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Política Bolsonaro

Aliado de Bolsonaro promete cortar 20 mil cargos no Poder Executivo 'no primeiro dia'

Onyx Lorenzoni foi anunciado pelo candidato do PSL como seu futuro chefe da Casa Civil
O deputado federal Onyx Lorenzoni, cotado para ser ministro da Casa Civil de Bolsonaro Foto: Marcelo Theobald / Agência O Globo
O deputado federal Onyx Lorenzoni, cotado para ser ministro da Casa Civil de Bolsonaro Foto: Marcelo Theobald / Agência O Globo

RIO — A dez dias do segundo turno e já oficializado como futuro ministro-chefe da Casa Civil de um eventual governo de Jair Bolsonaro (PSL), o deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS) defende uma drástica redução de cargos de confiança e em comissão, como uma das medidas prioritárias para desinchar o Estado.

Ao GLOBO, o parlamentar gaúcho, que se projetou como articulador político do capitão da reserva do Exército, propôs extinguir 25 mil deles logo “no primeiro dia” de governo. O número, no entanto, é superior aos atuais 23.070 cargos comissionados do Poder Executivo, segundo dados do Ministério do Planejamento relativos ao mês de agosto.

Informado, depois, pela reportagem, de que sua promessa excedia o número de cargos existentes, ele deu um novo número, de 20 mil, como meta de cortes.

— Hoje são quase 30 mil cargos em comissão. Eu propus que sejam extintos 25 mil no primeiro dia, assim como todo e qualquer privilégio, cartão corporativo, acabar tudo — disse Lorenzoni, antes de a ser alertado de que este número é maior do que o informado pelo governo — Então, pode dizer que o corte será de 20 mil. Os números exatos só conheceremos na transição — corrigiu-se, mais tarde.

Onyx não detalhou como fazer o corte sem paralisar a maquina pública. Os atuais 23.070 cargos comissionados incluem DAS (Direção e Assessoramento Superior) e também FCPE (Funções Comissionadas do Poder Executivo), que só podem ser exercidos por servidores concursados. Em 2017, o governo fez uma reforma administrativa na qual foram extintos 4.184 cargos comissionados, o que gerou uma economia de R$ 193,5 milhões para os cofres públicos.

Segundo o ministeriável, a proposta faz parte de um pacote a ser adotado em um possível governo Bolsonaro para aplicar o que eles têm chamado do “plano de governo conceitual”, sem propostas concretas, mas com linhas gerais que devem nortear o Executivo.

— Ele vai ser o presidente diferente e vai governar o pelo exemplo. Ele é o primeiro que vai reduzir o seu próprio poder. O plano de governo dele é conceitual — disse o parlamentar.

Embora diga que só começará a atuar após a eleição, Lorenzoni já atua nos bastidores para construir a base do governo Bolsonaro no Congresso. Oficialmente, recusa-se a responder se apoiará o colega de legenda Rodrigo Maia para presidente da Câmara, como vem sendo defendido por partidos do Centrão. O articulador político de Bolsonaro promete negociar com todas as legendas menos as de esquerda.

Apesar de ter admitido ter recebido irregularmente R$ 100 mil da JBS para a campanha, no ano passado, Lorenzoni afirma que o governo colocará em prática as dez medidas contra a corrupção e reforçará a atuação do Ministério Público e do Judiciário. No braço direito, tem tatuado o versículo bíblico que se tornou slogans de Bolsonaro: “E conhecereis a verdade e a verdade vós libertará”. Segundo ele, não se trata de marketing:

— Entre carregar uma mancha e ter uma cicatriz, eu escolhi ter uma cicatriz. Eu errei como qualquer ser humano, pedi desculpa.