle: polícia prende um dos suspeitos de estar no carro de assassinos da vereadora

A estratégia de investigadores é desestruturar bando de Orlando da Curicica
Alan de Morais Nogueira e Luis Cláudio Ferreira Barbosa foram presos nesta terça-feira Foto: Reprodução
Alan de Morais Nogueira e Luis Cláudio Ferreira Barbosa foram presos nesta terça-feira Foto: Reprodução

RIO — A Delegacia de Homicídios da Capital (DH) prendeu, na manhã desta terça-feira, um ex-PM suspeito de ser um dos ocupantes do carro em que estavam os executores da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. A prisão do policial militar reformado Alan de Morais Nogueira, conhecido como Cachorro Louco, aconteceu por causa de um outro caso. Além dele,  foi preso o ex-bombeiro Luis Cláudio Ferreira Barbosa. Os dois são suspeitos de integrar a quadrilha de milicianos chefiada pelo ex-PM Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando da Curicica.

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Eles foram presos por serem acusados da autoria dos homicídios de um PM e um ex-PM no sítio de Orlando, em Guapimirim, na Baixada Fluminense, em fevereiro do ano passado, a mando do chefe da quadrilha de milicianos. A informação sobre o envolvimento dos dois partiu do mesmo delator que apontou que o ex-PM Alan Nogueira estava no carro dos executores. Segundo ele, Alan pode ter participado da execução da vereadora, mas ele não explicou como obteve tal informação.

- Os presos vão ficar aqui na delegacia, serão ouvidos não só no caso Marielle, como nesse homicídio pelos quais estão respondendo hoje, e tanto as investigações do caso Marielle, como desse homicídio vão continuar - afirmou o delegado Willians Batista.

Os mandados de prisão foram expedidos pela Vara Única de Guapimirim, inclusive o de Orlando — preso na Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte — apontado como mandante do crime. Com essas novas prisões, a estratégia dos investigadores é justamente a de desestruturar o bando de Orlando da Curicica e elucidar o crime contra a parlamentar.

Preso, Alan passa a ser uma peça importante nessa quebra-cabeça que virou o caso Marielle. A expectativa da polícia é que, preso e com as informações do delator contra ele, ele ajude a elucidar o que aconteceu na noite do crime.

