Brasil

Ministro dá dica para o Enem: 'Questões ideológicas, muito polêmicas, não devem acontecer esse ano'

Em vídeo publicado no Facebook do presidente Jair Bolsonaro, Abraham Weintraub, do MEC, também disse que governo irá investir em 'faculdades que geram retorno de fato' e diminuir foco em cursos de filosofia e sociologia
O ministro da Educação, Abraham Weintraub, indicou que o Brasil reduzirá investimentos públicos em faculdades de filosofia e sociologia Foto: EVARISTO SA / AFP
O ministro da Educação, Abraham Weintraub, indicou que o Brasil reduzirá investimentos públicos em faculdades de filosofia e sociologia Foto: EVARISTO SA / AFP

Em vídeo publicado nesta quinta-feira (25) no perfil do Facebook do presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, deu dicas aos estudantes que irão fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano:

— Aí uma dica que eu vou passar para vocês: acho que questões ideológicas, muito polêmicas, como no passado, não vão acontecer esse ano. Minha sugestão: foquem mais na técnica de escrever, interpretação de texto, foquem muito em matemática, ciências… em realmente no aspecto que a gente quer desenvolver: o conhecimento científico, a capacidade da pessoa de desenvolver novas habilidades. Essa é minha recomendação.

O ministro complementou:

— Estudem. Estudem para valer. E estudem coisas sem direcionamento ideológico como havia no passado.

Risco ao Enem foi afastado

O ministro também admitiu que havia, sim risco de o Enem não acontecer este ano , mas que isso “está totalmente afastado”. No começo de abril, a empresa responsável por imprimir as provas do Enem, a  RR Donnelley, decretou falência . A prova está programada para novembro. Ontem, o Tribunal de Contas da União (TCU) autorizou que o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) contratasse uma nova empresa para a impressão das provas do Enem.

— Problema tem todo dia, todo mundo tem os seus. Nosso trabalho é evitar que ele chegue até vocês. — Afirmou o ministro durante a transmissão ao vivo. — Havia uma possibilidade, (mas) essa possibilidade foi afastada, o TCU foi muito parceiro em compreender o problema. E, assim, o risco de não ter Enem esse ano está totalmente afastado.

Menos dinheiro para faculdades de filosofia

Weintraub ainda indicou que o Brasil reduzirá investimentos públicos em faculdades de filosofia e sociologia. Alunos já matriculados não serão afetados, explicou o ministro, que deu como exemplo o Japão.

— O Japão, país muito mais rico que o Brasil, está tirando dinheiro público, do pagador de imposto, das faculdades que são tidas como para pessoas que já são muito ricas, ou de elite, como filosofia. Pode estudar filosofia? Pode, (mas) com dinheiro próprio. E o Japão reforça: esse dinheiro que iria para faculdades como filosofia, sociologia, se coloca em faculdades que geram retorno de fato: enfermagem, veterinária, engenharia e medicina.

Em 2015, o ministro japonês da educação, Hakuban Shimomura, enviou uma carta às 86 universidades federais japonesas pedindo que tomassem "passos ativos para abolir as ciências sociais e humanas das organizações ou convertê-las para melhor atender às necessidades da sociedade". Cerca de 30 universidades japonesas responderam de imediato, prometendo fechar ou reduziram seus departamentos de ciências humanas e sociais no ano seguinte. O movimento chamou a atenção de acadêmicos de todo o mundo, levando muitos a se manifestarem contra a medida.

Apesar de citar o exemplo japonês, Weintraub afirmou que, no Brasil, os alunos já matriculados me cursos na áeras de humanas em insituições públicas não serão afetados.

— Quem está nos cursos atuais não precisa se preocupar. O direito deles vai ser respeitado. Tudo segue vida normal. Não se preocupem.

O ministro seguiu:

— A função do governo é respeitar o dinheiro do pagador de imposto. Então, o que a gente tem que ensinar para as crianças e para os jovens? Primeiro, habilidades: poder ler, escrever e fazer conta. A segunda coisa mais importante: um ofício que gere renda para a pessoa e bem-estar para a família dela, que melhore a sociedade em volta dela.