07/05/2013 07h15 - Atualizado em 07/05/2013 07h15

Aborto espontâneo atinge até 20% das gestações até a 22ª semana

Consultora de beleza de Itapetininga, SP, comenta sobre a experiência.
Na maioria das vezes mulheres não sentem a perda, dizem especialistas.

Do G1 Itapetininga e Região

A interrupção da gravidez é um problema mais comum do que se pode imaginar. Não há dados divulgados sobre o caso, porém especialistas (ginecologistas e obstetras) estimam que o aborto espontâneo atinja cerca de 15% a 20% das gestações até a 22ª semana.

Em Itapetininga (SP), uma consultora de beleza sofreu com o aborto espontâneo durante sua segunda gravidez. Já mãe de um filho de três anos, Ana Claúdia Almeida, havia decidido com o marido que era a hora de aumentar a família. Durante o primeiro mês de gestação porém, ela percebeu que algo estava errado “Eu senti os atrasos, eu senti dores, fiquei uma semana com dor”, conta.

Contudo, apesar das dores e do sangramento a confirmação da perda do embrião veio sete dias depois dos primeiros sintomas. Almeida conta que quando passou mal, foi para o hospital onde os exames foram realizados. “Eu comecei a ter o sangramento em casa, aí fui no banho e pro hospital. Nesse tempo do banho eu não sei se perdi em casa, pois quando eu fui no hospital a placenta não apareceu”, afirma.

Mas o caso de Almeida é uma exceção, pois na maioria dos casos de aborto espontâneo, a mulher sofre a interrupção da gravidez sem nem saber. Estudos indicam que até 50% fertilizados sejam perdidos nos estágios iniciais da gravidez e mais de 80% dos abortos espontâneos ocorrem antes das 13 primeiras semanas.

O médico ginecologista Roberto Nacco explica que a interrupção é dividida em precoce e tardia. “O abortamento precoce acontece até 12ª semana, enquanto o tardio acontece da 15ª a 22ª. O abortamento seria então a eliminação de uma gravidez, agora o espontâneo ocorre por causas naturais”, diz.

Nacco conta também que diversos fatores podem causa a interrupção. No caso de Almeida, por exemplo, pode ter ocorrido pelo esforço grande que ela havia feito ao carregar um objeto pesado. Mas existem, segundo o médico, outros fatores que contribuem para interrupção da gravidez. “Até 12, 13 semanas podem ser causas infeccionais, causas genéticas ou autoagressão, que seriam imunológicas. No segundo período, que seria o abortamento tardio, seriam causas mais ligadas a infecções ou problemas do útero”, explica.

Por este motivo, o especialista indica que um médico deve ser procurado para acompanhar a gravidez antes, durante e depois da gestação. Ele precisa estar avaliando a paciente para que ele adote alguns cuidados nas complicações. Em alguns casos de aborto, por exemplo, é possível fazer o fechamento do colo do útero para que o órgão aguente a gestação.

E mesmo se o aborto acontecer, é preciso que a mulher procure ajuda, faça exames médicos e só depois de três ou quatro meses tente engravidar novamente. “Apesar de ser espontâneo, ele pode ser completo ou incompleto, então de repente ele elimina e deixa um resto de placenta que fica dentro do útero e isso pode ser perigoso, pode provocar infecções, hemorragias, então precisa dar procedimento, fazer ultrassom alguns exames, comprovar que não há nada que possa complicar”, ressalta Nacco.

Recomendações psicológicas
Especialistas também afirmam que não é somente o corpo que sente a dor da perda de um bebê. Muitas vezes o fator psicológico exige atenção das mulheres e da sua família. A Viviane Cristina dos Santos diz que um dos sintomas comuns nestes casos são o isolamento. “Podem ser sintomas comportamentais ou físicos, como não conseguir dormir, sentir um vazio. É comum casos de mães tristes que se isolam, mas a família deve  observar se isso prossegue por mais de quatro semanas e procurar a ajuda de um profissional.  É bom procurar a ajuda de um psicólogo”, conta.

Programar uma nova gravidez para remediar uma perda não é recomendado. A psicóloga explica que o sentimento ruim em uma nova gestação pode prejudicar o período.“Muitas mães querem engravidar logo porque ela não consegue aceitar essa perda, e acha que uma nova gravidez pode suprir essa sensação. Na verdade, é preciso se preparar emocionalmente para uma nova gravidez".

Médico ginecologista Roberto Nacco explica que o aborto pode acontecer por diversos motivos (Foto: Reprodução/TV TEM)Ginecologista Roberto Nacco diz que aborto pode acontecer por diversos motivos (Foto: Reprodução/TV TEM)
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