O quebra-cabeça do Caso Marielle
Quatro meses após assassinatos, veja quais são os principais personagens
envolvidos no crime
AS VÍTIMAS
O motorista foi atingido por três tiros nas costas e morreu na hora. Ele fazia um bico substituindo um amigo de licença médica. Anderson iria começar um curso para ser mecânico de aviões.
A vereadora foi assassinada no dia 14 de março com quatro tiros na cabeça. A parlamentar tinha como principais pautas a defesa dos direitos humanos, da causa LGBT e dos moradores de favelas
Marielle Franco
Anderson Gomes
assassinada
assassinad0
investigador
O delegado da Divisão de Homicídios da capital é o responsável pela investigação do crime. Desde o começo da apuração do caso, Lages optou pelo silêncio absoluto. São raras as informações passadas pelo delegado e sua equipe.
Única sobrevivente do crime contra Marielle e Anderson, uma assessora da parlamentar é uma das testemunhas do caso. Ela e o marido deixaram o país por questões de segurança.
Giniton Lages
Assessora de
Marielle
delegado da Divisão
de Homicídios
sobrevivente
OS SUSPEITOS
Marcello
Siciliano
Testemunha-
chave
Orlando Oliveira
de Araújo
O vereador do PHS foi apontado por uma testemunha-chave como mandante do crime. Siciliano se defendeu e negou qualquer participação nos assassinatos. Ele já prestou dois depoimentos à Polícia.
Em maio, uma testemunha-chave envolveu Marcello Siciliano e Orlando Oliveira de Araújo no crime. O homem disse ter testemunhado o momento em que o vereador e o miliciano tramaram a morte de Marielle.
O miliciano conhecido como Orlando Curicica também foi envolvido pela testemunha-chave. Ele teria ordenado a execução do crime de dentro Complexo Penitenciário de Gericinó, onde está preso desde outubro de 2017.
Thiago Bruno
Mendonça
Carlos Alexandre
Pereira Maria
Anderson
Claudio da Silva
Preso no fim de maio, o homem apelidado de Thiago Macaco teria sido o responsável por vigiar Marielle e clonar um dos carros usado no crime. Ele é acusado de matar Carlos Alexandre Pereira Maria, assessor de Siciliano.
O assessor de Siciliano, conhecido como Alexandre Cabeça, foi assassinado em abril. A execução pode ser uma "queima de arquivo". O caso é investigado pela mesma equipe encarregada da apuração dos assassinatos de Marielle e Anderson.
O ex-PM foi assassinado em abril no Recreio quando entrava em seu carro, uma BMW. Seu assassinato aconteceu dois dias depois do de Alexandre Pereira Maria.
Domingos
Brazão
Ruy Ribeiro
Bastos
Luis Cláudio
Ferreira Barbosa
Ex-deputado estadual e conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Domingos Brazão prestou depoimento à polícia sobre a testemunha-chave do crime. Ele negou conhecê-la e disse que não tem nenhum problema com Siciliano, com quem disputaria influência política na Zona Oeste
Preso dia 19 de junho, em casa, na Estrada do Camorim, em Jacarepaguá, ele é suspeito de matar Carlos Alexandre Pereira Maria, assessor de Siciliano. Sua foto chegou a ser estampada num cartaz do Disque Denúncia. O crime ocorreu em um bar, no bairro da Boiúna, em Jacarepaguá, na Zona Oeste da cidade.
O ex-bombeiro também foi preso no dia 24 de julho acusado pelos assassinatos de José Ricardo da Silva e Rodrigo Severo Gonçalves. Ele faria parte da milícia comandada por Orlando da Curicica.
Alan de Morais
Nogueira
Conhecido como "Cachorro Louco", Alan estaria no carro dos executores de Marielle, segundo a testemunha-chave. Ele foi preso no dia 24 de julho acusado pelos assassinatos de José Ricardo da Silva e Rodrigo Severo Gonçalves.
O quebra-cabeça do
Caso Marielle
Quatro meses após assassinatos, veja
quais são os principais personagens
envolvidos no crime
AS VÍTIMAS
Marielle Franco
assassinada
A vereadora foi assassinada no dia 14 de março com quatro tiros na cabeça. A parlamentar tinha como principais pautas a defesa dos direitos humanos, da causa LGBT e dos moradores de favelas
Anderson Gomes
assassinad0
O motorista foi atingido por três tiros nas costas e morreu na hora. Ele fazia um bico substituindo um amigo de licença médica. Anderson iria começar um curso para ser mecânico de aviões.
investigador
Giniton Lages
delegado da Divisão
de Homicídios
O delegado da Divisão de Homicídios da capital é o responsável pela investigação do crime. Desde o começo da apuração do caso, Lages optou pelo silêncio absoluto. São raras as informações passadas pelo delegado e sua equipe.
OS SUSPEITOS
Marcello Siciliano
O vereador do PHS foi apontado por uma testemunha-chave como mandante do crime. Siciliano se defendeu e negou qualquer participação nos assassinatos. Ele já prestou dois depoimentos à Polícia.
Orlando Oliveira de Araújo
O miliciano conhecido como Orlando Curicica também foi envolvido pela testemunha-chave. Ele teria ordenado a execução do crime de dentro Complexo Penitenciário de Gericinó, onde está preso desde outubro de 2017.
Testemunha-chave
Em maio, uma testemunha-chave envolveu Marcello Siciliano e Orlando Oliveira de Araújo no crime. O homem disse ter testemunhado o momento em que o vereador e o miliciano tramaram a morte de Marielle.
Thiago Bruno Mendonça
Preso no fim de maio, o homem apelidado de Thiago Macaco teria sido o responsável por vigiar Marielle e clonar um dos carros usado no crime. Ele é acusado de matar Carlos Alexandre Pereira Maria, assessor de Siciliano.
Carlos Alexandre Pereira Maria
O assessor de Siciliano, conhecido como Alexandre Cabeça, foi assassinado em abril. A execução pode ser uma "queima de arquivo". O caso é investigado pela mesma equipe encarregada da apuração dos assassinatos de Marielle e Anderson.
Anderson Claudio da Silva
O ex-PM foi assassinado em abril no Recreio quando entrava em seu carro, uma BMW. Seu assassinato aconteceu dois dias depois do de Alexandre Pereira Maria.
Domingos Brazão
Ex-deputado estadual e conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Domingos Brazão prestou depoimento à polícia sobre a testemunha-chave do crime. Ele negou conhecê-la e disse que não tem nenhum problema com Siciliano, com quem disputaria influência política na Zona Oeste
Ruy Ribeiro Bastos
Preso dia 19 de junho, em casa, na Estrada do Camorim, em Jacarepaguá, ele é suspeito de matar Carlos Alexandre Pereira Maria, assessor de Siciliano. Sua foto chegou a ser estampada num cartaz do Disque Denúncia. O crime ocorreu em um bar, no bairro da Boiúna, em Jacarepaguá, na Zona Oeste da cidade.
Luis Cláudio Ferreira Barbosa
O ex-bombeiro também foi preso no dia 24 de julho acusado pelos assassinatos de José Ricardo da Silva e Rodrigo Severo Gonçalves. Ele faria parte da milícia comandada por Orlando da Curicica.
Alan de Morais Nogueira
Conhecido como "Cachorro Louco", Alan estaria no carro dos executores de Marielle, segundo a testemunha-chave. Ele foi preso no dia 24 de julho acusado pelos assassinatos de José Ricardo da Silva e Rodrigo Severo Gonçalves.

