• Por Aline Melo com Stéphanie Durante
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LIVING| Móvel do bar desenhado pelo escritório TT Interiores e executado pela Florense. Ao lado do volume do bar, um armário tem as portas escondidas que podem ser abertas apenas com um toque. Papel de parede da Bucalo (Foto: Renato Navarro/ Divulgação)

LIVING| Móvel do bar desenhado pelo escritório TT Interiores e executado pela Florense. Ao lado do volume do bar, um armário tem as portas escondidas que podem ser abertas apenas com um toque. Papel de parede da Bucalo (Foto: Renato Navarro/ Divulgação)

Elas podem até passar despercebidas, mas são as maiores responsáveis pela boa circulação em uma residência e podem render uma entrada de impacto. Já sabe do que estamos falando? A escolha das portas é um passo importante em qualquer projeto e, para ajudá-lo nessa empreitada, consultamos especialistas e elaboramos um guia completo, com modelos, materiais, tamanhos e recomendações de manutenção e faxina. Confira a seguir!

MODELOS
A principal vantagem de ter tantos modelos de porta disponíveis no mercado é que eles podem se adequar a cada necessidade, vão de abertura ou ambiente. A arquiteta Isadora Araújo, do escritório PanaPaná Estudio de Projetos, apresenta os modelos mais comuns.

1. Tradicional: São as portas de passagem mais comuns, com abertura em uma folha. Adequam-se a qualquer tipo de projeto, são econômicas, facilmente encontradas à pronta-entrega e vedam bem a passagem de som, mas têm dimensões limitadas. Indicadas para locais de passagem habitual, como a entrada de dormitórios e banheiros.

2. Porta-balcão: Também conhecida como francesa, tem inspiração clássica e abertura em duas folhas. É muito utilizada em varandas e em combinações com mais de um tipo de folha.

3. Holandesa: Assim como a francesa, possui abertura em duas folhas. No entanto, esta abertura divide a porta transversalmente, geralmente, ao meio. É ideal para controlar o acesso de animais de estimação.

4. Pivotante: Estruturada sobre um pino-pivô, possui uma maior amplitude de giro, projetando parte de seu corpo para fora e permitindo que vãos mais largos sejam atendidos. Tem grande apelo estético e, por isso, costuma ser utilizada nas portas de entrada. Feita sob medida, tem um custo mais elevado.

5. Camarão: A porta camarão é aquela que dobra longitudinalmente ao abrir, economizando espaço. Indicada para ambientes menores, ela não compromete a circulação, mas também não veda tão bem o som e pode ser pouco prática de manusear.

6. Sanfonada: Assim como a porta camarão, a porta sanfonada dobra longitudinalmente ao abrir, mas por ter mais dobras, fica contida no espaço do vão, equivalente à largura do batente. Dessa forma, economiza ainda mais espaço, mas também não veda tão bem o som e costuma ter acabamentos pouco interessantes.

7. De correr: Ideal para a abertura de grandes vãos, as folhas deslizam sobre um trilho integrando espaços com maestria. Quanto mais larga for a folha, maior pode ser a falta de praticidade no dia-a-dia. Apesar de muito versátil, a porta de correr não é recomendada para todos os tipos de ambiente, já que não costuma vedar bem a passagem de som e precisa ser bem calculada para não ficar muito pesada e perder funcionalidade. Dica importante: não economize nas ferragens.

8. Veneziana: Permite ventilação do ambiente interno ao mesmo tempo que escurece o ambiente e o protege da chuva. Por outro lado, não veda bem o som.

9. Vai-e-vem: Facilita o acesso pois, geralmente, não possui maçaneta e é utilizada desde a saída de cozinhas em restaurantes à entradas de centros cirúrgicos. Dependendo do uso, aconselha-se a instalação de uma escotilha de vidro para evitar acidentes.

10. Basculante: Com abertura no sentido vertical, são comuns nas portas de armários da cozinha e do banheiro, por exemplo. “Fique atento à altura de instalação para que consiga abrir e fechar a estrutura com facilidade”, recomenda a arquiteta.

Cozinha | Porta de serralheria e vidro desenhada pela arquiteta Marina Carvalho e executada pela Carvalho e Carvalho Serralheria  (Foto: Evelyn Müller/Divulgação)

Cozinha | Porta de serralheria e vidro desenhada pela arquiteta Marina Carvalho e executada pela Carvalho e Carvalho Serralheria (Foto: Evelyn Müller/Divulgação)

MATERIAL
Ainda que a madeira seja um consenso na maioria das casas brasileiras, um mesmo projeto pode ter portas em diferentes materiais, conforme a necessidade de cada situação ou ambiente. Confira a seguir as principais características de cada uma das opções:

1. Madeira: As portas de madeira podem ser lisas ou trabalhadas, ter diferentes tonalidades ou, ainda, receber algumas demãos de tinta. São facilmente encontradas à pronta-entrega, mas demandam certa manutenção.

