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'Não saio do lado do telefone', diz mãe de brasileiro preso na Venezuela

Renata Diniz não recebe notícias desde que a prisão de Jonatan foi anunciada pelo governo Maduro
Jonatas em foto compartilhada em maio durante viagem; brasileiro está preso na Venezuela Foto: Reprodução / Facebook
Jonatas em foto compartilhada em maio durante viagem; brasileiro está preso na Venezuela Foto: Reprodução / Facebook

RIO — Há mais de um dia sem notícias do filho, detido na Venezuela, a mãe de Jonatan Moisés Diniz, de 31 anos, vive a angústia do silêncio desde que o governo de Nicolás Maduro acusou o brasileiro de liderar a ONG Time to Change e promover atividades contra o presidente . Renata Diniz, de 60 anos, passou o dia ao lado do telefone à espera de um telefonema que a informasse o paradeiro e a situação legal do filho. Ela conta que ligou cinco vezes para as autoridades brasileiras em busca de atualização do caso, mas foi solicitada a esperar.

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Itamaraty acompanha caso de brasileiro detido em Caracas

— Eu não saio do lado do telefone. Ele tem 31 anos, totalmente independente. Da última vez estava trabalhando em um restaurante. Eu não regulo a vida dele. É um menino trabalhador. A vida toda nunca dependeu de ninguém — disse.

Segundo Renata, não há motivos para prisão do filho já que ele estava na Venezuela para ajudar crianças carentes . A prisão de Diniz pode ser mais um caso de detenção arbitrária do governo Maduro. O catarinense foi acusado de promover ações contra o governo venezuelano nas ruas e nas redes sociais. "Vamos Venezuela, para cima do F** do Maduro!!", lia-se em uma de suas postagens no Instagram. Para a mãe, a postura do catarinense era liberdade de expressão de alguém que só queria ajudar.

— É a liberdade de expressão dele. Ele sempre foi uma pessoa que tentou ajudar, sempre trabalhou e ajudou da melhor forma possível. Foi uma maneira de querer ajudar (ir à Venezuela), ver aquela situação, ajudar o povo. Ele foi fazer a parte dele. Isso sempre foi aberto — explicou Renata, segundo a qual o filho morava temporariamente nos Estados Unidos após viajar a passeio e gostar de Los Angeles, há cerca de um ano e meio.

Jonatas embarcou para a Venezuela há 11 dias — de acordo com a mãe, para ajudar cerca de 600 crianças neste Natal. Em pronunciamento pela televisão, o vice-presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) acusou a ONG que o brasileiro teria liderado de supostamente entregar alimentos e itens básicos a moradores de rua para, na verdade, obter financiamento em moeda nacional e estrangeira para grupos que o governo venezuelano classifica de terroristas. Ele sugeriu que a CIA, a agência secreta americana, poderia estar envolvida nas ações do brasileiro.

— Total (engano). Não existe isso. Jamais. A gente está aguardando uma resposta positiva a qualquer momento. Isso é normal, esse procedimento. O consulado falou que é normal esse tempo.

Em nota enviada ao GLOBO, o Itamaraty informou que o Consulado do Brasil em Caracas segue em contato com autoridades locais e com a família de Jonatas para prestar a assistência consular cabível.

GOVERNO BRASILEIRO COM DIFICULDADES

O Ministério de Relações Exteriores está tratando o caso da prisão do brasileiro Jonatan Moisés Diniz como um caso consular normal e está prestando auxílio à família. Mas, segundo fontes diplomáticas, o Consulado em Caracas ainda está com dificuldade de obter junto às autoridades venezuelanas informações precisas do local onde Diniz está detido e sua situação neste momento.

O governo da Venezuela não tem disponibilizado as informações,  nem confirmou oficialmente a prisão, apesar do anúncio das autoridades a respeito. O Consulado de Caracas está em permanente contato com o governo venezuelano. A família pediu ajuda, e o corpo diplomático em Caracas está tentando ajudar.

* Colaborou Cristiane Jungblut