Por Natan Lira, G1 Mogi das Cruzes e Suzano


Amanda concluiu curso de duas semanas na agência espacial da Nasa nos EUA — Foto: Amanda Rodrigues de Araújo Silva/Arquivo Pessoal.

“Todo o esforço valeu a pena. Tudo foi recompensado”. Esta é a avaliação da moradora de Mogi das Cruzes Amanda Rodrigues de Araújo, de 17 anos, que retornou neste domingo (29), de um curso de duas semanas na Nasa, em Houston, nos Estados Unidos.

Para custear as despesas, ela contou com a solidariedade de diversas pessoas que doaram R$ 12 mil em uma vaquinha na internet. Amanda ganhou o primeiro lugar do concurso criado para estudantes do mundo todo interessados em astronomia. Além dela, um grupo de estudantes do Recife também representaram o Brasil.

Ela conta que este sentimento de realização se fez presente desde o momento em que desceu do ônibus em frente à agência. “De cara eu vi uma bandeira dos EUA e tinha uma placa enorme com o nome da Nasa. Ali a ficha realmente caiu”, afirma.

Desde a adolescência, Amanda ficou conhecida como “menina das estrelas”, quando começou a questionar o funcionamento do universo. Ela buscou sozinha as respostas e se apaixonou pela astronomia.

“O meu sonho é cursar engenharia astronáutica para montar foguetes. Durante o curso, eu tive mais certeza que é isso que eu quero”, afirma a estudante.

Aprendizado

Nas duas semanas, ela teve aulas de astronomia, astrofísica e robótica, além de ter construído e lançado foguetes na companhia dos astronautas da agência. “Logo no primeiro dia montaram os grupos e deram a tarefa de montarmos um foguete que conseguisse ir até marte, tudo sob a orientação deles. No segundo dia, fizemos o lançamento e ele atingiu a altura desejada e pousou certo. Foi uma sensação incrível”, conta.

No decorrer das aulas foram criadas outras situações-problemas para que o grupo resolvesse.

A equipe de Amanda era formada por mais três brasileiras. “Tivemos de pensar, por exemplo, como é uma viagem até marte, a vida lá no planeta e também criamos um robô que teria resistência para sobreviver lá. Nesta tarefa, ganhamos o melhor lugar entre os 10 grupos participantes”, comemora a estudante.

Grupo de Amanda criou o robô "rover", com resistência para viver em Marte. — Foto: Amanda Rodrigues de Araújo Silva/Arquivo Pessoal

Entre as experiências, Amanda conheceu museus de ciências naturais e onde estão diversos equipamentos utilizados nas missões Apolo da Nasa.

Ela ainda fez um mergulho com os astronautas, etapa que integra a preparação para ir ao espaço.

“Foi um crescimento não só para a minha vida profissional, porque eu soube o que é estar na Nasa, mas também pessoal. Aprender a lidar com as pessoas em grupos, a liderar, conviver com pessoas de culturas diferentes. Volto de lá muito mais focada”, enfatiza.

Os esforços da estudante agora estão voltados ao vestibular da Fuvest. Ela pretende conseguir uma bolsa na USP e lá tentar estudar em uma universidade americana.

O universo e o caminho à Nasa

Foi flertando com o universo que Amanda se apaixonou pela ciência. Ela conta que não se contentava com qualquer resposta. Era bastante curiosa e isso a fez questionar a criação de tudo.

Tudo isso começou quando ela tinha apenas 9 anos. Na época, ainda não tinha aula de ciências na escola, então buscou nos livros as respostas para tantos questionamentos.

A desenvoltura com o assunto chamou a atenção também de seus educadores que passaram a pedir que ela ministrasse palestra aos demais alunos.

No ano passado ela resolveu participar de um concurso da Nasa e escreveu um artigo científico sobre o planeta Saturno.

Com o estudo foi premiada com menção honrosa pela agência espacial em um evento no Rio de Janeiro.

Amanda Silva sempre sonhou em conhecer a Nasa — Foto: Reprodução/TV Diário

Quando voltou, resolveu criar uma página nas redes sociais para trocar experiências com os admiradores do universo.

Ela conta que por meio da internet conheceu astrônomos e profissionais da área das ciências, e assim também conheceu outras formas de estudar o assunto.

Foi por meio deste grupo que ela viu a publicação de um amigo de que a Nasa oferecia o curso para estudantes e começou a pesquisar mais a fundo. "Eu fui tirar algumas dúvidas para ajudá-lo a divulgar. Aí ele me questionou por que eu não iria, e eu disse que tinha a questão financeira. Ele disse que se eu conseguisse, daríamos um jeito nisso", conta.

Ela gravou um vídeo contando a história e teve a inscrição no concurso aprovada. Abriu uma vaquinha na internet e arrecadou os R$ 12 mil para dar o primeiro passo em busca do sonho de pesquisar o universo.

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