2. MDF: Como um material derivado, o MDF apresenta benefícios similares e um custo menor em comparação às portas de madeira.

3. Ferro: Apresentam resistência, segurança e preço acessível, mas a manutenção da pintura é essencial para sua conservação, garantindo que não enferrujem, principalmente quando expostas à água. Como são pesadas, é necessário investir em boas ferragens e dobradiças.

4. Aço: Assim como o ferro, as portas deste material apresentam resistência e segurança, mas maior leveza e flexibilidade. Para a conservação, vale a mesma máxima de manutenção da pintura.

5. PVC: Ideal para banheiros e outras áreas molhadas, reduz o risco de estufamento ao lavar o piso. De manutenção simples, basta manter a limpeza com regularidade utilizando água e sabão neutro para evitar o amarelamento.

6. Vidro: Traz leveza visual e iluminação natural, mas é importante considerar a intensidade de uso, sua fragilidade e a ausência ou não de esquadrias. “Para sua segurança, prefira vidros que possam ser temperados, como pontilhado, antílope e martelado no caso dos decorados, ou laminados em box”, sugere Isadora. Para uma boa acústica, é necessário utilizar vidros duplos.

7. Alumínio: As portas de alumínio têm como vantagem sua durabilidade. Não se deterioram com facilidade, nem enferrujam. Além disso, o alumínio é leve e você pode escolher a cor que desejar. “Porém, é necessário analisar se o alumínio irá corresponder à sua proposta de projeto arquitetônico ou decoração”, aconselha a arquiteta Isabela Nalon.

8. ACM: As placas de alumínio composto (ACM) são formadas por dois lados de alumínio sobre um núcleo de polietileno de baixa densidade. São frequentemente utilizadas como revestimento de fachadas, por serem resistentes ao uso externo. Entre suas principais vantagens estão leveza, flexibilidade de trabalho, durabilidade e capacidade de atender grandes vãos. Com água e sabão neutro é possível mantê-lo como novo por um longo período.

Receber | As portas ficam disfarçadas na marcenaria que reveste as paredes principais do apartamento. No hall de entrada, um papel de parede já recebe os convidados em um clima jovial (Foto: Mariana Orsi/ Divulgação)

Receber | As portas ficam disfarçadas na marcenaria que reveste as paredes principais do apartamento. No hall de entrada, um papel de parede já recebe os convidados em um clima jovial (Foto: Mariana Orsi/ Divulgação)

TAMANHO
Uma porta tradicional costuma ter 2,10 m de altura e a largura varia de 60 a 90 cm, sempre de  10 em 10 cm. Essas são as dimensões comuns encontradas à pronta-entrega no mercado. “Existem não só portas, como kits completos com porta, guarnições e batentes à venda nas grandes lojas de materiais de construção e especializadas”, afirma Isadora. Já os modelos pivotantes são encontrados a partir de 1,10 m de largura. Na maioria dos projetos, as portas são feitas sob medida.

MANUTENÇÃO E LIMPEZA
Cada material e ambiente terá sua especificidade de manutenção, mas a limpeza de rotina, com um pano úmido, deve ser encaixada no cronograma de faxina da casa, com uma higienização mensal mais intensa. Dobradiças, fechaduras e roldanas devem ser lubrificadas periodicamente, ao notar necessidade. A arquiteta Isabela Nalon destaca os cuidados específicos com os três materiais mais comuns.

1. Madeira: Para evitar ressecamento e rachadura, deve-se lixar a porta por completo. Depois de limpar a superfície lixada, aplique um selador para fechar os poros da madeira. Em seguida, aplique de 3 a 5 mãos de um impermeabilizante (verniz ou tinta). Alguns fabricantes já vendem a porta com todo este acabamento feito, então, vale verificar. A manutenção da pintura/verniz deve ser feita a cada 2 anos em casos de pouca exposição, como em ambientes internos, e a cada seis meses quando o produto fica mais exposto a intempéries climáticas, por exemplo.

Na limpeza específica, é indicado o uso de espanador ou pano macio. Para as portas pintadas, em especial as brancas, o melhor é optar por um detergente líquido neutro incolor diluído com água, que deve ser passado pela superfície da porta com uma esponja úmida.

2. Alumínio: Uma das principais características do alumínio é a durabilidade, mas são necessários alguns cuidados para sua preservação, a fim de evitar que a poeira e outros tipos de sujeira se acumulem na superfície e o danifiquem. Fatores como limpeza, pintura e lubrificação de todas as articulações e roldanas de portas necessitam de uma atenção especial. Se necessário, é possível trocar roldanas, escovas de vedação, fechaduras e dobradiças que estejam fora de seu estado ideal de funcionamento.

