Por Guilherme Mazui e Laís Lis, G1 — Brasília


O presidente Michel Temer afirmou, durante cerimônia no Palácio do Planalto nesta quarta-feira (31), que recebeu a sugestão de um publicitário para falar "sempre" sobre a reforma da Previdência.

De acordo com Temer, a orientação é mencionar a reforma seja lá qual for a pergunta que fizerem para ele. O governo pretende votar a proposta na Câmara em fevereiro. Depois encerrar a discussão no Senado o mais breve possível. Para isso, vai intensificar as negociações em torno de apoio para a reforma na volta do recesso parlamentar, na semana que vem.

"Ele, publicitário, me disse: 'se perguntarem a você qual é o seu time de futebol, você diz naturalmente, com muito orgulho, que é o São Paulo Futebol Clube, mas que, na verdade, que na questão previdenciária o São Paulo tem tido tais e tais providências", afirmou Temer.

"Se perguntarem qual é o artista que você mais aprecia, você pode dizer dois ou três, mas é interessante que no aspecto previdenciário das suas aposentadorias, ou seja, falar sempre da Previdência", completou.

Temer deu a declaração durante cerimônia no Palácio do Planalto para assinar os contratos das seis áreas de exploração do pré-sal leiloadas em outubro do ano passado. Dessas oito áreas, três terão a Petrobras como sócia.

Mais cedo nesta quarta, Temer disse em entrevista a uma rádio do Ceará que prevê a conclusão da reforma até março.

Governo Federal já aceita negociar novas mudanças na Reforma da Previdência

Governo Federal já aceita negociar novas mudanças na Reforma da Previdência

Temer reconheceu que, quando se fala em reforma da Previdência, há uma "certa resistência" no início das análises, mas que depois as pessoas percebem que não se trata de um "bicho papão".

"Logo depois, quando se faz revisão previdenciária, as pessoas veem que não é, me permitem a expressão, nenhum bicho papão, na verdade, o que se deu foi para melhorar o país e por isso ela é logo depois aplaudida", afirmou.

O presidente disse que a versão inicial da reforma foi "amplamente examinada e ajustada" e voltou a declarar que muitos estados enfrentam dificuldades financeiras em razão das previdências estaduais. Ele também repetiu que países precisaram realizar cortes em benefícios previdenciários para encarar a crise.

"Nós tivemos, estamos com isso ressaltando, um vislumbre do que poderá acontecer no Brasil se a Previdência não for consertada. Repito: atraso no pagamento de salários, serviços públicos precários, aposentadorias em risco, e nós não queremos permitir que isso aconteça", alertou.

Após a solenidade no Planalto, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), também analisou o cenário da votação da reforma. Ele afirmou que a rejeição popular à proposta tem perdido força.

"A rejeição à reforma da Previdência, que era alta, extremamente forte, agora não tem mais essa força, as pessoas estão entendendo que é importante, que é para preservar o futuro", disse Jucá a jornalistas.

Mudanças na reforma

Após reuniões com categorias de servidores públicos da área de segurança, justiça e do Ministério Público, o deputado Rogério Rosso (PSD-DF) afirmou que vai apresentar nesta quinta-feira (1º) ao Palácio do Planalto as principais reivindicações desses setores em relação à reforma da Previdência.

Segundo o parlamentar, os servidores querem a criação de regras de transição para aqueles que ingressaram no serviço público antes de 2003. Além disso, as categorias reivindicam uma pensão maior para o cônjuge de servidor que morrer.

“Não existe regra de transição [para quem ingressou no serviço público antes de 2003], o que é um equívoco da atual proposta. Também a questão da pensão por morte, hoje limitada a 2 salários mínimos, o que é uma crueldade, porque fica uma situação muito difícil para a família. A gente sugere, no mínimo, o teto da previdência. Tem outras questões, mas essas são as elementares para os servidores”, declarou Rosso.

O parlamentar disse ainda que, se essas mudanças forem feitas na proposta, ele calcula que o governo pode conquistar, pelo menos, 30 votos favoráveis ao texto. No entanto, Rosso não listou quais deputados mudariam de voto com essas alterações.

Atualmente, governistas contabilizam cerca de 270 votos de deputados favoráveis à reforma, número abaixo dos 308 necessários para aprovação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC).

O parlamentar afirmou também que os servidores estão incomodados com as propagandas do governo que, na avaliação de Rosso e das categorias, “demonizam” os servidores públicos.

Antes da entrevista, Rogério Rosso ligou para o ministro Carlos Marun, da Secretaria de Governo, para conversar sobre as reivindicações dos servidores.

Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!
Mais do G1