SÃO PAULO - Os recentes escândalos do Rio de Janeiro são o exemplo "mais visível" de corrupção sistêmica, na opinião do juiz Sergio Moro , responsável pela Operação Lava-Jato . Durante evento da Associação Nacional dos Procuradores Municipais (ANPM), na noite desta terça-feira, em Curitiba, o magistrado afirmou que o combate à corrupção não deve depender apenas no poder Judiciário.
— (O exemplo mais visível da corrupção sistêmica) se dá no Rio de Janeiro, onde se verificou, puxando o fio de investigação de contratos da Petrobras, um esquema mais complexo e abrangente — afirmou o juiz.
As declarações de Moro vão na mesma linha do que defendeu a procuradora-geral da República Raquel Dodge. Em ação enviada na terça-feira ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a decisão da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) de revogar a prisão dos deputados Jorge Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi, Dodge lembra a situação de "superlativa excepcionalidade" enfrentada pelo estado.
Para a procuradora, o “simples fato de a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, por ampla maioria, ignorar o quadro fático de crimes indica a anomalia e a excepcionalidade do quadro institucional vivido nesse momento, a exigir resposta imediata e firme do Supremo Tribunal Federal”.
Dodge acrescentou que a decisão do TRF é importante para “remediar a situação de descalabro institucional no Rio de Janeiro”. E que as prisões não poderiam ter sido revogadas, pois estão “presentes anomalia institucional e situação de superlativa excepcionalidade”
No evento de terça-feira, Moro afirmou que o combate à corrupção depende de reformas mais gerais. Ele citou, como exemplo, o fim do foro privilegiado.
— Precisamos de reformas mais gerais. De uma espécie de Plano Real contra a corrupção — afirmou o juiz, que continuou: — Impunidade e corrupção são irmãs que caminham juntas.