RIO - Após a Justiça negar, na semana passada, o pedido de liberdade de Willian Preciliano Bezerra da Silva, de 20 anos — preso suspeito de fazer policiais militares da UPP do Morro dos Prazeres reféns — os advogados do rapaz, Jairo Escovedo e Vinicius Saldanha, entraram com nova solicitação de habeas corpus nesta segunda-feira. Eles argumentam que há deficiência na fundamentação que embasa a prisão cautelar:
— Já que existe fundada dúvida quanto ao envolvimento de Willian nos fatos, incerteza corroborada pela ampla repercussão do caso na sociedade, a defesa espera que o Poder Judiciário permita que William possa provar sua inocência em liberdade ao menos — disse Jairo Escovedo.
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No pedido, a defesa alega irregularidade formal no reconhecimento do jovem e ausência dos requisitos da prisão preventiva. Os advogados citam ainda as condições do acusado, que tinha residência fixa e boas notas no Colégio Estadual Monteiro de Carvalho, onde cursava o terceiro ano do ensino médio e apresentava 95% de frequência.
Na última sexta-feira, a juíza Paula Fernandes Machado, da 5ª Vara Criminal da Capital, afirmou que "ao contrário do que foi alegado pela defesa, não se trata de um mero reconhecimento por foto, havendo indícios de materialidade e de autoria, haja vista que a declaração extrajudicial de um policial militar, vítima, narra toda a suposta atuação do réu durante a empreitada criminosa, com riqueza de detalhes".
Willian foi preso no dia 9 de agosto, no Detran do Largo do Machado, quando se preparava para dar entrada no processo para tirar carteira de habilitação. Ele foi identificado por fotografias como um dos 40 criminosos que, em novembro do ano passado, cercaram e mantiveram reféns PMs da UPP Morro dos Prazeres. Nas fotografias, o adolescente aparece armado com fuzil. Mas, segundo moradores, as imagens utilizadas para que a Justiça decretasse sua prisão junto com a de outros 12 acusados são, na verdade, fotos tiradas durante as gravações do filme "Pacified", que está sendo produzido pelo diretor norte-americano Paxton Winters e produzido pela empresa Reagent Media.
Segundo a denúncia do Ministério Público, Willian estaria com uma pistola e, acompanhado de outro réu, Mayk, vigiava os policiais no interior da quadra. Seis dos nove policiais feitos reféns pelo bando reconheceram Willian Preciliano como sendo um dos autores dos fatos.
O ATAQUE À UPP
O ataque à UPP dos Prazeres ocorreu em 20 de novembro. As informações do RJTV mostraram que um grupo com cerca de 40 criminosos renderam quatro dos PMs em uma quadra da comunidade, há 50 metros da base da UPP. Os policiais foram levados para um local onde outros policiais já estavam sob domínio dos criminosos. Eles sofreram tortura psicológica durante uma hora e foram liberados em seguida. No depoimento, o policial relatou que ele e mais seis PMs foram levados até uma quadra na comunidade, e deixados desarmados. Os suspeitos, então, pediam que os policiais deixassem a localidade conhecida como "Doce Mel", além do fim do patrulhamento dos PMs em um local conhecido como o "Beco do Agnaldo".