Política Lava-Jato

Justiça autoriza Adriana Ancelmo a se mudar para cobertura na Lagoa

Imóvel pertence aos enteados da ex-primeira dama; caminhão leva pertences
A adega de Adriana Ancelmo é transportada pela equipe de mudança Foto: Marcio Alves / Agência O Globo / 23-2-18
A adega de Adriana Ancelmo é transportada pela equipe de mudança Foto: Marcio Alves / Agência O Globo / 23-2-18

RIO — A ex-primeira dama do Rio de Janeiro Adriana Ancelmo , mulher de Sergio Cabral, foi autorizada pela Justiça a se mudar para uma cobertura na Lagoa, Zona Sul do Rio. Ela está em prisão domiciliar , e mora, atualmente, no Leblon. O pedido foi feito pela defesa de Adriana e autorizado pelo juiz Marcelo Bretas, responsável pelos processos da Lava Jato no Rio. Na decisão, o juiz diz que a mudança é compativel à reorganização financeira da família de Cabral. A informação foi divulgada inicialmente pela GloboNews.

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“Nesse sentido e buscando a reorganização financeira de sua família, (a defesa) solicita (que) seja autorizada sua mudança para imóvel de seus enteados”, disse o juiz Marcelo Bretas na decisão.

Nesta sexta-feira, uma equipe de mudanças retirou pertences de Adriana Ancelmo de seu apartamento no Leblon, onde ela permanecia presa. O caminhão levou os móveis para a Lagoa. Entre os pertences de Adriana, estava uma adega. Segundo os advogados da mulher de Cabral, o imóvel que será ocupado, na Rua Alexandre Ferreira, pertence a entenados da ex-primeira-dama.

Adriana Ancelmo está em prisão domiciliar desde dezembro do ano passado. Na ocasião, ela deixou o presídio em Benfica, na Zona Norte do Rio, após decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Foi a segunda vez que ela obteve o direito à prisão domiciliar na Justiça. A primeira decisão favorável à ex-primeira-dama foi do juiz Marcelo Bretas, sob argumento de que Adriana tem um filho menor de 12 anos.

Equipe carrega móveis de Adriana Ancelmo para mudança Foto: Marcio Alves / Agência O Globo / 23-2-18
Equipe carrega móveis de Adriana Ancelmo para mudança Foto: Marcio Alves / Agência O Globo / 23-2-18

No entanto, o Ministério Público Federal recorreu da decisão de Bretas, e o Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) determinou a volta de Adriana à prisão por não concordar que a sua presença não era essencial no cuidado de seus filhos.

Agora, um novo julgamento ameaça a prisão domiciliar de Adriana Ancelmo no Superior Tribunal de Justiça, instância acima do TRF-2. Já houve um voto contra o benefício da ex-primeira-dama. A ministra Maria Thereza de Assis Moura, relatora do caso na corte, afirmou ser contra a prisão domiciliar de Adriana. Em seu voto, a magistrada ressaltou que os filhos de Adriana e Cabral eram cuidados por outra pessoa, fora da família, que recebia entre R$ 18 mil e R$ 21 mil pela tarefa. Ela também disse que os dois realizaram diversas viagens ao exterior sem a companhia dos filhos menores, o que demonstraria que a presença de Adriana não é absolutamente necessária para a criação das crianças. O julgamento no STJ foi interrompido por um pedido de vista.

Porém, depois do voto de Maria Thereza Moura, o Supremo Tribunal Federal concedeu uma habeas courpus a todas as mulheres presas que estejam gravidas ou tenham filhos de até 12 anos — caso de Adriana Ancelmo. Mais de 4.500 mulheres, segundo a Segunda Turma do STF, poderão ser transferidas para a prisão domicilar.

Há exceções à decisão. Presas que cometeram crimes graves e violentos não serão benificiadas. Na decisão, foi estipulado um prazo de 60 dias para que os tribunais façam um levantamento que aponte quais presas que podem ser transferidas.