Por Luiza Garonce e Marília Marques, G1 DF


Apoiadores de Guaidó ocupam sede da embaixada da Venezuela em Brasília

Apoiadores de Guaidó ocupam sede da embaixada da Venezuela em Brasília

Apoiadores do presidente autoproclamado da Venezuela, Juan Guaidó, entraram na Embaixada da Venezuela em Brasília, na manhã desta quarta-feira (13). Apesar de o governo brasileiro reconhecer Guaidó como presidente venezuelano, a sede diplomática em Brasília é administrada por funcionários do presidente Nicolás Maduro. As embaixadas são consideradas territórios autônomos dentro de um país e seguem regras próprias.

O atual responsável pela embaixada, Freddy Meregote, encarregado de negócios que foi nomeado pelo governo Maduro, afirma que o imóvel foi invadido. Porém, o grupo pró-Guaidó diz que funcionários "abriram as portas voluntariamente".

A Polícia Militar foi chamada para reforçar a segurança do local. A corporação informou que, por volta das 5h, pelo menos 14 pessoas haviam ultrapassado os portões. Do lado de fora, cerca de 30 manifestantes demonstravam apoio ao atual corpo diplomático – nomeado por Maduro.

Por volta das 8h, o grupo pró-Maduro forçou a entrada da embaixada, e apoiadores de Guaidó estacionaram um carro na frente do portão, pelo lado de dentro. A PM separou a confusão com gás de pimenta e fechou os portões (veja o vídeo acima).

Manifestantes brigam em frente à embaixada da Venezuela, em Brasília após grupo pró-Guaidó ocupar prédio; defensores de Maduro denunciam invasão — Foto: Sergio Moraes/Reuters

Manifestantes se enfrentam diante da embaixada venezuelana em Brasília — Foto: Sergio Moraes/Reuters

Manifestantes pró-Maduro fazem ato na embaixada da Venezuela, em Brasília — Foto: Luiza Garonce/G1

Em janeiro deste ano, o governo brasileiro reconheceu Guaidó como presidente da Venezuela. Guaidó nomeou, então, María Teresa Belandria como embaixadora do seu governo no Brasil. Ela vive em Brasília e improvisou um escritório em um hotel.

Nas primeiras horas desta manhã, Belandria disse que um grupo de funcionários da embaixada da Venezuela no Brasil entrou em contato com a sua equipe para informar que reconhecem Guaidó como presidente.

"Eles começaram a abrir as portas e entregar voluntariamente a sede diplomática à representação legitimamente credenciada no Brasil", afirmou Belandria em nota.

A sede diplomática venezuelana em Brasília está sem embaixador desde 2016, quando Alberto Castellar foi chamado de volta ao país como resposta de Maduro ao impeachment da presidente Dilma Rousseff. Atualmente, o responsável pela representação é Freddy Meregote.

À imprensa, Meregote disse que o local "foi invadido irresponsavelmente por um grupo delitivo, de pessoas uniformizadas e não reconhecidas." Ele afirmou que a ação de apoiadores de Juan Guaidó "violenta a Convenção de Viena" e também falou em "violação dos direitos das famílias que moram na embaixada".

Meregote afirmou que, embora o presidente Jair Bolsonaro tenha reconhecido Belandria como embaixadora, a representação do governo de Maduro não foi declarada como "non grata".

"A Convenção de Viena diz que precisamos ser declarados 'non gratos' para sair do país" , afirma Freddy Meregote.

Apoiadores de Maduro e Guaidó se enfrentam diante da embaixada venezuelana em Brasília nesta quarta (13) — Foto: Sergio Moraes/Reuters

A Convenção de Viena, estabelecida em 1961, diz que "as premissas da missão diplomática são invioláveis. Os agentes do Estado receptor não podem entrar nelas, exceto com o consentimento do chefe da missão".

O documento ainda aponta no segundo item do artigo 22 sobre relações diplomáticas que "o Estado acreditado tem a obrigação especial de adotar todas as medidas apropriadas para proteger os locais da Missão contra qualquer intrusão ou dano e evitar perturbações à tranquilidade da Missão ou ofensas à sua dignidade. "

O ministro de Relações Exteriores do governo Maduro também citou o documento internacional ao denunciar a invasão da embaixada. "Responsabilizamos o governo do Brasil pela segurança de nossa equipe e instalações. Exigimos respeito pela Convenção de Viena sobre relações diplomáticas".

O que diz o governo federal

Nas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que "diante dos eventos ocorridos na Embaixada da Venezuela, repudiamos a interferência de atores externos".

"Estamos tomando as medidas necessárias para resguardar a ordem pública e evitar atos de violência, em conformidade com a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas", continuou.

Em nota, o Gabinete de Segurança Institucional disse que o presidente Jair Bolsonaro "jamais tomou conhecimento e, muito menos, incentivou a invasão da embaixada da Venezuela, por partidários do Sr. Juan Guaidó".

"As forças de segurança, da União e do Distrito Federal, estão tomando providências para que a situação se resolva pacificamente e retorne à normalidade", afirma nota do GSI.

O incidente ocorre no momento em que Brasília é sede da cúpula do Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

Polícia Militar em frente a embaixada da Venezuela, em Brasília. Durante madrugada, grupo que defende Guaidó ocupou prédio; defensores de Maduro protestam — Foto: Luiza Garonce/ G1

PM faz segurança do lado de fora da embaixada da Venezuela em Brasília — Foto: Luiza Garonce/G1

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