Em fevereiro, a Camisa 33, movimento de torcida do Remo,
lançou uma campanha contra algumas formas de assédio sofridas pelas torcedoras
remistas em dias de jogos, enfatizando que a presença feminina é cada vez maior
nos estádios paraenses e que elas merecem torcer com liberdade e respeito. De
acordo com Francisco Junior, responsável pelo marketing da Camisa 33, a
campanha ganhou bastante repercussão e mostrou um novo olhar para a
participação das mulheres no futebol.
– A ideia surgiu de uma postagem de carnaval, onde o intuito
era bem parecido, abordava sobre o respeito, o que podia e o que não podia.
Decidimos fazer isso sobre a mulher na arquibancada. A recepção foi além do que
poderíamos imaginar. Outras torcidas e pessoas do Brasil inteiro nos
parabenizaram pela postagem, a ação em si. O assédio existe, nós, que estamos à
frente da torcida, já recebemos vários relatos. Hoje temos um grande número de
mulheres na Camisa 33 e elas fortalecem os torcedores no estádio.
jogos do Remo (Foto: Arquivo Pessoal)
Heliane Dias, integrante das Azulindas, reafirma que o
assédio existe nas arquibancadas e que as torcedoras ainda têm que conviver com o
machismo. Segundo ela, as mulheres estão criando consciência de que podem frequentar
e torcer em um ambiente que ainda é considerado por muitos como somente
masculino.
– Essas coisas, infelizmente, sempre vão acontecer com as
mulheres. Muitos ainda pensam que só os homens podem ir aos jogos, enquanto que
as mulheres não. Existe muita falta de respeito, palavras de mal gosto, gente
falando de que era melhor a gente ficar em casa. Lugar de mulher é onde ela quer.
Vamos estar sempre lá, nas arquibancadas, lindas.
Naza Sampaio é presidente da Charme Bicolor, movimento de
torcedoras do Paysandu. A bicolor disse que as mulheres lutam, a cada partida,
contra o preconceito existente no futebol e que é essencial que elas continuem
se fazendo presente, conquistando cada vez mais espaço.
– Além de deixar o estádio mais belo, chegamos para somar,
buscando os nossos direitos. A luta é constante, pois vivemos em uma sociedade
machista e preconceituosa. Hoje as mulheres estão cada vez mais presentes nas
arquibancadas, e a nossa participação mostra mais o nosso valor.
Acreditamos pelo que lutamos. Lugar de mulher é onde ela quiser, inclusive na
arquibancada.
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