Política

MPF pede condenação de filhos de Maluf por corrupção e lavagem de dinheiro

Caso é o mesmo que levou à condenação do deputado federal pelo STF
Ex-prefeito Paulo Maluf é condenada a prisão na França Foto: Ailton de Freitas / Agência O Globo
Ex-prefeito Paulo Maluf é condenada a prisão na França Foto: Ailton de Freitas / Agência O Globo

SÃO PAULO — O Ministério Público Federal de São Paulo pediu a condenação de cinco réus ligados ao deputado federal Paulo Maluf (PP-SP), incluindo seus três filhos, por sua suposta participação em um esquema de corrupção para a construção da Avenida Água Espraiada , atual Avenida Jornalista Roberto Marinho.

De acordo com os procuradores, a obra, sob responsabilidade das empreiteiras Mendes Junior e OAS, custou R$ 796 milhões, o triplo do necessário. O deputado federal foi condenado em maio deste ano pelo mesmo crime no Supremo Tribunal Federal — por ser deputado, Maluf tem foro privilegiado e foi julgado pelos onze ministros do STF — a uma sentença de sete anos, nove meses de dez dias de prisão em regime fechado, mas ainda cabem recursos e, por isso, Maluf recorre em liberdade e ainda exerce seu mandato na Câmara dos Deputados.

Entre a denúncia, em 2006, e a condenação do deputado, se passaram 11 anos. Entre os réus que respondem o processo na Justiça Federal de São Paulo estão dois filhos, Fláivio Maluf, Ligia Maluf Curi e Lina Maria Alves da Silva, além da ex-nora Jacqueline de Lourdes Coutinho Torres e a doleira Myrian Haber.

O esquema de corrupção, segundo o MPF, envolveu a abertura de contas ligadas a empresas sediadas no exterior (offshores), em paraísos fiscais como Ilha de Jersey e Ilhas Virgens Britânicas (países que permitem transações financeiras sem a identificação dos envolvidos e com cobrança baixa ou nula de impostos). Os valores desviados eram transferidos a contas ligadas às offshores.

As empresas sediadas no exterior também abriam contas em Nova York, para dificultar seu rastreamento. Para repatriar os valores mantidos no exterior, as empresas compravam títulos de empresas ligadas à família Maluf no Brasil, como a Eucatex. As movimentações ocorreram entre 1997 e 1998.

"Com efeito, tornou-se evidente a existência de uma articulação criminosa engendrada pelos ora denunciados, voltada à ocultação e dissimulação dos valores oriundos de fontes ilícitas (delitos antecedentes), por meio da utilização de offshores, movimentações financeiras vultosas efetivadas pela modalidade “dólar-cabo”, com valores pulverizados em diversas contas bancárias e fundos de investimentos no exterior", pediram os procuradores.