• Rennan A. Julio
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Sucessão familiar: como fazer a transição de gestão na sua empresa  (Foto: Reprodução/Pexel)

Sucessão familiar: como fazer a transição de gestão na sua empresa (Foto: Reprodução/Pexel)

Quem empreende em família vive com uma pulga atrás da orelha: como preparar a próxima geração para assumir o meu negócio? Importante questão nas pequenas e médias empresas familiares, a sucessão começa a ganhar ainda mais importância dentro do mundo dos negócios. Afinal, cuidar de uma empresa com os seus parentes não é uma missão simples.

Para falar sobre isso, a Fundação Dom Cabral realizou em São Paulo, nesta quarta-feira, 22 de agosto, o evento Médias Empresas em Foco, que contou com a participação de Elismar Álvares, professora em programas de governança com mais de 20 anos de experiência.

A especialista também é escritora do livro Governando a empresa familiar, sobre governança corporativa. Na sua palestra, deu dicas aos empreendedores que hoje dividem a gestão dos seus negócios com familiares. Segundo Elismar, família é um “ativo intangível”. “Não é algo que se compra, são valores que se constroem. Tem gente no mundo que pagaria qualquer preço para um ativo como esse”, afirma.

Elismar Álvares, professor e especialista em governança corporativa (Foto: Divulgação)

Elismar Álvares, professor e especialista em governança corporativa (Foto: Divulgação)

No entanto, nem sempre as relações são fáceis. Pelo contrário, em muitos casos a falta de profissionalização se torna um problema. “Parentes ocupando cargos que não merecem, salários supervalorizados para certos membros e até extrema competitividade são questões comuns nas empresas familiares.”

Uma saída para o negócio não cair nesse ciclo é investir em governança, diz a especialista. “Não conheço outro instrumento que faça uma empresa perdurar sem ser a governança.”

Abaixo, confira dicas de governança para aplicar a sucessão familiar no seu negócio:

Invista na próxima geração

Para a especialista, investir na próxima geração é essencial. “Eduque, eduque, eduque!”. Segundo Elismar, por nascerem em famílias com rendas mais “sólidas”, muitos jovens demonstram desinteresse na ideia de dar sequência ao negócio. “Acho que há pouca ousadia na formação das novas gerações. Por isso, é importante investir na experiência das pessoas mais novas. Mais do que formação acadêmica, mas no dia a dia da companhia.”

Profissionalismo

Outro fator indispensável é garantir que somente pessoas qualificadas assumam o negócio. A especialista diz que quando presta consultorias para médias empresas, não tem medo de sugerir que empreendedores vendam a sua empresa se não há ninguém preparado para assumir. “Não pode ter dó ou prestar favor para ninguém. Se a pessoa não é boa o suficiente, ela não deve trabalhar na sua empresa.”

Mandatos e cargos

Para a professora, outro problema das empresas familiares são os longos mandatos. Na sua visão, empreendedores fundadores, às vezes, tardam para deixar o comando dos seus negócios. “Isso pode destruir o valor de uma empresa.” Outra questão é o cuidado com os cargos. Para Elismar, muitas pessoas acham que os cargos são “propriedade particular” dos familiares. “Tem muito caso de pai que passa o cargo para ninguém a não ser o primeiro filho. Isso está ultrapassado. Temos que progredir muito nesse sentido.”

Não persista com o erro

Se algo está errado, isso não quer dizer que não há solução. Antes de fazer a sucessão, Elismar sugere que o empreendedor procure cortar todas as más práticas de uma empresa familiar. “Não adiantar persistir com o erro. Se a sua empresa tem parentes que ganham mais ou trabalhando em vagas que não merecem, corte. E recomece na próxima geração.”