Presidente da Vale diz que vai buscar acordos para acelerar indenizações
O presidente da Vale, Fabio Schvartsman, afirmou nesta quinta-feira (31) que o rompimento da barragem em Brumadinho (MG) foi muito rápido, fazendo com que a sirene de alerta, que deveria soar em caso de algum incidente, fosse "engolfada" pela lama.
"Aconteceu um fato que não é muito usual: houve um rompimento muito rápido da barragem", declarou ele em entrevista coletiva concedida em Brasília.
"A sirene foi engolfada pela queda da barragem antes que ela pudesse tocar."
A barragem de rejeitos, que ficava na mina do Córrego do Feijão, se rompeu na sexta-feira (25), provocando uma tragédia que deixou ao menos 99 mortos e 259 desaparecidos.
O mar de lama varreu a comunidade local e parte do centro administrativo e do refeitório da Vale. Entre as vítimas, estão pessoas que moravam no entorno e funcionários da mineradora. A vegetação e rios foram atingidos.
Números da tragédia
- 99 mortos confirmados – 57 identificados (veja a lista)
- 259 desaparecidos (veja a lista)
- 192 resgatados (veja a lista)
- 395 localizados
Mais cedo nesta quinta, a Vale havia enviado nota à BBC Brasil dizendo: "Devido à velocidade com que ocorreu o evento, não foi possível acionar as sirenes relativas à barragem 1".
Especialistas afirmaram que existe tecnologia para que alertas sonoros de emergência sejam acionados em qualquer circunstância, independentemente da velocidade do evento.
Indenização
Presidente da Vale — Foto: Reprodução
Fabio Schvartsman deu a declaração depois de se reunir com procuradores na sede da Procuradoria-Geral da República. De acordo com o executivo, a intenção da empresa é acelerar ao máximo o processo de indenização das vítimas por meio de acordos extrajudiciais.
"Estamos preparados para abdicar de ações judiciais. Queremos fazer acordos extrajudiciais, buscando assinar assinar com a maior celeridade possível um acordo com as autoridades de Minas Gerais que permitam que a Vale comece a fazer frente, imediatamente, a esse processo indenizatório."
Pela manhã, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, já havia afirmado, após reunião com representantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), que a Vale não tem de esperar ações judiciais para indenizar vítimas da tragédia.
Já o diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores da Vale, Luciano Siani, disse que a mineradora deve repassar R$ 80 milhões a Brumadinho ao longo de dois anos, como forma de compensar os impostos que deixam de ser arrecadados.
Tragédia em Brumadinho: animação mostra ponto a ponto deslocamento do mar de lama
Raio-X da cidade de Brumadinho — Foto: Karina Almeida/G1
Detalhes sobre as barragens da Vale no Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG) — Foto: Juliane Souza/G1
Caminho da lama: veja por onde passaram os rejeitos da barragem rompida em Brumadinho (MG) — Foto: Betta Jaworski e Alexandre Mauro/G1
Como funcionam as barragens de mineração — Foto: Karina Almeida e Alexandre Mauro/G1