Economia

Dólar encosta em R$ 3,24 e Bolsa cai 1,2% com tensão pré-julgamento de Lula

Fortalecimento do dólar em escala global ajuda a desvalorizar o dólar
  Foto: Scott Eells / Bloomberg News
Foto: Scott Eells / Bloomberg News

RIO - O dólar fechou em alta pelo segundo dia consecutivo nesta terça-feira, e a Bolsa recuou mais de 1%, com os investidores cautelosos na véspera do julgamento do ex-presidente Lula no Tribunal Regional Federal da 4ª Região. A moeda americana subiu 0,90% contra o real, a R$ 3,239 para venda, também impulsionada pelo seu fortalecimento no exterior frente às moedas emergentes. Na segunda-feira, o acordo entre democratas e republicanos para encerrar temporariamente a paralisação do governo americano ( shutdown ) fez a moeda ganhar força. Na máxima do dia, chegou a valer R$ 3,245. No mercado acionário, o índice Ibovespa caiu 1,22%, a 80.678 pontos, puxada pela queda da Vale, depois de ter batido recorde histórico na véspera.

LEIA MAIS: Na porta do tríplex do Guarujá, turistas discutem julgamento de Lula

— O mercado está cauteloso em relação ao julgamento, temendo que o placar que não seja 3x0. Se for esse o resultado, a Bolsa pode ter uma boa retomada e mudar de patamar. Qualquer resultado diferente disso e o mercado irá ajustas seus preços — avalia Pedro Galdi, analista da Magliano, lembrando, ainda, que a queda deste pregão foi pequena frente aos ganhos do ano: — Só em janeiro, a Bolsa teve alta de 6%.

Para Cleber Alessie, operador de câmbio da corretora H. Commcor, é justamente a união dos fatores – julgamento de Lula e fortalecimento do dólar – que fazem a moeda subir mais no Brasil do que em relação aos seus pares.

— Muito provavelmente essas forças estão se somando. A moeda americana ganha força frente às emergentes com a aprovação do orçamento americano e o fim da paralisação parcial dos EUA, que podem continuar seus gastos até o próximo dia 8. Isso dá fôlego à moeda, mas não só. O dólar é impulsionado pela aversão ao risco com o mercado temendo um placar do julgamento do Lula que não seja unânime.

Segundo ele, porém, a alta da divisa frente aos emergentes devido ao fim da paralisação americana não deve se sustentar por mais muito tempo.

— Agora, essa situação só será discutida em fevereiro, e só então pode voltar a impactar a moeda.

Os metais em baixa também ajudam a enfraquecer moedas de países exportadores de commodities.

Na Bolsa, a Vale exerceu o principal impacto negativo, com a queda do minério de ferro no exterior. Os contratos de maio de 2018 caíram 1,52%. Com isso, os papéis da mineradora recuaram 4,17%, a R$ 40,87.

A Petrobras também teve queda, com suas ações ON (com direito a voto) recuando 0,62%, a R$ 19,39; e as PN (sem direito a voto) caindo 0,97%, a R$ 18,29.

A BRF e a Kroton também pesaram negativamente, caindo 3,12% e 3,02%, respectivamente.