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Cor tradicionalmente escolhida por religiões de matriz africana, o branco reforça o pedido de paz para 2018

Confira ideias de produções para a virada do ano

A modelo Sara Felipe usa top Dupla Carioca, R$ 129,90; calça Farm, R$ 398; e brinco Ateliê Shirley Sampaio, R$ 79.
Foto: BáRbara Lopes / Agência O Globo
A modelo Sara Felipe usa top Dupla Carioca, R$ 129,90; calça Farm, R$ 398; e brinco Ateliê Shirley Sampaio, R$ 79. Foto: BáRbara Lopes / Agência O Globo

RIO — A moda é glamour, passarela e luxo. Mas também é religião, política e cultura. No ano em que o Brasil registrou o maior número de mortes violentas da última década e o medo se instaurou, ainda mais, nas ruas e comunidades do Rio, o branco chega com nova força, numa resposta à turbulência que vivemos. A cor carrega consigo um pedido de paz, um apelo por harmonia e tranquilidade nos próximos 365 dias. A ideia deste editorial de moda, realizado a bordo do veleiro KrauseSailing, que faz passeios pela orla do Rio, foi resgatar o branco, já tradicional na virada, para reforçar este desejo de esperança de dias melhores. Uma resposta pacifista aos constantes confrontos da cidade, inclusive religiosos.

Foram as religiões de matriz africana que instituíram as roupas brancas para comemorar a virada de ano. Entre as décadas de 1960 e 1970, houve uma mobilização dos terreiros do Rio para fazer homenagens a Iemanjá, rainha das águas, na noite de 31 de dezembro, na Praia de Copacabana. Os umbandistas iam vestidos de branco, uma das cores do orixá. No candomblé, o uso da cor é uma homenagem a Oxalá, orixá que representa a vida, a paz e a transformação, além de ser a roupa litúrgica de maior importância, comparada ao traje de gala.

— Os terreiros de umbanda começaram a se mobilizar e levar oferendas a Iemajá. Faziam giras na Praia de Copacabana, e havia fogos na hora da passagem. Isso começou a atrair multidões; o poder público viu que levava turistas e cariocas para a orla e transformou a festa num evento do município. Depois desse crescimento, a nossa oferenda ficou marcada para o dia 29, para não pegarmos a energia de todo mundo bebendo, gritando. Temos também, nesse dia, a procissão do Mercadão de Madureira, que não teve apoio da prefeitura este ano — conta o pai Paulo de Oxalá.

O uso do branco, assim, tornou-se parte da cultura carioca, e expressa tanto o desejo de harmonia interior quanto o de paz no mundo.

Para entrar no clima com estilo, a consultora de imagem Carolina de Souza dá algumas dicas. De acordo com ela, tecidos mais fluidos em saias, vestidos ou calças contribuem para esconder, ou ao menos não ressaltar, partes do corpo que não se pretende deixar em evidência. A pantalona, por exemplo, é uma boa alternativa para o réveillon, pois é larga e confere um ar elegante. As blusas devem seguir a mesma linha. Batas de renda e babados dão caimento ao look. Uma peça para sobrepor, como um quimono ou um colete com detalhes como franja ou renda, também é um bom investimento.

— A peça branca realmente parece aumentar a pessoa, mas o truque é procurar os tecidos fluidos. Cambraia, linho e algodão dão um ar de sofisticação e, ao mesmo tempo, são mais frescos. Renda e tule também são opções para as festas — resume Carolina.

Agradecimentos:

Fotos: Bárbara Lopes

Produção de moda: Gabi Gianni;

Assistente de produção: Paula Rodrigues;

Beleza: Valeria Campanharo;

Modelos: Fabiana Torraca (Office Im) e Sara Felipe (Mix Models Agency);

Veleiro: Barco KrauseSailing (krausesalling.com.br e 99626-8243)

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