Por G1 Rio


Temporal no Rio mata quatro pessoas e deixa mais de dois mil desalojados

Temporal no Rio mata quatro pessoas e deixa mais de dois mil desalojados

Quatro pessoas morreram durante o temporal que atingiu o Rio na madrugada desta quinta-feira (15). Um homem e uma mulher estavam em casa e foram atingidos por um deslizamento de terra em Quintino. Em Realengo, um policial militar ia para o trabalho de carro quando uma árvore caiu sobre o veículo e o matou. Em Cascadura, um adolescente de 12 anos também morreu.

A chuva causou interdições, falta de energia, alagamentos e derrubou um trecho da ciclovia Tim Maia, na Zona Oeste. A prefeitura recomendou à população que evitasse circular na cidade pela manhã.

No Complexo do Alemão, ao menos 50 famílias ficaram desalojadas. A Defesa Civil do município interditou 17 casas. Em Cascadura, 10 casas foram isoladas pelos técnicos. Em Campo Grande, na Zona Oeste, imagens aéreas mostram quarteirões inteiros alagados. Ainda não há um balanço oficial do número de pessoas que tiveram que deixar suas casas.

Temporal causa morte e destruição no Rio

Temporal causa morte e destruição no Rio

Estragos causados pela chuva no bairro de Higienópolis, na zona norte do Rio de Janeiro, nesta quinta-feira (15) — Foto: Fábio Motta/Estadão Conteúdo

Recorde histórico

De acordo com o secretário da Casa Civil, Paulo Messina, o temporal desta madrugada foi o mais volumoso da história do Rio em um período de uma hora. Antes, o último recorde de chuva havia sido registrado no ano de 2000, quando em uma única hora choveu 116 mm. Desta vez, o registro foi de 123,2mm em apenas uma hora.

Segundo a estação do Alerta Rio na Barra, em uma hora choveu o esperado para todo o mês de fevereiro.

Temporal causa morte e destruição no Rio de Janeiro

Temporal causa morte e destruição no Rio de Janeiro

PM pegou atalho para fugir de congestionamento na Avenida Brasil e acabou morrendo ao ter carro atingido por árvore de grande porte na Zona Norte do Rio — Foto: Reprodução/TV Globo

Foram cinco horas em estágio de crise devido à chuva forte, que teve vento e raios. Às 5h30, a cidade retornou ao estado de atenção, mas várias vias seguiram interditadas e serviços ficaram suspensos, como trens e o BRT.

O estágio de crise é o pior de três estágios, com previsão de chuva forte a muito forte – desde 12 de março de 2016 o Rio não entrava em estágio de crise. Quando a cidade entra nessa situação, equipes emergenciais da prefeitura atuam contra transtornos generalizados, alagamentos e deslizamentos. O estágio de atenção é o segundo estágio, com previsão de chuva moderada a muito forte.

Homem é arrastado pela chuva ao tentar salvar moto no Rocinha

Homem é arrastado pela chuva ao tentar salvar moto no Rocinha

Enxurrada desloca carro na Rocinha, no Rio

Enxurrada desloca carro na Rocinha, no Rio

Ciclovia Tim Maia tem trecho afundado em São Conrado após temporal — Foto: Bárbara Carvalho/GloboNews

Trecho da Ciclovia Tim Maia desaba na Zona Sul do Rio

Trecho da Ciclovia Tim Maia desaba na Zona Sul do Rio

Dezenas de casas estão ilhadas no Magarça, Campo Grande — Foto: Reprodução / Tv Globo

Vítimas

O homem e a mulher que morreram em Quintino foram identificados como Marcos Garcia, de 59 anos, e Judina Magalhães, de 62.

O policial militar ainda não foi identificado. Ele era lotado no batalhão do Méier e trafegava na Avenida Brasil quando tentou fugir do trânsito. Ao pegar um atalho na rua Recife, acabou sendo morto com a queda da árvore.

Um adolescente de 12 anos também morreu, em Cascadura, Zona Norte do Rio.

Quem precisou sair de casa tem encontrando problemas nos transportes públicos e nas principais vias da cidade. A circulação do ramal Santa Cruz da Supervia está suspensa.

O BRT tem serviço irregular. Já o Metrô, segundo a concessionária, funciona normalmente, assim como os aeroportos Santos Dumont e Tom Jobim.

De acordo com o Alerta Rio, não há mais previsão de temporal para esta quinta-feira. Mas chuvas de moderada a forte podem voltar a ocorrer.

Chuva deixa pista lateral da Avenida Brasil interditada no sentido Centro — Foto: Reprodução / Tv Globo

Crianças brincam em ruas alagadas no Magarça, Campo Grande — Foto: Reprodução / Tv Globo

"Não é admissível que uma rua fique inundada por horas. A rua pode ficar, numa tempestade fortíssima, inundada por minutos. A chuva que ocorreu não foi uma chuva extraordniária. Forte, porém de curtíssima duração. Tem uma falha estrutural do sistema de microdrenagem, que deveria ser atacado diariamente", diz o engenheiro Paulo Canedo.

"Como todo santo dia, a Prefeitura faz a limpeza superficial da cidade, a aparente, [quando] deveria fazer manutenção da cidade submersa, que são os canos, que conduzem água das chuvas para o rio e para o mar. Essa segunda cidade deve ser permanentemente visitada para limpezas, correções. De tal maneira que consiga levar a água da chuva para o mar."

Estragos do temporal

Barra, Realengo e outros pontos da Zona Oeste estão sem luz desde a madrugada. A Light informou que houve muitas ocorrências de árvores que caíram sobre a rede elétrica, o que prejudica o fornecimento de energia.

