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Por Mariana Nogueira


Prazer, eu sou a Mari (Foto: Reprodução/Instagram) — Foto: Glamour
Prazer, eu sou a Mari (Foto: Reprodução/Instagram) — Foto: Glamour

Era só eu acordar e, ainda de pijama, já dava de cara com elas depois de correr 10 km, fazer um treinão no Ibirapuera e exibir barrigas saradas, pernas durinhas e uma vida "mara" no meu feed — tudo isso às 7 da manhã. Enquanto eu comia uma bisnaguinha, me culpava por ver na foto o abacate milimetricamente picado com as claras de ovo ao lado. Uma verdadeira obra de arte.

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No caminho do trabalho, já me programava para, a partir da próxima segunda-feira, comer mais saudável e seguir mesmo plano de exercícios que pareciam milagrosos nas redes sociais. Dava certo no primeiro dia. No segundo, já batia o mau humor. No terceiro, desistia de tudo e me rendia a um chocolatinho depois do almoço.

Me culpava. Achava que o que faltava em mim era um pouco de foco, força ou fé. E tentava de novo. Só depois de muito tempo, caí na real que a vida perfeita das blogueiras fitness não me inspirava. Pelo contrário, me frustrava. Foi aí que tomei uma decisão libertadora: deixei de seguir todas no Instagram.

Mirian Bottan (Foto: Reprodução/Instagram) — Foto: Glamour
Mirian Bottan (Foto: Reprodução/Instagram) — Foto: Glamour

Isso aconteceu no começo de 2017. Decidi fazer o tal do detox digital nas minhas redes sociais. Passei a seguir só coisas que me deixam feliz: perfis de astrólogas, de frases inspiradoras e do que eu realmente considero mulherões da p****... Aquelas que me deixam mais feliz de estar como estou, de ser e de me amar.

Longe de mim desmerecer a trajetória e o dia a dia dessas mulheres. Afinal, sou real oficial defensora da sororidade. Mas, simplesmente, tudo aquilo me deixava triste. Não fazia sentido seguir aquele ritmo, sabe? Eu nunca seria como elas. Eu olhava para a foto daqueles corpos e não conseguia traçar nenhum ponto de similaridade com o meu. Me culpava, me sentia feia e sozinha.

Candice Huffine (Foto: Reprodução/Instagram) — Foto: Glamour
Candice Huffine (Foto: Reprodução/Instagram) — Foto: Glamour

Eu, que nunca fui magra. Eu, que nunca tive pernas e braços finos. Eu, que tenho um metro e cinquenta de altura. Hoje, vejo que sou muito mais feliz olhando a foto de uma mulher como a Candice Huffine, que exibe suas curvas com orgulho. Ela foi lá, correu 42 quilômetros na maratona de Nova York, e postou uma foto com as gordurinhas do braço aparentes. E não ligou para o que iam pensar. Não te dá um alívio ver isso?

Naomi Wolf, uma escritora feminista, escreveu em seu livro "O Mito da Beleza", a seguinte frase que me ajudou nesse processo: "uma fixação cultural na magreza feminina não é uma obsessão pela beleza feminina, mas uma obsessão pela obediência feminina". Me deixa muito triste ver que o padrão que o universo coloca sobre nós, mulheres, seja tão sufocante.

Diante de todo esse panorama de autoaceitação, fiz um pedido ao universo: que eu confiasse mais em mim e na minha capacidade de amar cada gordurinha do meu corpo. E parece que deu certo, viu? Óbvio que eu tenho meus altos e baixos, mas, na totalidade deste ano, que está quase acabando, eu percebo que sou um ET. Te explico!

Enquanto todos ao meu redor insistem em dizer que ser magro é bonito, eu insisto em acreditar mais em mim. Na minha inteligência. No meu humor. No meu jeito doidinho de ser. É um tesão ver como esse processo me engrandece.

Joann van den Herik (Foto: Reprodução/Instagram) — Foto: Glamour
Joann van den Herik (Foto: Reprodução/Instagram) — Foto: Glamour

Resumindo? Na minha humilde opinião, deveríamos repensar o conceito de "body-positivity". Vamos pensar em "body- neutrality", afinal nossos corpos não devem ser o foco de tudo. Nossas ideias são tão mais importantes, né? Vamos nos cobrar menos, vamos fazer desse caminho algo mais suave e tranquilo.

Percebi que quero acordar de manhã e ver no meu feed a Mirian Bottam, que mostra que desafio do biquíni branco é simplesmente decidir usá-lo. Ou com a Ashley Graham, que é a primeira plus size a aparecer na lista de modelos mais bem pagas do mundo. É bem simples.

E aí, promete se amar mais em 2018?

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