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Política Lava-Jato

Procuradora diz que Lava-Jato no Rio precisa ser reforçada

Mônica Campos de Ré afirma que delação de Carlos Miranda vai ampliar número de deputados estaduais investigados
 Apontado como operador do ex-governador Sérgio Cabral, Carlos Miranda presta depoimento Foto: Reprodução
Apontado como operador do ex-governador Sérgio Cabral, Carlos Miranda presta depoimento Foto: Reprodução

RIO — A procuradora-regional Mônica Campos de Ré, integrante da força-tarefa criada na Procuradoria Regional da República da 2ª Região (PRR2) para investigar o braço na organização comandada pelo ex-governador Sérgio Cabral no Legislativo, disse na quinta-feira que a equipe precisa do reforço de pelo menos mais três colegas para as próximas etapas do trabalho da Lava-Jato .

De acordo com ela, a demanda vai crescer quando chegar ao Rio a delação premiada de Carlos Miranda, ex-operador de Cabral, responsável pela coleta e distribuição da propina do esquema. Mônica adiantou que a delação — homologada pelo ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, mas ainda não partilhada — vai ampliar o número de deputados estaduais envolvidos.

Por enquanto, as investigações já conseguiram levantar provas contra o presidente afastado da Assembleia Legislativa, Jorge Picciani, e os deputados Paulo Melo e Edson Albertassi, que estão presos. Com as novas informações fornecidas por Miranda, Mônica está convencida na necessidade de reforço, com dedicação exclusiva. O pedido foi encaminhado pela força-tarefa à procuradora-geral da República, Raquel Dodge.

Apontado como operador de Cabral, Carlos Miranda estimou em R$ 500 milhões o valor arrecadado pelo esquema de desvio de dinheiro público no governo estadual desde a década de 90, quando o peemedebista ganhou destaque na política fluminense.

— Tirávamos cerca de R$ 150 mil por mês. Também havia prêmios no fim do ano, como uma espécie de décimo-terceiro ou decimo-quarto salários. Tudo era pago em dinheiro — disse Miranda se referindo a ele a aos os ex-secretários Wilson Carlos e Régis Fichtner, em depoimento na semana passada.

Ontem,  juiz Sergio Moro recebeu do novo diretor-geral da Polícia Federal , Fernando Segóvia, a promessa de que a equipe da Lava-Jato em Curitiba voltará a ser ampliada. Num encontro na sede da Justiça Federal, Segóvia ouviu de Moro elogios ao trabalho feito pelos delegados da PF, mas também foi cobrado. O juiz disse a ele que ainda há investigações importantes a serem finalizadas pela Lava-Jato em Curitiba e que, para que isso aconteça, é preciso que a equipe de policiais e investigadores seja ampliada.

— Conversamos cordialmente, Segóvia falou que sua intenção é fortalecer o combate à corrupção e prometeu fortalecer e ampliar a equipe — disse Moro ao GLOBO.