• Priscilla Geremias
Atualizado em
Slam das Minas e LAB fazem parceira para lançar coleção cápsula (Foto: Divulgação)

Slam das Minas e LAB fazem parceira para lançar coleção cápsula (Foto: Divulgação)

O Slam das Minas é uma rede de poesia e resistência. O grupo feito por mulheres tem como cerne a batalha de poesia, que traz à tona temas como machismo, racismo e homofobia.
Sendo um dos grupos mais representativos do país, o Slam das Minas lança em outubro uma coleção cápsula com a LAB, grife dos irmãos Fioti e Emicida. Em conversa com a Marie Claire, o coletivo conta que o objetivo foi traduzir o desabafo contra o patriarcado para o streetwear.

Marie Claire já ouviu o som e viu com exclusividade a coleção que é composta por camiseta, cropped, calça de moletom, t-shirt dress, body e boné.

Palavra Como Proteção
Tudo começou durante uma conversa informal de Fioti com Pam Araújo, Jade, Luz, Mel Duarte e Carol Peixoto, responsáveis pelo coletivo. “Inicialmente a gente queria fazer um clipe e conversando com o Evandro [Fioti] ele perguntou se já havíamos pensado em algo relacionado com moda. E claro que já! É uma coisa que nós gostamos, ficamos felizes e começamos a pensar em algo que fosse a cara do Slam, a cara de todas as meninas”, contam.

Em 2017, o Slam já tinha feito pequena parceria com a LAB. “Já temos nossas camisetas e só pensávamos nisso, mas quando surgiu a ideia da coleção foi demais. Ficamos sabendo em agosto e sentamos para pensar nesse conceito e quais seriam as peças, dentro do que a LAB já oferece, soubemos deles o que seria vendável e o que agradaria os dois públicos: o da LAB e a galera que vai ao Slam. Além do público em comum, que gosta de rap e poesia”, explicam.

E ainda completa: “A união disse tudo dá uma colab que a multiplicidade é contemplada, para nós é muito gratificante, admiramos o Emicida e os artistas da LAB, são daqueles sonhos que a gente nunca imaginou e de repente rola, com versos que a gente acredita e que vão vestir outros corpos, dá para acreditar que é uma faísca de revolução.”

Com o nome Palavra Como Proteção, a coleção ganhou uma música e videoclipe  (Foto: Divulgação)

Com o nome Palavra Como Proteção, a coleção ganhou uma música e videoclipe (Foto: Divulgação)

Fioti explica que a intenção da parceria é trazer nomes diferentes para o mundo da moda. "O Slam das Minas dialoga com a postura da LAB e "com o que a gente acredita que deva ser falado na indústria cultural. A gente pensou nas cinergias da marca, dialoga com nosso público e com o que a gente acredita que tem que ser falado nesse momento".

A coleção
As peças foram pensadas de acordo com o gosto e estilo das meninas do Slam com a ajuda de Dani Gábriél, gerente de Projetos de Desenvolvimento de Produto e Produção da Laboratório Fantasma.

“A gente sempre se preocupou com as roupas que vamos usar nas batalhas, tentamos combinar as cores, estamos sempre em busca de parceiros. As peças que já fizemos do Slam venderam bem e as pessoas gostaram muito. Mas temos dificuldade em fazer as roupas, tudo é muito caro. Essa foi a oportunidade, achar alguém com a nossa cara, que nos identificamos e com conhecimento para fazer uma coleção. Viramos designer da noite para o dia, sentamos juntas e saímos com toda a ideia do que queríamos”, conta o Slam.

Com a maioria das peças para as mulheres, a coleção Palavra Como Proteção também contempla algumas peças unissex e tamanhos grandes. Na cartela, predominam as cores do coletivo: preto, branco e vermelho. Os preços seguem o catálogo da LAB e serão vendidas no e-commerce da marca. "Serão poucas peças na coleção. É um tiro, eles estão apostando na gente e se der certo vamos voltar com outra coleção. Já estamos com outras ideias”, conta o grupo.

Slam das Minas e LAB fazem parceira para lançar coleção cápsula (Foto: Divulgação)

Slam das Minas e LAB fazem parceira para lançar coleção cápsula (Foto: Divulgação)

Nas peças estão estampadas o Manifesta do Slam das Minas. “É um manifesto que sempre abre a batalha, então trouxemos isso para as roupas. Principalmente a reflexão sobre a palavra poetisa. "Poeta já é uma palavra feminina e se ela já é uma palavra feminina não precisamos de poetisa, antigamente também poetisa era a mulher do poeta. Não queremos ser a mulher do poeta, nós somos poeta. Então queríamos trazer isso nas peças para abrir um diálogo”, explicam.

“O nome da coleção foi bem difícil escolher, o ato de escrever, mulheres escrevendo e fazendo eventos como a palavra como o principal é o mote, nossa proteção e questão espiritual é presente na vida de todas. A palavra é nosso sustento, é nosso alimento, ela está na nossa frente. Se você vai fazer uma oração, você coloca palavras antes como em palavras, é proteção”.

Poesia que virou música

Para celebrar esse lançamento, Drik Barbosa, cantora e rapper da Laboratório Fantasma, e o Slam das Minas gravaram uma música juntas, que será lançada com videoclipe no dia 6 de outubro. O grupo conta que foi um desafio transformar suas rimas em música, que leva o mesmo o nome de Trincheira #ElasSim.

“A gente escreve quando a inspiração vem, então escrever sob ‘encomenda’ um tema é difícil. Foi um desafio, mas um desafio muito feliz, cada uma conseguiu abordar e explorar bem o tema de um jeito individual. Também participamos de toda a composição musical, do arranjo, demos palpite nos instrumentos que queríamos que tivesse. A música não tem um estilo único, tentamos trazer vários elementos, mas também trazer uma unidade para o som”, conta o Slam.

Toda a produção da música foi feita no próprio estúdio da LAB com os produtores Feijuca e Grou. “Para nós, que somos iniciantes, foi bem incrível esse processo e tivemos a ajuda da Drik. A gente já queria ela para algum projeto. Na final do Slam sempre trazemos um pocket e essa era a ideia inicial sair da reunião da LAB com um show dela”, conta o grupo. A rapper fará a abertura da batalha final no dia 6 de outubro no Sesc Parque Dom Pedro.

O coletivo conta que foi um sonho o dia da gravação, “a maioria das meninas nunca tinha entrada em um estúdio para saber como fazer, recitar é muito diferente de cantar, dá um nervosismo e foi uma noite maravilhosa. Quando a primeira versão da música chegou a gente chorou muito, estava cru, mas só de ouvir como ficaria foi emocionante É muito louco e bonito ver que sua poesia ganha forma de outro jeito, quando eu vi que virou uma música é como se a força tivesse triplicado.”

Drik diz que ficou feliz com o convite, “eu já admiro as meninas e todo o corre do Slam, me identifico, porque eu também faço poesia, a potência que é o Slam das Minas e a LAB é ótima, para o público também é especial de saber que tem essa parceria entre a gente. A gente se identifica com as vivências, é incrível ver essa potência em forma de roupa, ter mensagens fortes e verdadeiras sobre a mulher e incrível.”

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