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Por GloboEsporte.com — São Paulo, SP


Oswaldo Alvarez, o Vadão: o técnico da seleção feminina em vida, obra e peripécias

Oswaldo Alvarez, o Vadão: o técnico da seleção feminina em vida, obra e peripécias

Morreu no início da tarde desta segunda-feira Oswaldo Alvarez, o Vadão, ex-técnico da seleção brasileira feminina de futebol e com passagens por São Paulo, Corinthians, Guarani, Ponte Preta, entre outros times.

Aos 63 anos, ele lutava contra um câncer no fígado e estava internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, desde a semana retrasada. A assessoria de imprensa do hospital confirmou o falecimento à reportagem do GloboEsporte.com.

Vadão lutava contra a doença desde o início de 2020, quando passou por sessões de quimioterapia e chegou a apresentar evolução, mas o quadro se agravou recentemente. Ele deixa a esposa Ana, os filhos Adriano e Carolina e dois netos. O corpo será levado para Monte Azul Paulista, onde Vadão nasceu e será sepultado. O velório vai ser restrito a familiares.

Seleção SporTV fala sobre a morte do técnico Vadão

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Histórico

Oswaldo Fumeiro Alvarez, o Vadão, tentou a sorte como jogador nos anos 70, atuando pelos times juvenis do Guarani e do Botafogo-SP. No profissional, passou por Paulista, Velo Clube e Capivariano. 

Vadão, à esquerda, na época de jogador com a camisa do Guarani — Foto: Arquivo pessoal

Mas foi à beira do campo, como treinador, que ele fez o seu nome, sempre com a história muito ligada ao futebol do interior paulista. A começar pelo primeiro grande trabalho. 

Vadão ganhou destaque com o "Carrossel Caipira" no Mogi Mirim, onde ajudou a projetar Rivaldo, Leto e Válber também eram outros símbolos daquele time que se inspirava na Holanda de 1974, com o esquema 3-5-2. 

Vadão sobre o `Carrossel caipira`: `Foi um marco na história do futebol brasileiro`

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Mister Dérbi

Ele também está entre os principais técnicos do futebol de Campinas. Pelo Guarani, é o terceiro treinador que mais dirigiu o time na história. Foram 204 jogos em cinco passagens (1995, 1997-98, 2009-10, 2012 e 2017), com campanhas marcantes, como o acesso na Série B em 2009 e o vice-paulista de 2012 - quando foi eleito o melhor treinador do torneio. 

Vadão é o terceiro técnico que mais dirigiu o Guarani — Foto: Rafael Fernandes / GuaraniPress

À frente da Ponte, Vadão teve quatro passagens (2001-2002, 2005, 2006 e 2014). No Brasileirão de 2005, chegou a levar a Macaca à liderança antes de aceitar uma proposta do Verdy Tokyo , do Japão. Foi a sua única experiência internacional.  

Também em Campinas é conhecido como "Mister Dérbi" por nunca ter perdido um clássico da cidade, seja por Guarani ou Ponte Preta. A invencibilidade é de nove jogos, com cinco vitórias (quatro pelo Guarani e uma pela Ponte) e quatro empates (três pela Ponte e um pelo Guarani).

Vadão também teve passagens marcantes pela Ponte — Foto: Raul Pereira / Globoesporte.com

Surgimento de Kaká

Ainda em São Paulo, ficou marcado por ter lançado o meia Kaká no profissional do São Paulo, no título do Torneio Rio-São Paulo de 2001. Um ano antes, teve uma rápida passagem pelo Corinthians, de apenas 21 jogos durante a Copa João Havelange.

Vadão foi o responsável por lançar Kaká no São Paulo — Foto: Arquivo pessoal / Oswaldo Alvarez

Foram os dois times do "trio de ferro" que ele comandou. Portuguesa, São Caetano, Araçatuba, XV de Piracicaba, onde foi campeão da Série C do Brasileiro de 1995, e Matonense são as outras equipes paulistas no currículo do treinador. 

Já em outros grandes centros, o primeiro grande trabalho de Vadão foi pelo Athletico-PR, onde conquistou o Torneio Seletivo para a Libertadores em 1999 e o Campeonato Paranaense de 2000, além de ter iniciado a montagem do grupo que seria campeão brasileiro no ano seguinte. Trabalhou outras duas vezes no Furacão, em 2003 e entre 2006 e 2007, quando foi semifinalista da Copa Sul-Americana. 

Em 2001, revelação Kaká comanda São Paulo na conquista do Torneio Rio-São Paulo

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Ele também deixou sua marca no Vitória, onde subiu para a Série A em 2007, e Criciúma, onde foi campeão catarinense em 2013. Já por Bahia, Goiás e Sport teve passagens mais curtas e discretas. 

Vadão foi campeão catarinense pelo Criciúma — Foto: João Lucas Cardoso

Seleção brasileira

A história na seleção brasileira feminina começou em abril de 2014, quando estava na Ponte e recebeu o convite da CBF. Em dois anos e sete meses durante o primeiro comando, colecionou conquistas: Copa América 2014, Torneio Internacional de Futebol Feminino 2014, Campeonato Internacional de Futebol Feminino de 2015, Jogos Pan-Americano de 2015, além do quarto lugar nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016. Neste ano, ele foi escolhido pela FIFA o sexto melhor treinador do mundo de um time feminino.

Vadão ao lado de Marta em treino da seleção feminina — Foto: Reuters

Já o segundo trabalho na seleção feminina começou em setembro de 2017. Desta vez, ficou um ano e 11 meses, sendo campeão do Torneio Internacional de Futebol Feminino (China), em 2017, e da Copa América, em 2018. 

O último torneio pela seleção foi a Copa do Mundo de 2019, com a eliminação nas oitavas de final para a França. Um mês depois do Mundial, foi demitido pela CBF e estava à espera de uma nova oportunidade para voltar ao mercado. 

Após a morte, CBF fez uma homenagem nas redes sociais e decretou a colocação de bandeiras a meio mastro em sua sede, "como manifestação de respeito e admiração pelo legado que Vadão deixa ao futebol".

Muricy visita Vadão, técnico da seleção feminina de futebol

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