Mundo digital
Empreendedora vira youtuber para divulgar marca e faz sucesso com dicas de moda
Luciane Cachinski começou a produzir vídeos para divulgar sua marca de roupas, a Corte in Brazil. Acabou pegando gosto pelo ofício e conquistando mais de 330 mil inscritos
4 min de leituraA catarinense Luciane Cachinski, 45, sempre foi apaixonada por moda. Filha de costureira, ela começou cedo a produzir as próprias roupas – a mãe conhecia bem sua exigência e preferia deixar a tarefa para ela. Aos 18 anos, Luciane já tinha sua própria marca: a Corte in Brazil, especializada em peças de malha.
Logo o município de Videira, no interior de Santa Catarina, ficou pequeno para suas ambições. Luciane passou a vender pela internet e a usar as redes sociais para divulgar os produtos. Os conteúdos hoje incluem dicas de moda e ajudam a exibir, em detalhes, as peças produzidas. Seus perfis reúnem 63 mil seguidores no Instagram e 338 mil no YouTube. Seu vídeo mais popular tem 1,2 milhão de visualizações.
Com a chegada da pandemia, a empreendedora temeu que as vendas despencassem. Mas o movimento foi o oposto: nos últimos meses, a marca faturou mais do que no ano de 2019 todo. “As pessoas dizem que foi a pandemia, mas passei quase 30 anos me aperfeiçoando e me entreguei mais do que nunca aos vídeos. O momento apenas coincidiu com o crescimento”, diz ela.
Da confecção para as telas
A história da Corte in Brazil começa nos anos 90, quando Luciane instalou uma máquina de costura e uma mesa de corte no porão da casa de seus pais. Era lá que ela produzia as peças e recebia amigas e conhecidas interessadas. A empreendedora tentou vender as roupas por meio de sacoleiras, em outras lojas e em um ponto próprio, mas não ficou satisfeita. “Eu tinha que colocar uma funcionária para atender, mas as pessoas queriam que eu fizesse isso”, diz.
O crescimento do e-commerce e das redes sociais nos últimos anos mostrou um caminho mais viável para crescer e atender clientes de outras regiões. “As pessoas da minha cidade achavam a marca legal, mas não era só isso que eu queria”, afirma. Em 2018, Luciane lançou um e-commerce.
A primeira venda online, porém, só ocorreria no ano seguinte. Embora estivesse nas principais redes sociais, a empreendedora não sabia bem como alavancar as divulgações e levar o público para o site. Ela pensou em desistir dele, mas decidiu fazer uma última aposta: um curso virtual sobre redes sociais.
Uma das dicas, relembra, era levar o negócio para diferentes plataformas – incluindo o YouTube. Em dúvida sobre como fazer isso, lançou uma enquete com as seguidoras no Instagram. “Todos falaram que era óbvio que eu deveria falar de moda. É engraçado como a resposta muitas vezes está na nossa frente e nós não vemos”, diz Luciane.
O primeiro vídeo, publicado em dezembro de 2018, relatava a história dela e da Corte in Brazil. Ela contou com a ajuda do filho para a edição e não esperava muitos resultados. “Postei o vídeo e continuei me concentrando em outras coisas, até que meu filho perguntou se eu tinha visto a repercussão. Muita gente tinha comentado fazendo perguntas e pedindo mais vídeos.”
Crescimento digital
O engajamento motivou Luciane a investir de vez na produção de conteúdo. Em abril de 2019, quatro meses depois do primeiro vídeo, sua loja virtual vendeu R$ 3 mil em roupas. As publicações no IGTV do Instagram também passaram a fazer parte da rotina. Ela conta com um profissional para as edições e diz dedicar duas tardes por semana apenas aos estudos para as criações. “Eu não paro. Quem quer fazer isso tem que estudar e saber que não vai conseguir dinheiro sem esforço.”
A chegada da pandemia trouxe preocupação. Luciane chegou a dispensar uma funcionária por medo de não conseguir arcar com todas as despesas. Também enviou as colaboradoras para casa e manteve a confecção fechada por 14 dias. “Eu estava tão desesperada que nem entrei mais no site para acompanhar as vendas”, relembra.
O foco nas redes se manteve: Luciane passou a produzir e publicar vídeos diariamente nos dois canais. Quando abriu a plataforma do site, ao final das duas semanas, foi surpreendida por um número grande de pedidos. Confiante no potencial das redes e vendas online, acabou chamando de volta a funcionária dispensada.
Ela não abre o faturamento da marca, mas diz ter batido, em abril, toda a receita obtida em 2019. O número de funcionárias cresceu de quatro para 20 desde o início do ano – e Luciane foi obrigada, após 27 anos, a deixar a confecção montada no porão dos pais. O espaço de cerca de 150 metros quadrados foi trocado por outro três vezes maior.
Sua ambição atual é vender as roupas da Corte in Brazil para clientes do exterior. Ela diz já ter enviado pedidos para países como Portugal, Alemanha e Japão, mas decidiu esperar a pandemia passar para se concentrar mais nessas encomendas. Também tem avaliado a possibilidade de trabalhar com revendedoras e de levar os produtos para lojas.