Concursos e emprego

Por Murillo Gomes* e Fernando Evans, G1 Campinas e Região


Consultor acredita que a formação específica deve ocorrer numa pós-graduação — Foto: Bruno Oliveira/G1

Após as dificuldades e rebuliços no mercado de trabalho em 2017, o consultor de carreiras Max Gehringer, de Valinhos (SP), falou ao G1 que aposta na terceirização para 2018, em decorrência da aprovação da reforma trabalhista.

Além disso, indicou qual o destaque no mercado nos próximos anos, ensinou como buscar uma promoção em tempos de crise e opinou sobre como a economia brasileira poderá deixar para trás a recessão. Confira, abaixo.

O caminho da terceirização

A recém-aprovada reforma trabalhista alterou alguns pontos na lei de terceirização. Para Gehringer, as mudanças fizeram com que as "grandes empregadoras" passassem a ser as agências, pois cada vez mais as empresas devem evitar acumular grandes encargos na folha de pagamento.

Dessa maneira, se tornar um trabalhador terceirizado, mesmo que a contragosto, é a principal aposta do consultor para retornar ou se manter no mercado em 2018.

"As empresas vão ficar com os [profissionais] que são absolutamente fundamentais, e contratando o resto através de agências. Então, jovens, vão atrás das agências. Elas é que têm o emprego na mão agora, não é mais a empresa", afirma.

Max Gehringer aposta na terceirização para o mercado de trabalho em 2018 — Foto: Amanda Dourado

Promoção planejada

Uma vez dentro da companhia, cresce a chance de haver uma contratação. Para o consultor, o mais difícil neste momento é conseguir um emprego e, depois, o trabalhador deve mostrar o potencial para ficar em definitivo. O mesmo raciocínio serve para quem já ocupa um cargo, mas a intenção é uma promoção.

"Não adianta pedir aumento ou promoção, porque hoje a resposta é não. Eu sempre sugeri, para os jovens principalmente, chegar ao chefe e dizer 'que objetivos eu preciso cumprir para ser considerado para um aumento daqui a seis meses?'. Dificilmente o chefe vai dizer 'não adianta fazer nada de especial que você não vai ter um aumento', nenhum chefe diz isso”, acredita Gehringer.

Portanto, traçar metas é uma forma de se manter "no radar" do chefe e, assim, seguir em crescimento profissional.

"Fica na cabeça do chefe que ele tem um funcionário que quer um aumento, e não dá mais para ignorar isso, e que se ele cumprir determinados objetivos, ele faz jus a este aumento", completa o consultor.

'Profissão que dê futuro'

Pesquisas que apontam quais profissões devem chamar mais atenção nos próximos anos surgem com frequência. Para o consultor, entretanto, é difícil ter alguma certeza sobre qual carreira será promissora e que, para ser chamada de "profissão do futuro", ela deverá gerar, ao menos, empregos suficientes para 90% dos recém-formados.

"Desde a década de 70, eu coleciono revistas que têm como matéria de capa as profissões do futuro. Eu tenho umas 30 revistas, de vários anos, várias décadas. Não bate nada".

"O que acontece é que existe uma enorme diferença entre uma profissão do futuro, e uma profissão que dê futuro para um recém-formado. De todas as profissões que eu vi nessas revistas, só uma deu certo: tecnologia da informação", analisa.

Apesar disso, Gehringer dá uma dica para quem tem dúvidas de qual carreira seguir: apostar em algo que tenha abrangência e que, cedo ou tarde, será necessário na carreira de um profissional.

"No caso de escolher uma faculdade, a minha sugestão nunca mudou. É fazer a faculdade mais genérica possível, como administração. Entrar numa empresa, começar a ver as diferentes áreas, se encaixar em uma e, aí, fazer uma pós-graduação específica naquela área", finaliza.

Recuperação demorada

Gehringer acredita que o Brasil não está tão perto assim de uma recuperação econômica de fato, apesar de, em dezembro, o governo estimar que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro feche em alta de 1,1% em 2017.

"Eu analiso que quem está comemorando o crescimento do mercado de trabalho [deste ano], é a mesma coisa que comemorar o gol do Brasil depois de tomar sete da Alemanha. O Brasil vai se recuperar quando ele tiver três ou quatro anos seguidos de crescimento de PIB entre 3% e 5%. Aí nós vamos estabilizar", finaliza.

* Sob a supervisão de Patrícia Teixeira

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