Produtos químicos, como removedor, são totalmente proibidos na limpeza das esquadrias de alumínio. A limpeza deve ser feita somente com detergente e água. Não use fórmulas de detergentes com saponáceos, esponjas de aço ou qualquer outro material abrasivo, nem produtos ácidos ou alcalinos. Sua aplicação poderá manchar a anodização e tornar a pintura opaca.

3. Vidro: O cuidado essencial com o vidro é a prevenção, por isso é preciso prestar atenção na escolha do tipo e espessura corretas. Se o vidro será comum, temperado ou laminado é uma decisão a ser feita em conjunto com o arquiteto e o fornecedor de vidros, dentro das normas que irão atender o projeto.

Para fazer uma limpeza básica, é indicado um pano de algodão úmido com detergente neutro. Depois, seque com outro pano de algodão para evitar manchas. Caso a superfície apresente manchas, faça uma mistura de detergente neutro e vinagre branco nas mesmas proporções, aplique-a no vidro com uma esponja, sem fazer força, e enxágue. Não use produtos como ácido, álcool, cera, desinfetante ou removedor para limpar a porta de vidro, pois eles podem corroer o material e prejudicar sua transparência.

Fachada | A porta de entrada, com vidros nas laterais, é emoldurada por bambus hachikus com forração de evólvulos. O muro é formado por pedras Moledo (Foto: Fotos Leonardo Finotti e Luis Gomes)

Fachada | A porta de entrada, com vidros nas laterais, é emoldurada por bambus hachikus com forração de evólvulos. O muro é formado por pedras Moledo (Foto: Fotos Leonardo Finotti e Luis Gomes)

PORTA DE ENTRADA
"A porta de entrada de uma residência é como um cartão de visita. Na maioria das vezes, elas já denunciam o estilo do morador e da decoração que encontraremos no interior. Por isso, vale a pena investir neste item”, explica a designer de interiores Simone Goltcher. É interessante que esta porta tenha algum tipo de destaque ou um diferencial em relação às demais. Para além da estética, é necessário considerar que ela é um elemento de segurança da casa.

ACESSIBILIDADE
Pensando na acessibilidade, a largura da porta deve ser suficiente para a passagem de um cadeirante, com pelo menos 80 cm de vão. “Outro item que pode gerar desconforto é a maçaneta redonda, que exige um maior movimento de pulso e firmeza nas mãos para ser aberta, podendo ser uma barreira não só para idosos, mas para qualquer pessoa com leves limitações físicas. Dê preferência às maçanetas do tipo alavanca”, aconselha Isadora.

MOLA AÉREA
A mola aérea serve para fechar portas de maneira independente, com suavidade e sem ruídos, mantendo um ambiente sempre fechado quando é necessário o isolamento físico, acústico ou de odores. São importantes em portas do tipo basculante e quando se faz necessário abrir a porta sem o uso das mãos. “A mola aérea também é muito utilizada em portas de emergência, reduzindo a propagação de fumaça e retardando a propagação do fogo em caso de incêndio”, destaca Isadora.

CORRETOR | Porta de acesso ao dormitório da Aeroportas, portas de correr em marcenaria da Casa Atual (Foto: Maura Mello/ Divulgação)

CORRETOR | Porta de acesso ao dormitório da Aeroportas, portas de correr em marcenaria da Casa Atual (Foto: Maura Mello/ Divulgação)


CUPINS
Preocupação exclusiva para quem tem portas de madeira, os cupins podem render uma bela dor de cabeça. Eles costumam aparecer nas estações mais quentes do ano ao entardecer, circulando as lâmpadas e, quando caem, soltam as asas e buscam um lugar para dar início ao seu ciclo. “A madeira estará vulnerável à ação desses insetos aos primeiros sinais de deterioração, então manutenção é a chave da prevenção”, explica Isadora.

Para evitá-los, a arquiteta Isabela Nalon aconselha comprar portas de madeira já tratadas, aplicar verniz ou tinta e fazer a manutenção regularmente. “No caso de portas feitas sob medida, escolha madeiras que são mais resistentes ao ataque desse inseto. Mas não deixe de tratar essa madeira também”, recomenda.

VISOR NA PORTA
Além de uma escolha estética, o visor na porta é fundamental quando há a necessidade de comunicação entre dois ambientes. É altamente aconselhável que as portas vai-e-vem tenham uma escotilha de vidro para evitar acidentes, como abrir a porta sobre outra pessoa, por exemplo. Em portas de entrada, o visor pequeno, conhecido como o olho mágico, é um item extra de segurança ainda válido.