No depoimento do delator, revelado em maio pelo GLOBO, a testemunha disse ter ouvido uma conversa de Orlando com o vereador Marcello Siciliano (PHS), num restaurante, no Recreio, em junho do ano passado. Na conversa, o vereador teria falado alto: “Tem que ver a situação da Marielle. A mulher está me atrapalhando”. Depois, bateu forte com a mão na mesa e gritou: “Marielle, piranha do Freixo”. Depois, olhando para o ex-PM, disse: “Precisamos resolver isso logo”.

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Testemunha diz que policiais estavam no Cobalt usado na morte de Marielle

Testemunha envolve vereador e miliciano no  assassinato de Marielle Franco

A testemunha-chave, que está sob proteção desde maio, havia revelado que Alan participou da execução de Marielle e Anderson, além da morte de um policial lotado, na época do crime, no 16º BPM (Olaria). Segundo o delator, o ex-PM chegou a trabalhar no quartel da Maré, comunidade onde a vereadora nasceu e manteve suas raízes até a morte.  A dupla, segundo a testemunha, estava, com outros dois homens, no Cobalt prata usado na execução.

José Ricardo da Silva e Rodrigo Severo Gonçalves foram assassinados Foto: Reprodução
José Ricardo da Silva e Rodrigo Severo Gonçalves foram assassinados Foto: Reprodução

As vítimas do duplo homicídio em Guapimirim são o policial militar José Ricardo da Silva, que estava lotado no 5ºPM (Praça da Harmonia), que entrou na corporação em 2005 e o ex-PM Rodrigo Severo Gonçalves. De acordo com as investigações, os dois também faziam parte do bando de Orlando e foram convidados para uma reunião no sítio do chefe da milícia, na localidade conhecida como Vale das Pedrinhas, em Guapimirim, onde foi preparada a emboscada.

O delator contou à DH Capital que Orlando descobriu que José Ricardo e Severo pretendiam traí-lo. Os dois foram mortos a tiros. Um dos atiradores chegou a dizer: “Isto é o que acontece com traidor”. Os corpos foram colocados num veículo e trazidos para a capital. Chegando à Rua Jorge Coelho, em Brás de Pina, na Zona Norte, os acusados Alan e Luís Cláudio teriam ateado fogo no carro com as vítimas dentro, a fim de destruir vestígios e dificultar a identificação delas. O crime ocorreu no dia 25 de fevereiro do ano passado.

Os acusados Alan e Luís Cláudio teriam ateado fogo no carro com as vítimas dentro, a fim de destruir vestígios e dificultar a identificação delas Foto: Reprodução
Os acusados Alan e Luís Cláudio teriam ateado fogo no carro com as vítimas dentro, a fim de destruir vestígios e dificultar a identificação delas Foto: Reprodução

Severo aparece na lista de policiais militares mortos no ano passado. Até o depoimento do delator de Orlando, a polícia não tinha pistas sobre os homicídios de José Ricardo e Severo. Houve demora até na confirmação das identificações das vítimas, cujos corpos foram carbonizados, após serem mortos a tiros.

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Depois que a testemunha passou os detalhes da execução, a DH da Capital conseguiu imagens das câmeras do pedágio da concessionária CRT, que administra a Rio-Teresópolis,  que confirmaram a passagem do carro, quando ele saía de Guapimirim para Brás de Pina, no dia do assassinato.

OUTROS CRIMES DE QUE ORLANDO É SUSPEITO

Os outros dois homens que teriam participado do homicídio da parlamentar, de acordo com o delator, já teriam se envolvido, em junho de 2015, em outra execução com características semelhantes à de Marielle, também a mando de Orlando, de acordo com o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ). Segundo a denúncia, os dois mataram, com tiros na cabeça, um homem que alugou um terreno na área de influência de Orlando para instalação de um circo, sem autorização prévia do miliciano.

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A conclusão do Ministério Público é de que, para estender seus domínios em Curicica, Recreio e algumas áreas das Vargens, na Zona Oeste, Orlando executou outros milicianos que estivessem em seu caminho, porque não aceitavam se subordinar a ele. A polícia agora investiga o rastro de homicídios nas regiões que poderiam ter Orlando como mandante.  Para isso, o chefe da milícia costuma usar a mesma equipe para cometer os assassinatos, trocando apenas um ou dois integrantes.

