Política Eleições 2018

Carta de Lula e elogios de aliados dão o tom de debate paralelo do PT

Em transmissão nas redes sociais, lideranças da campanha se debruçam sobre legado do ex-presidente
Gleisi Hoffmann e Fernando Haddad durante o #DebateComLula, transmitido nas redes sociais durante debate da Band Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação PT
Gleisi Hoffmann e Fernando Haddad durante o #DebateComLula, transmitido nas redes sociais durante debate da Band Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação PT

Impedido pela Justiça de participar da transmissão na TV Band nesta quinta-feira, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve um debate para chamar de seu. O PT organizou, nas redes socias, uma transmissão paralela à da emissora paulista, com as lideranças da campanha e divulgada pela hashtag #DebateComLula. Preso em Curitiba por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, Lula se fez presente através de uma carta, lida no início do debate, em que criticou o veto à sua participação na TV.

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A carta, assinada por Lula, lembrou que sua candidatura lidera as pesquisas de intenção de voto e avaliou que sua exclusão, por ordem judicial, viola a liberdade de imprensa, "impedindo que um veículo de comunicação cumpra seu dever de informar". No comunicado, Lula também insistiu que é inocente dos crimes pelos quais foi condenado.

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Debate em emissora é marcado por ausência de líderes partidários

"O nome disso é censura. Sou candidato porque não cometi nenhum crime e tenho compromisso com este povo que, em 2010, ao final de meu mandato, concedeu-me o maior índice de aprovação de um presidente na história deste país, com 87% de avaliação positiva", escreveu o ex-presidente.

Lula foi preso em abril após ser condenado em segunda instância no caso do triplex de Guarujá, a partir da Operação Lava Jato. O #DebateComLula teve a participação dos petistas Fernando Haddad, indicado a vice na chapa de Lula, Gleisi Hoffmann, presidente do partido, e José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras e coordenador da campanha. Também participou Manuela D'Ávila, que abriu mão de sua pré-candidatura pelo PC do B para ficar como eventual vice do PT, caso Lula não tenha candidatura homologada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e Haddad seja alçado à cabeça da chapa. Os quatro participantes do debate paralelo já foram investigados ou citados em delações no âmbito da Lava-Jato.

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Além da carta, o debate paralelo do PT exibiu vídeos com entrevistas e pronunciamentos recentes de Lula — que também está proibido pela Justiça de dar entrevistas atualmente. Na maior parte da transmissão, os participantes citaram realizações de Lula como presidente em áreas como saúde, educação e geração de empregos.

— O povo se deu conta de que Lula só está preso porque ia ganhar a eleição — afirmou Manuela.

Numa das poucas referências diretas ao debate da Band, Haddad referiu-se a Jair Bolsonaro em tom de ironia após uma declaração do candidato do PSL sobre o desemprego ("As pessoas têm que optar pelo emprego ou pela reforma trabalhista").

— Com o Bolsonaro existe uma dificuldade de comunicação. Ele sempre remete para um economista (Paulo Guedes) as respostas sobre economia - disse Haddad.

Geraldo Alckmin, candidato pelo PSDB, também foi ironizado no debate do PT.

— Ele falou aí no debate que vai fazer com o Brasil o que fez com São Paulo. Fiquei apavorada — riu Manuela.

Gleisi Hoffmann chegou ao debate quase 40 minutos de seu início. A presidente do PT quis registrar o ato feito por militantes pró-Lula nos arredores da Band, em protesto por sua exclusão do debate na TV, e por isso não participou do início da transmissão paralela.

— Fomos lá para protestar. Por que não deixaram o Lula estar lá debatendo? Será que está legítimo debater assim, sem colocar quem está à frente nas pesquisas? — questionou Gleisi.

Durante a transmissão, os participantes celebraram a vaquinha da pré-campanha de Lula, que ultrapassou R$ 500 mil em doações online. A meta foi alcançada ao longo do debate.