Chuva derruba mais um trecho da ciclovia Tim Maia no Rio
O vice-prefeito do Rio, Fernando Mac Dowell esteve, na tarde desta quinta-feira (15), no local onde houve o desabamento da Ciclovia Tim Maia, em São Conrado, Zona Sul. Após observar o estrago provocado pela chuva, Mac Dowell afirmou que houve um "erro no projeto".
Um novo trecho da ciclovia Tim Maia, na Zona Sul do Rio, desabou nesta quinta-feira (15) após forte temporal. A queda ocorreu por volta das 7h e não há informações sobre vítimas segundo o Centro de Operações da Prefeitura do Rio.
"O projeto está errado. Tem que fazer todo o dimensionamento outra vez. A ciclovia caiu porque não foi dimensionado adequadamente", explicou Mac Dowell, prefeito em exercício d. Já o prefeito Marcelo Crivella está em viagem à Europa desde o carnaval. Nesta madrugada, em sua página numa rede social, Crivella afirmou que está acompanhando a situação na cidade.
Há quase dois anos um outro trecho da ciclovia caiu resultando na morte de duas pessoas. O trecho que desabou anteriormente é suspenso, sustentado por pilastras. Diferente do trecho que foi abaixo nesta quinta-feira que fica apoiado no terreno.
Segundo ele, a terra entorno da ciclovia cedeu devido o forte temporal e a estrutura não aguentou e caiu.
"Houve um temporal fortíssimo. A água entrou no subsolo e a terra cedeu", afirmou Fernando Mac Dowell.
Vice-prefeito, Fernando Mac Dowell acompanha vistoria na Ciclovia Tim Maia — Foto: Marcos Serra Lima/G1
Para o engenheiro do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o engenheiro Willy Lacerda disse que o projeto da ciclovia devia prever a erosão do terreno e aponta que houve um erro no projeto.
"Pra mim foi a pressa de terminar essa obra antes das Olimpíadas e que levou a passar por cima de alguns princípios fundamentais de construção de estrada. Por exemplo: não sei se foram feitas sondagens suficientes de qualidade do terreno, se houve inspeção da drenagem ao longo do trecho", analisou Willy Lacerda.
Por email, a secretaria de Urbanismo, Infra-estrutura e Habitação informou, pela manhã, que o solo cedeu por erosão causada por infiltração de águas pluviais (chuva). A Odebrecht, responsável pela obra, já foi acionada para fazer os reparos imediatos sem custos aos cofres municipais uma vez que a obra está na garantia.
Já a Odebrecht informou que o solo afundou neste trecho em função pelo mal funcionamento da rede de drenagem do local, que não pertence ao escopo da obra do consórcio. Mais tarde, a secretaria informou outra versão para o caso. De acordo com uma nota enviada ao RJTV, "não houve falha na execução da obra. A suspeita que a forte chuva gerou carreamento de material entupindo as vias de drenagem da região. Não é algo que se possa prever".
Segundo a assessoria do ex-prefeito Eduardo Paes, que administrava a cidade na época da obra, informou que a ciclovia foi planejada por técnicos da Fundação Instituto de Geotécnica (Geo-Rio). Já a assessoria da Geo-Rio informou que não houve falha da obra e que a suspeita mais provável para o desabamento é infiltração.
Trecho da Ciclovia Tim Maia desaba na Zona Sul do Rio
Interdição da ciclovia
A procuradora do Ministério Público Federal, Solange Braga, disse que o Ministério Público Federal (MPF) já havia entrado com uma ação para interditar toda a Ciclovia Tim Maia. A afirmação foi feita na tarde desta quinta-feira (15), durante do programa Estúdio I, da GloboNews.
"Pedimos na Justiça que aquele trecho que caiu não fosse reconstruído e que toda a ciclovia permanecesse interditada porque não houve Estudo de Impacto Ambiental, nem o Relatório de Impacto Ambiental. À época, os administradores do município entenderam que aquela obra não era impactante ao meio-ambiente e não era importante o suficiente para que houvesse estudos mais aprofundados para que a construção fosse concluída", disse a procuradora.
MPF já havia entrado com ação para interditar toda a ciclovia Tim Maia
Segundo ela, houve uma tentativa de aproximação com o município para que fosse feito um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) – as tratativas, no entanto, não foram à frente e o MPF conseguiu, na 19ª Vara Federal, uma liminar que impedia a reconstrução da passarela e a interdição ao público até que todos os estudos necessários fossem feitos.
"O problema é que o Município recorreu da decisão de primeira instância e, no Tribunal Regional Federal, conseguiu derrubar a liminar. A partir daí, retomou a obra e voltou a permitir o acesso do público à ciclovia", explicou a procuradora.
Diante da queda de mais esse trecho, o MPF voltará a pedir à Justiça, no máximo até amanhã, que a passarela seja fechada até a conclusão dos estudos necessários.
"O problema é que a prefeitura se recusa a fazer o Estudo de Impacto Ambiental, instrumento que reúne todos os detalhes necessários para saber se essa obra é possível", finalizou.
Outro acidente
Em abril de 2016, outro trecho da ciclovia caiu três meses depois da inauguração da obra. Uma onda forte derrubou parte da estrutura, entre São Conrado e o Leblon. Uma perícia mostrou que a parte da pista estava sem fixação. Duas pessoas morreram na ocasião.
Quase dois anos depois, 16 pessoas respondem na Justiça estadual por homicídio culposo, quando não há intenção de matar.