Sem os governadores do Ceará, Camilo Santana (PT), e de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), o presidente Jair Bolsonaro participou, nesta sexta-feira, em Penaforte, no Ceará, da cerimônia de acionamento da comporta que será responsável pela chegada das águas do Eixo Norte do projeto da transposição do rio São Francisco ao estado.
As primeiras obras, para o deslocamento de parte das águas do São Francisco, foram iniciadas em 2007. A previsão original do governo da época era inaugurar até 2010 todos os canais, reservatório e estações de bombeamento. A expectativa do governo atual é que o projeto esteja concluído no próximo ano. O orçamento de toda a obra saltou de R$ 4,5 bilhões para R$ 12 bilhões.
“Foi uma recomendação desde o início do governo que não deixaríamos nenhuma obra parada. Faz parte do nosso compromisso e ficamos muito felizes em trazer água para quem precisa”, disse o presidente em entrevista à TV Brasil, ao final do evento. “[O projeto vai beneficiar a] agricultura, irrigar terras, levar água para casa do cidadão nordestino que sempre teve carência disso. É uma novela enorme que está chegando ao fim”, completou.
Com a ação de hoje, a água que já abastece o Reservatório Milagres, em Pernambuco, passará pelo Túnel Milagres, na fronteira dos dois estados, começará a encher o Reservatório Jati, no Ceará, e seguirá, por fim, até a Paraíba e o Rio Grande do Norte.
O Projeto de Integração do Rio São Francisco soma hoje 477 quilômetros (km) de extensão em dois eixos, o Norte com 260 km e o Leste com 217 km, e, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento Regional, é o maior empreendimento hídrico do país. “Quando todas a estruturas e sistemas complementares nos estados estiverem em operação, cerca de 12 milhões de pessoas em 390 municípios de Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte serão beneficiadas com abastecimento de água”, informou a pasta.
Ainda de acordo com o governo federal, o eixo Norte só deve ser concluído no próximo ano, o que vai possibilitar a chegada da água ao Rio Grande do Norte. Este trecho está com 97% dos canais concluídos desde 2018. Faltam ainda a implantação de todo o sistema drenagem e de operação e controle. Também não foram instaladas todas as bombas que estavam previstas nas três estações de bombeamento.
"Só há uma bomba em cada estação, o que implica numa capacidade de pouco mais de 10% da vazão prevista", explica o professor o professor da UFPB (Universidade Federal da Paraíba) Francisco Sarmento, que coordenou por 14 anos os estudos e planejamentos hidrográficos da transposição.
O ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, que integrou a comitiva do presidente, afirmou que Bolsonaro demonstrou ter postura republicana ao dar continuidade ao projeto. "Estamos em Jati, no Ceará, para testemunharmos aqui um feito histórico. Esta é uma obra do estado brasileiro", declarou.
O governo Bolsonaro informou que, no ano passado, investiu R$ 1,3 bilhão para recuperação de etapas que já apresentavam 100% de execução física, mas que necessitavam de intervenções e reparos no sistema.
Ausência de governadores
Apesar de o evento ter contado com a participação de deputados federais cearenses do chamado centrão, os governadores Camilo Santana e Paulo Câmara não participaram da cerimônia e não mandaram representantes.
Nas redes sociais, Santana disse que o dia era importante para o Ceará e ressaltou que a obra foi concebida e tocada no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com apoio do ex-ministro Ciro Gomes (PDT). "E continuada pelos governos Dilma [Rousseff], [Michel] Temer e, agora, Jair Bolsonaro." Ele disse que só vai ao local quando a pandemia do novo coronavírus for superada. O Ceará ocupa a terceira posição no Brasil em número de óbitos.
Em nota, o Governo de Pernambuco informou que o gabinete do governador Paulo Câmara recebeu um comunicado do Ministério do Desenvolvimento Regional sobre o evento no fim da tarde desta quinta-feira (25). Por isso, não havia tido tempo hábil para mandar representante à cerimônia.