BRASÍLIA — O presidente em exercício, Hamilton Mourão, descartou a possibilidade de o governo brasileiro apoiar qualquer eventual intervenção que possa ocorrer na Venezuela, depois de o Brasil e ao menos outros 10 países reconhecerem o presidente da Assembleia Nacional (AN), Juan Guaidó, como presidente interino do país.
Mourão, que ocupa a presidência interinamente em função da viagem de Jair Bolsonaro à Davos, disse que o Brasil não costuma intervir em assuntos internos de outros países.
— O Brasil não participa de intervenção, não é da nossa política externa intervir nos assuntos internos de outros países — disse Mourão.
Mais cedo, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou em comunicado que considera "todas as opções" na Venezuela caso o presidente Nicolás Maduro utilize a força para continuar no poder. Trump afirmou que o país "usará todo o peso econômico e o poder diplomático dos EUA para pressionar pela restauração da democracia venezuelana".
Em Davos, onde participa do Fórum Econômico Mundial, Bolsonaro prometeu dar "todo o apoio necessário" para o reconhecimento internacional de Guaidó como presidente e para a mudança de regime na Venezuela.
Segundo Mourão, caso a prisão de Guaidó seja decretada por Maduro, o Brasil só irá protestar:
— O Brasil só pode protestar, né. Não vai fazer mais nada além disso — argumentou.
Mais cedo, ao reconhecer Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela, o governo brasileiro afirmou em nota que apoiaria política e economicamente o processo de transição no país. Mourão reiterou o apoio e explicou que futuramente o Brasil poderia oferecer recursos financeiros para a reconstrução da Venezuela, caso fosse necessário.
— O presidente (Bolsonaro) tomou uma decisão e agora vamos aguardar as consequências desse ato. O apoio político é exatamente a decisão que foi tomada pelo presidente. O apoio econômico é que no futuro, caso seja necessário para a reconstrução do país, o Brasil também participar — disse o presidente em exercício.
O presidente em exercício negou que os militares brasileiros tivessem em contato com militares venezuelanos e disse que a relação entre os dois países era apenas institucional.
— Não conversamos. A única ligação que existe é uma ligação institucional entre os dois ministros da Defesa, do Brasil e da Venezuela — explicou.
De acordo com ele, o Brasil está preparado para receber venezuelanos caso o fluxo de imigrantes aumente na fronteira com Roraima:
— Estamos preparados lá (em Roraima), montamos um campo de acolhimento com todas as normas internacionais e outras organizações estão participando então tem condições. Estão entrando em torno de 400 a 500 pessoas por dia lá. Já teve dia que entrou 800 — concluiu.