Política

Lula desafia PF e juiz Sérgio Moro em discurso durante congresso do PCdoB

Ex-presidente afirmou não ter os R$ 24 milhões que o MPF pediu para a Justiça bloquear
BRASIL - Brasília - BSB - PA - 19/11/2017 - Congresso do PCdoB em Brasília.Lula participa do congresso ao lado da candidata a Presidência da República pelo PCdoB, Manuela D'Ávila Foto de Jorge William /Agência O Globo Foto: Jorge William / Agência O Globo
BRASIL - Brasília - BSB - PA - 19/11/2017 - Congresso do PCdoB em Brasília.Lula participa do congresso ao lado da candidata a Presidência da República pelo PCdoB, Manuela D'Ávila Foto de Jorge William /Agência O Globo Foto: Jorge William / Agência O Globo

BRASÍLIA  — Ao participar do 14º Congresso do PCdoB , neste domingo, o ex-presidente Lula desafiou o Ministério Público , a Polícia Federal e o juiz Sérgio Moro a provar que ele tem um patrimônio de R$ 24 milhões. A fala é uma resposta ao pedido de bloqueio de R$ 23,9 milhões de Lula e do seu filho caçula, Luis Cláudio, feito pelo Ministério Público Federal à Justiça Federal no âmbito da operação Zelotes na última quinta-feira. Na ação, o ex-presidente é investigado por suposto tráfico de influência. Durante o evento do PCdoB, ele disse, ainda, que não será "difícil" vencer a eleição presidencial de 2018, reclamou da perda de força de mobilização da esquerda e apoiou a pré-candidatura de Manuela D'Ávila (PCdoB) à Presidência .

— Agora mesmo um cidadão que não sei quem é, porque são sempre anônimos, apresentou um pedido de bloqueio de R$ 24 milhões meus. Esse cidadão deveria ter a decência de dizer onde tenho R$ 24 milhões. Porque eles já me condenaram por um apartamento que o próprio juiz disse que não é meu. Eles mentiram. Estou desafiando os procuradores, a PF, o Moro a provar um real na minha vida que não seja legal. Não tenho rabo para prender — disse Lula, acrescentando: —  Quando a PF acha dinheiro na casa de alguém, eles colocam na televisão. Agora, quando entram na minha casa, abrem minha televisão, levantam o colchão da minha casa e não encontram nada, esses sacanas deveriam chamar a imprensa e pedir desculpas.

Em um discurso de quase 40 minutos, Lula acusou o governo do presidente Michel Temer de fazer um "desmonte" das leis trabalhistas e de fazer "tudo que o mercado quer". Ele alertou que, se não houver mobilização, o governo Temer e o Congresso aprovarão a reforma da Previdência. Lula também voltou a defender a regulação dos meios de comunicação e disse que não quer fazer censura.

— Éramos contra o impeachment, e ele aconteceu. Éramos contra a reforma trabalhista, e ela aconteceu. E agora a Previdência. Se não tomarmos cuidado, ela vai acontecer. Mas, quando esse governo é fraco e a fraqueza dele faz com que ele se submeta aos interesses do mercado e faz tudo que ele quer, o Congresso consegue aprovar numa rapidez que nunca vi. Eles sempre disseram que era preciso desmontar a CLT, sempre disseram. Vocês já sabem que a gente está voltando quase à escravidão. Estamos fragilizados na luta para evitar (isso). Os congressistas que estão votando para desmontar não têm compromisso conosco  — afirmou ele.
Apesar de todas as denúncias contra o PT no mensalão e na Lava-Jato, Lula disse que o partido tem um legado a oferecer em 2018.

— Não acho difícil vencer essas eleições. Tem mais credibilidade quem tem legado para defender. E o PT e o PCdoB têm legado para defender — cravou.
Em relação à candidatura de Manuela D'Ávila, o petista disse que é direito da sigla querer lançar um candidato próprio e pediu união entre as legendas de esquerda, afirmando que se precisar eles irão "juntos para a rua". Lula não poupou Bolsonaro, e disse que o candidato é mais do que "extrema direita".


— Tem gente que reclama e fala que sou de extrema esquerda, que o Bolsonaro é de extrema direita e diz que o Brasil precisa encontrar um meio-termo. Que a Manuela seja esse caminho do meio.