• Ana Laura Stachewski
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Luciane Cachinski, fundadora da Corte in Brazil: empreendedora produz vídeos com dicas de moda e demonstrações das peças de roupa (Foto: Divulgação)

Luciane Cachinski, fundadora da Corte in Brazil: empreendedora produz vídeos com dicas de moda e demonstrações das peças de roupa (Foto: Divulgação)

A catarinense Luciane Cachinski, 45, sempre foi apaixonada por moda. Filha de costureira, ela começou cedo a produzir as próprias roupas – a mãe conhecia bem sua exigência e preferia deixar a tarefa para ela. Aos 18 anos, Luciane já tinha sua própria marca: a Corte in Brazil, especializada em peças de malha.

Logo o município de Videira, no interior de Santa Catarina, ficou pequeno para suas ambições. Luciane passou a vender pela internet e a usar as redes sociais para divulgar os produtos. Os conteúdos hoje incluem dicas de moda e ajudam a exibir, em detalhes, as peças produzidas. Seus perfis reúnem 63 mil seguidores no Instagram e 338 mil no YouTube. Seu vídeo mais popular tem 1,2 milhão de visualizações.

Com a chegada da pandemia, a empreendedora temeu que as vendas despencassem. Mas o movimento foi o oposto: nos últimos meses, a marca faturou mais do que no ano de 2019 todo. “As pessoas dizem que foi a pandemia, mas passei quase 30 anos me aperfeiçoando e me entreguei mais do que nunca aos vídeos. O momento apenas coincidiu com o crescimento”, diz ela.

Da confecção para as telas
A história da Corte in Brazil começa nos anos 90, quando Luciane instalou uma máquina de costura e uma mesa de corte no porão da casa de seus pais. Era lá que ela produzia as peças e recebia amigas e conhecidas interessadas. A empreendedora tentou vender as roupas por meio de sacoleiras, em outras lojas e em um ponto próprio, mas não ficou satisfeita. “Eu tinha que colocar uma funcionária para atender, mas as pessoas queriam que eu fizesse isso”, diz.

Luciane Cachinski, fundadora da Corte in Brazil (Foto: Divulgação)

A Corte in Brazil vendeu, até abril deste ano, o equivalente a 2019 inteiro (Foto: Divulgação)

O crescimento do e-commerce e das redes sociais nos últimos anos mostrou um caminho mais viável para crescer e atender clientes de outras regiões. “As pessoas da minha cidade achavam a marca legal, mas não era só isso que eu queria”, afirma. Em 2018, Luciane lançou um e-commerce.

A primeira venda online, porém, só ocorreria no ano seguinte. Embora estivesse nas principais redes sociais, a empreendedora não sabia bem como alavancar as divulgações e levar o público para o site. Ela pensou em desistir dele, mas decidiu fazer uma última aposta: um curso virtual sobre redes sociais.

Uma das dicas, relembra, era levar o negócio para diferentes plataformas – incluindo o YouTube. Em dúvida sobre como fazer isso, lançou uma enquete com as seguidoras no Instagram. “Todos falaram que era óbvio que eu deveria falar de moda. É engraçado como a resposta muitas vezes está na nossa frente e nós não vemos”, diz Luciane.

O primeiro vídeo, publicado em dezembro de 2018, relatava a história dela e da Corte in Brazil. Ela contou com a ajuda do filho para a edição e não esperava muitos resultados. “Postei o vídeo e continuei me concentrando em outras coisas, até que meu filho perguntou se eu tinha visto a repercussão. Muita gente tinha comentado fazendo perguntas e pedindo mais vídeos.”

Crescimento digital
O engajamento motivou Luciane a investir de vez na produção de conteúdo. Em abril de 2019, quatro meses depois do primeiro vídeo, sua loja virtual vendeu R$ 3 mil em roupas. As publicações no IGTV do Instagram também passaram a fazer parte da rotina. Ela conta com um profissional para as edições e diz dedicar duas tardes por semana apenas aos estudos para as criações. “Eu não paro. Quem quer fazer isso tem que estudar e saber que não vai conseguir dinheiro sem esforço.”

Nos vídeos, Luciane dá dicas de moda e apresenta peças criadas pela marca (Foto: Reprodução)

Nos vídeos, Luciane dá dicas de moda e apresenta peças criadas pela marca (Foto: Reprodução)

A chegada da pandemia trouxe preocupação. Luciane chegou a dispensar uma funcionária por medo de não conseguir arcar com todas as despesas. Também enviou as colaboradoras para casa e manteve a confecção fechada por 14 dias. “Eu estava tão desesperada que nem entrei mais no site para acompanhar as vendas”, relembra.

O foco nas redes se manteve: Luciane passou a produzir e publicar vídeos diariamente nos dois canais. Quando abriu a plataforma do site, ao final das duas semanas, foi surpreendida por um número grande de pedidos. Confiante no potencial das redes e vendas online, acabou chamando de volta a funcionária dispensada.

Ela não abre o faturamento da marca, mas diz ter batido, em abril, toda a receita obtida em 2019. O número de funcionárias cresceu de quatro para 20 desde o início do ano – e Luciane foi obrigada, após 27 anos, a deixar a confecção montada no porão dos pais. O espaço de cerca de 150 metros quadrados foi trocado por outro três vezes maior.

Sua ambição atual é vender as roupas da Corte in Brazil para clientes do exterior. Ela diz já ter enviado pedidos para países como Portugal, Alemanha e Japão, mas decidiu esperar a pandemia passar para se concentrar mais nessas encomendas. Também tem avaliado a possibilidade de trabalhar com revendedoras e de levar os produtos para lojas.