Os cinco processos contra Orlando da Curicica
Miliciano é apontado como chefe da milícia da Curicica, além de algumas comunidades de Jacarepaguá; Terreirão, no Recreio; e algumas localidades de Vargem Grande e Pequena
Posse ilegal de Arma
1
É a única condenação de Orlando. Quando ele foi preso em outubro do ano passado, em sua casa em Vargem Pequena, policiais da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) encontraram uma arma de uso exclusivo. Ele foi condenado a quatro anos e um mês.
Associação Criminosa
2
Denúncia do Ministério Público aceita pelo juízo da 2ª Vara Criminal de Jacarepaguá, pela formação de um grupo para a prática do delito de milícia privada.
Homicídio e tentativa
3
Do ex-presidente da escola de samba Parque da Curicica, Wagner Raphael de Souza, e uma outra pessoa que sobreviveu ao ataque, em 7 de junho de 2015.
Homicídio
4
Apontado como mandante da morte de Carlos Alexandre Pereira Maria, o Alexandre Cabeça, assessor informal do vereador Marcelo Siciliano (PHS). Cabeça é apontado como miliciano da Boiúna, em Jacarepaguá.
Duplo homicídio
5
Acusado de ser o mandante da morte de um policial militar e um ex-PM, em fevereiro do ano passado, em Brás de Pina. Orlando teria dado ordens para Alan de Morais Nogueira, o Cachorro Louco; e o ex-bombeiro Luís Cláudio Ferreira Barbosa, integrantes da quadrilha, para executá-los.
Os cinco processos contra Orlando da Curicica
Miliciano é apontado como chefe da milícia da Curicica, além de algumas comunidades de Jacarepaguá; Terreirão, no Recreio; e algumas localidades de Vargem Grande e Pequena
Posse ilegal de Arma
1
É a única condenação de Orlando. Quando ele foi preso em outubro do ano passado, em sua casa em Vargem Pequena, policiais da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) encontraram uma arma de uso exclusivo. Ele foi condenado a quatro anos e um mês.
Associação Criminosa
2
Denúncia do Ministério Público aceita pelo juízo da 2ª Vara Criminal de Jacarepaguá, pela formação de um grupo para a prática do delito de milícia privada.
Homicídio e tentativa
3
Do ex-presidente da escola de samba Parque da Curicica, Wagner Raphael de Souza, e uma outra pessoa que sobreviveu ao ataque, em 7 de junho de 2015.
Homicídio
4
Apontado como mandante da morte de Carlos Alexandre Pereira Maria, o Alexandre Cabeça, assessor informal do vereador Marcelo Siciliano (PHS). Cabeça é apontado como miliciano da Boiúna, em Jacarepaguá.
Duplo homicídio
5
Acusado de ser o mandante da morte de um policial militar e um ex-PM, em fevereiro do ano passado, em Brás de Pina. Orlando teria dado ordens para Alan de Morais Nogueira, o Cachorro Louco; e o ex-bombeiro Luís Cláudio Ferreira Barbosa, integrantes da quadrilha, para executá-los.

Orlando é suspeito ainda de mandar matar o ex-presidente da escola de samba Parque da Curicica, Wagner Raphael de Souza. Em 7 de junho de 2015, às 19h, segundo um sobrevivente, dois homens do bando de Orlando desceram de um Kia Cerato branco e atacaram o carro em que o dirigente da escola viajava com uma outra pessoa no banco do carona.

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Os tiros acertaram Wagner na cabeça, matando-o, e feriram a outra pessoa que estava ao lado dele. Na ação penal, o MPRJ ressaltou que “o crime foi cometido de forma a impedir a defesa das vítimas, já que os disparos foram efetuados a pouca distância e contra suas cabeças”. O carona, que ficou ferido, afirmou em depoimento à polícia que Wagner “causava problemas” para Orlando, pois “sempre agiu sozinho, apoiando candidatos políticos independentes” e contrariando os interesses da milícia. “Mesmo sem pertencer à milícia, ele não baixava a cabeça para eles. Era uma pessoa muito forte na comunidade, o que o tornou um perigoso rival da facção criminosa”, contou o sobrevivente do ataque. Depois, ela mudou sua versão ao ser interrogada pelo MPRJ, e passou a negar a participação de Orlando na execução.

Há pouco mais de um mês, Orlando foi transferido para a penitenciária federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, onde ficará até pelo menos junho do ano que vem, de acordo com decisão tomada pela Vara de Execuções Penais do Rio de Janeiro. O chefe da milícia de Curicica, Recreio e Vargens responde a cinco processos. Num deles, por posse de arma, quando foi preso em casa, num condomínio de classe média em Vargem Pequena, Orlando foi condenado a quatro anos de prisão.

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