Por Gabriel Luiz, G1 DF


Fachada do Departamento de Polícia Especializada (DPE) do Distrito Federal — Foto: Dênio Simões/Agência Brasília

A Polícia Civil do Distrito Federal oficializou nesta sexta-feira (19), no Diário Oficial, a criação de uma "megadelegacia" voltada para o combate à corrupção, ao crime organizado e à sonegação fiscal. O decreto é assinado pelo governador Rodrigo Rollemberg (PSB), e concretiza a novidade antecipada pelo G1 em novembro.

Na prática, a chamada "coordenação especial" reúne os trabalhos de três delegacias já existentes. A diferença é que, a partir de agora, o grupo pode investigar crimes de ordem tributária de forma mais centralizada – por exemplo, casos de lavagem de dinheiro.

À frente da coordenação fica o atual delegado-chefe da Delegacia de Repressão a Roubos e Furtos (DRF), Fernando César Costa. Segundo a polícia, ele foi escolhido em razão dos "bons resultados" que apresenta durante operações e pelo trânsito com o Judiciário e o Ministério Público.

Esta não é a única fusão. Foi criada também a Coordenação de Repressão a Crimes contra o Patrimônio Público, que reune as delegacias de Roubos e Furtos e de Repressão a Roubos e Furtos de Veículos (DRF e DRFV). Ainda de acordo com a Polícia Civil, a ideia é focar a atuação em casos que ocorrem principalmente em residências, mas também em comércios.

Objetivo

Ao G1, o diretor-geral da Polícia Civil, Eric Seba negou que a criação da "megadelegacia" tenha viés político. "Quando anunciamos que teria essa junção, houve críticas dizendo que seria para fazer perseguição política. Não é nada disso. Nosso interesse é otimizar os trabalhos."

No mesmo tom, tanto o Palácio do Buriti quanto a direção da Polícia Civil disseram garantir que a estrutura terá "toda a transparência, jamais sendo usada com qualquer intuito a não ser o de combater a corrupção".

'A união faz a força'

A ideia de criar a coordenação surgiu de um encontro no segundo semestre de 2016 entre diretores da Polícia Civil de todo o país, que ocorre a cada dois anos. “Fizemos uma carta com uma série de sugestões para melhorar a segurança pública. E Brasília vem como pioneira nisso, por ser a primeira a entrar com esse formato que foi deliberado no conselho de diretores”, diz Seba.

Serão unificados os trabalhos de três delegacias: a Divisão Especial de Repressão ao Crime Organizado (Deco), a Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Administração Pública (Decap) e a Divisão de Crimes contra a Ordem Tributária (Dicot). Inicialmente, a coordenação terá estrutura semelhante das demais – com cartório, seção de investigação e pelo menos 60 policiais.

A nova unidade vai funcionar no prédio onde funcionava o antigo Instituto de Identificação, no Complexo da Polícia Civil, no Parque da Cidade. No entanto, como ainda está em reforma, vai funcionar por enquanto em um prédio vizinho, o do Departamento de Polícia Especializada (DPE).

Policial civil em frente a prédio onde funcionam Deco e Decap — Foto: Alexandre Bastos/G1

Efetivo

Ainda segundo o diretor, a fusão não vai aumentar, em um primeiro momento, o efetivo policial, mas vai permitir otimizar as investigações. “Antes tínhamos unidades fazendo trabalhos semelhantes, e agora teremos uma unidade robusta. Isso vai tornar a estrutura mais leve.”

“A criação vem de uma reestruturação da polícia. A gente está atravessando um momento de falta de pessoal. Mas com certeza a gente pode dar esperança para os concurseiros. A gente tem que fazer concursos. Temos dois em processo de tramitação, buscando concursos para agente e escrivão. E o GDF está sensível para esta questão. Não será um concurso específico para a coordenação, mas certamente vai fortalecer o efetivo.”

Em entrevista ao G1 em dezembro, ele também tinha declarado que o combate à sonegação também vai permitir, indiretamente, aumentar a arrecadação do governo e garantir mais verba para políticas públicas.

“Se antes o sonegador fazia acordo com o Estado para, após pagar, encerrar o processo criminal, com a criação da coordenação, pretendemos fazer não apenas que ele pague o que sonegou. Só pagar é muito pouco. Ele deve responder pelo enriquecimento ilícito, pela falsidade ideológica, pela organização criminosa e demais crimes que tenha praticado.”

Veja mais notícias sobre a região no G1 DF.

Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!
Mais do G1