Seis hospitais foram afetados. O Hospital Lourenço Jorge, na Barra, também ficou sem luz e a unidade alagou. No Hospital Getúlio Vargas, usaram rodos para tirar a água dos corredores. No Hospital Jesus, havia goteiras e parte do teto no chão. No Carlos Chagas, havia uma cascata vindo do teto, como mostrou o RJTV.

Ao menos 50 famílias ficaram desalojadas no conjunto de favelas do Alemão, segundo o jornal "Voz das Comunidades". Um rio que corta a Favelinha do Skoll transbordou, alagando e destruindo casas. Por volta de 11h30, a Defesa Civil informou que estava a caminho do local. Na Lapa, a Avenida Gomes Freire foi interditada devido à queda de uma árvore na via, que atingiu um táxi. O veículo ficou destruído.

Forte chuva que atingiu o Rio de Janeiro na madruga desta quarta deixou ruas completamente alagadas — Foto: Celso Pupo/Fotoarena/Estadão Conteúdo

A tempestade ocorreu desde o início da madrugada, principalmente na Zona Oeste da cidade. Em Guaratiba, Jacarepaguá e na Cidade de Deus, o registro foi de chuva forte. Há relatos de ruas inundadas no Engenho Novo, Encantado e Maracanã, onde um carro chegou a ser arrastado.

Na Barra, em apenas uma hora, a estação do Alerta Rio registrou 119% da chuva esperada para todo o mês de fevereiro — entre 23h45 e 0h45, foram 123,2mm. Em uma casa de shows do bairro, que tinha Thiaguinho como uma das atrações, o toldo da festa caiu e pessoas ficaram feridas.

Toldo desabou durante evento no Rio Beach Club — Foto: Arquivo Pessoal

Em Jacarepaguá, das 17h de quarta (14) às 2h de quinta (15), choveu quase 150% da média de chuva esperada para todo o mês de fevereiro.

"Os dois principais tipos de ocorrência que enfrentamos na madrugada inteira foram bolsões d'água e ocorrências de árvores que caíram. Tivemos uma fatalidade associada à chuva impensável, que só vai se repetir daqui a 150 anos, com ventos de 123 km/h", afirmou o secretário da Casa Civil, Paulo Messina.

"Na madrugada, tivemos 200 homens da Comlurb trabalhando com a retirada, agora já temos 2 mil homens. Conseguimos rapidamente recuperar a Grajaú-Jacarepaguá e a Linha Vermelha. A prioridade são as vias expressas", diz.

Avenida Brasil tem congestionamento com bolsão d'água — Foto: Reprodução / TV Globo

Principais vias afetadas

  • Grajaú-Jacarepaguá: interditada na altura do KM 5,4, ambos os sentidos.
  • Rua Albérico Diniz, em Jardim Sulacap: interditada.
  • Curva Chico Anysio, Barra da Tijuca: parcialmente interditada
  • Av. Gomes Freire, altura do nº 380, na Lapa: interditada
  • Av. Brasil, altura de Benfica, Caju e de Manguinhos: parcialmente interditada
  • Estrada dos Bandeirantes, altura da Merck, na Taquara: parcialmente interditada
  • Av. Ayrton Senna, altura do Makro, na Barra, sentido Linha Amarela: parcialmente interditada

Aeroportos

De acordo com o boletim da concessionário RioGaleão, o aeroporto Tom Jobim teve cinco voos desviados. Às 6h, pousos e decolagens ocorriam no visual. O Santos Dumont, desde aquele horário, funciona normalmente.

PF suspende emissão de passaporte no Galeão

Por causa da chuva, a Polícia Federal (PF) suspendeu a emissão de passaporte agendada para esta quinta-feira no posto do Galeão. Os registros de estrangeiros também não serão feitos.

A PF pede que as pessoas que tinham agendamento marcado nesta quinta não se desloquem até o aeroporto e afirma que o serviço já está sendo automaticamente reagendado – o atendimento será feito assim que o serviço seja restabelecido no local.

A nova data marcada estará disponível para o usuário no site www.dpf.gov.br. O atendimento nos demais postos ocorre normalmente.

Justiça

A Justiça do Rio também sofreu os efeitos da forte chuva. Dos 88 prédios do Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ), cinco estão interditados por causa de alagamentos e falta de energia em decorrência da chuva.

Não estão funcionando nesta quinta: fóruns regionais de Bangu, Campo Grande, Madureira e as instalações do XVI Juizado Especial Cível de Jacarepaguá , que funciona no RioShopping, além do fórum do município de Seropédica. A previsão é de que funcionem normalmente amanhã.

Metrô

Segundo a concessionária, 41 estações das linhas 1, 2 e 4 operam normalmente.

BRT

O serviço do BRT enfrentou problemas pela manhã e foi totalmente normalizado no iníciio da tarde.

Trens

Devido à queda de um dirigível do Exército na linha do trem, o ramal Santa Cruz está fechado. Os ramais de Belford Roxo, Saracuruna e Deodoro, tiveram intedições durante a manhã e voltaram a funconar normalmente à tarde.

Rio entra em estágio de crise devido à chuva

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Sirenes

Setenta e sete sirenes foram acionadas em 44 comunidades do Rio, segundo informações da Defesa Civil do Rio.

Prefeito do Rio segue em viagem internacional mesmo após temporal

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Os moradores foram orientados por agentes comunitários e da Defesa Civil Municipal a se dirigirem aos pontos de apoio.

Mapa mostra os principais locais afetados pela chuva torrencial nesta quinta-feira no Rio — Foto: Claudia Peixoto/Editoria de Arte G1

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