Por Jornal Nacional


Uma ação desesperada de uma mulher vítima de estupro choca milhões de brasileiros

Uma ação desesperada de uma mulher vítima de estupro choca milhões de brasileiros

A divulgação da imagem de uma mulher se atirando de um carro em movimento deixou milhões de brasileiros indignados. Especialmente porque o ato de desespero foi de uma vítima de estupro. Um crime que, só em 2017, teve 60 mil registros no país.

A porta do passageiro abriu de repente, com o carro em movimento. Numa reação desesperada, a mulher se jogou. Ela levantou depressa e pediu ajuda para o motorista do carro que vinha no sentido contrário.

Um vizinho contou o que viu: “Por volta das 6h eu ouvi um grito. Me assustou; eu acordei, levantei, abri a janela, vi um carro parado e uma moça gritando”, conta o protético Jr Lima dos Santos.

A mulher, de 30 anos, contou para polícia que parou o carro na rua, por volta de 5h para ir ao trabalho. Ela disse que o ladrão chegou, assumiu a direção e passou a circular com ela pelas ruas do bairro até parar num lugar deserto e mandar ela tirar a roupa. A mulher disse que foi estuprada e ameaçada de morte.

Segundo ela, o homem ainda queria sacar dinheiro. Foi no caminho para o banco que ela contou que resolveu pular do carro.

A mulher foi atendida em uma ONG que cuida de vítimas de violência doméstica e sexual em São Paulo.

Jandaira trabalha no projeto e disse que muitas têm vergonha de falar sobre o que passaram.

“Elas, por estarem vulneráveis, sem saber a quem procurar, sem saber com quem falar, porque existe também a vergonha, porque sempre as pessoas acham que a mulher procurou, deu algum motivo para ser violentada. Eu acho que mulher nenhuma quer ser violentada”, diz Jandaira Alves Santos, da ONG Bem-Querer Mulher.

Os estupros aumentaram no Brasil. Só em 2017 foram mais de 60 mil, média de 164 por dia, um a cada dez minutos. Quem estuda esses casos diz que o número é certamente maior, porque esse é um dos crimes com maior índice de subnotificações, ou seja, nem chegam ao conhecimento da polícia.

“Para se ter uma ideia, estima-se que no Brasil só cerca de 10% dos casos são notificados em uma delegacia de polícia. Se a gente assumir que esses 60 mil casos de 2017 são esses 10%, nós teríamos algo em torno de 600 mil casos de violência sexual, de fato”, calcula Samira Bueno, diretora executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Os estados de Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Rondônia têm os maiores índices de estupros por cem mil habitantes.

“Os dados mostram que 70% das vítimas de violência sexual são adolescentes e crianças: é o estupro de vulnerável. E a maior parte dessas crianças são vítimas de conhecidos, pai padrasto, primo, tio, vizinho, então, muitas vezes o perigo mora ao lado”, diz Samira.

Foi o que aconteceu no Rio de Janeiro. A Polícia Civil procura Eduardo Gonçalves de Souza, de 19 anos, que está foragido. A mãe dele disse, em depoimento à polícia, que ele confessou ter estuprado uma criança de quatro anos, filha da empregada doméstica da casa.

O crime foi no sábado (4), depois que a mãe deixou a menina na casa da patroa para resolver problemas pessoais. Quando foi buscar a criança, no domingo (5) de manhã, encontrou ela machucada e sangrando.

A menina passou por uma cirurgia, levou mais de vinte pontos. A polícia oferece recompensa de R$ 1 mil para quem der informações que levem à prisão de Eduardo.

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