Por Luiza Vaz, SP1 — São Paulo


Crianças de escola pública são barradas em shopping na Zona Sul

Crianças de escola pública são barradas em shopping na Zona Sul

A ONG Orientavida informou que demitiu a funcionária que barrou a excursão de alunos de escolas públicas do interior paulista no Shopping JK Iguatemi, no Itaim Bibi, Zona Sul da capital.

O caso ocorreu na última segunda-feira (18), quando 120 crianças, com idades entre 6 a 10 anos, de escolas da Zona Rural de Guaratinguetá tinham ido visitar a exposição sobre os 90 anos do personagem Mickey Mouse no shopping de luxo.

Segundo uma das organizadoras do passeio, a funcionária da ONG responsável pela exposição impediu inicialmente o ingresso das crianças com a alegação de que o local é “um espaço de elite”. A entrada do grupo só foi permitida após negociação.

Josely Gonçalves, professora e diretora de uma das escolas, disse que a funcionária afirmou: “aqui é um shopping elitista, é um shopping de elite”.

“Isso primeiro chocou porque nós nunca tínhamos passado por isso. Foi um choque e depois começou a doer. Dói bastante”, lamentou Josely.

Para ela, o grupo foi discriminado social e racialmente, já que parte das crianças é negra.

“Achei um absurdo”, disse Maria José Espíndola, mãe de alunos.

Os estudantes haviam ganhado a viagem para a capital como prêmio por bom comportamento e desempenho escolar.

Alunos da rede pública de escolas da zona rural de Guaratinguetá foram barrados em entrada de shopping — Foto: Arquivo Pessoal/Jozeli Gonçalves

O que dizem os citados

Em nota, a Secretaria de Educação de Guaratinguetá informou que “repudia racismo e qualquer forma de discriminação, e continua acompanhando e apoiando educadores e alunos nas providências que julgarem necessárias”.

O shopping JK Iguatemi informou que a exposição é organizada pela equipe da ONG Orientavida e que não compactua com a atitude tomara por uma colaboradora da organização não governamental.

Segundo o shopping, a ONG foi acionada pelo estabelecimento para que reforce o treinamento com sua equipe de recepcionistas. Informou ainda que trabalha para que todos os clientes se sintam acolhidos e bem-vindos.

Disse ainda que o incidente de segunda foi único e que tomou todas as medidas para que não ocorra mais.

A ONG Orientavida, responsável pela exposição, classificou o fato como isolado e pontual. Afirmou que recebeu gratuitamente mais de 2 mil crianças de escolas públicas e comunidades carentes e esse foi o único incidente.

A ONG informou ainda que tomou as medidas necessárias para que o fato não se repita e que a funcionária foi desligada.

Alunos tentavam entrar mais cedo em shopping para comer em rede de fast-food — Foto: Arquivo Pessoal/Jozeli Gonçalves

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