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Trump provoca Coreia do Norte ao homenagear desertor no Congresso

Presidente usa discurso a congressistas para alertar mais uma vez sobre ameaça nuclear
Ji Seong-ho, desertor norte-coreano homenageado no Congresso americano pelo presidente Donald Trump Foto: LEAH MILLIS / REUTERS
Ji Seong-ho, desertor norte-coreano homenageado no Congresso americano pelo presidente Donald Trump Foto: LEAH MILLIS / REUTERS

WASHINGTON - Em meio às tensões nucleares entre Washington e Pyongyang, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump , usou o discurso mais importante neste primeiro ano de governo para alertar sobre o poderio nuclear da Coreia do Norte, em meio a temores sobre a possibilidade de um conflito armado. Em provocação ao regime asiático, o republicano homenageou um desertor norte-coreano durante seu discurso no Congresso sobre o Estado da União .

Ji Seong-ho, que escapou da Coreia do Norte em 2006, ocupou um lugar de destaque na tribuna, perto de onde estava a primeira-dama Melania Trump, enquanto o presidente contou sua história aos congressistas. Trump relatou o sofrimento de Seong-ho, que teve uma mão e um pé amputados depois que foi atropelado por um trem na Coreia do Norte em 1996.

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Desnutrido e amputado, ele foi torturado pelo regime por uma rápida visita a China, antes de escapar caminhando com muletas ao longo da China e do Sudeste Asiático em sua fuga para a liberdade.

— Hoje vive em Seul, onde resgata outros desertores, e transmite para dentro da Coreia do Norte o que o regime mais teme: a verdade — disse Trump. — Agora ele tem uma nova perna, mas Seong-ho, eu entendo que você conserve as muletas como uma recordação de quão longe você chegou. Seu sacrifício é uma inspiração para todos nós — completou.

Quando os legisladores se levantaram, Seong-ho fez o mesmo, exibindo triunfalmente suas muletas, o que provocou os aplausos de todos que acompanhavam o discurso.

Em seu discurso sobre o Estado da União — no qual o presidente americano faz um balanço do governo e aponta prioridades legislativas —, Trump disse que China e Rússia "ameaçam nossos interesses, nossa economia e nossos valores", mas reservou as palavras mais duras para Coreia do Norte e Irã.

— A irresponsável busca da Coreia do Norte em possuir mísseis nucleares pode muito em breve ameaçar nossa terra — afirmou o presidente, sugerindo que tem uma janela cada vez mais reduzida para responder a essa situação. — Estamos empenhados em uma campanha de máxima pressão para evitar que isso aconteça.

Em seu discurso no Congresso, Trump sugeriu que não está com paciência para acordos sem resultados. Para o presidente, "basta contemplar o caráter depravado do regime norte-coreano para entender a natureza da ameaça nuclear que ele representa para os Estados Unidos e para nossos aliados".

— A experiência passada nos ensinou que a complacência e as concessões geram apenas agressão e provocação — garantiu.

Trump também elevou o tom de suas críticas ao Irã, manifestando o apoio de seu governo aos recentes protestos nas ruas de Teerã. O presidente voltou a se comparar com seu antecessor Barack Obama e sugeriu que foi um erro não ter apoiado a chamada "Revolução Verde" do Irã em 2009.

— Quando o povo do Irã se ergueu contra os crimes de sua ditadura corrupta, não fiquei calado — disse. — (Os Estados Unidos) estão junto do povo do Irã em sua corajosa luta pela liberdade.