Por G1 Rio


'Só achamos a senhora já sem vida quando a água baixou', diz vizinho de mulher morta

'Só achamos a senhora já sem vida quando a água baixou', diz vizinho de mulher morta

Os vizinhos de dois moradores de Quintino, na Zona Norte do Rio, que morreram no temporal da madrugada desta quinta-feira (15) contaram que foram surpreendidos pela chuva forte, e que a água invadiu as casas como "um tsunami".

O temporal também matou outras duas pessoas: um adolescente de 12 anos em Cascadura, e um sargento da PM que teve o carro atingido por uma árvore em Realengo.

Os moradores que dividiam o terreno com Marcos Garcia, de 59 anos, e Jupira Magalhães, de 62, ficaram chocados com o que ocorreu. A força da água derrubou um muro em cima de uma das vítimas.

Morador de Quintino, Marcos Garcia morreu ao ser atingido por um muro que caiu com a força das águas da chuva — Foto: Arquivo Pessoal

Em entrevista à GloboNews, o vizinho de Marcos e Jupira contou que a chuva invadiu sua casa por volta de 1h15. Segundo ele, a água demorou 40 minutos para baixar.

"Foi horrível, foi horrível. A água subiu mais de dois metros do outro lado, arrebentou o meu quarto, e saiu como um tsunami de dentro dali", afirmou o rodoviário Edmar da Silva.

Segundo ele, os vizinhos ainda tentaram socorrer as vítimas.

Temporal deixa quatro mortos no Rio

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"Desabou o muro em cima do Seu Marcos. Outros vizinhos o levantaram e tentamos reanimar o Seu Marcos, mas não fomos bem sucedidos. Ninguém se apercebeu da saída da senhora Jupira, ela deve ter escorregado, ficou presa no paredão. É uma tragédia, uma tragédia", afirmou ele.

O filho de Marcos, Rafael Triano, disse que a vila não costumava alagar mesmo com chuvas mais fortes. Ele afirmou que o pai sempre ajudava nos momentos de chuva.

Jupira ficou submersa e não resistiu ao ser atingida por pedaço de concreto — Foto: Reprodução/TV Globo

"Foi a hora que a casa que dá fundos teve um muro que cedeu, e ele veio para cima do meu pai. Aqui embaixo passa um rio. Pode acontecer um novo temporal, com uma nova tragédia. Os moradores não têm ajuda, estamos precisando para retirar os entulhos", disse Rafael.

Estragos

A Zona Oeste foi uma das regiões mais atingidas pela chuva. Alguns trechos da Barra da Tijuca, Realengo e outros pontos da região estão sem luz desde a madrugada.

A Light informou que houve muitas ocorrências de árvores que caíram sobre a rede elétrica em diversos bairros, o que prejudicou o fornecimento de energia. Equipes trabalhavam para restabelecer o fornecimento.

Muro não resistiu e acabou caindo sobre homem em Quintino — Foto: Reprodução/TV Globo

Na Zona Norte, o pátio do batalhão de Polícia Militar de Rocha Miranda inundou e 17 viaturas foram danificadas. Uma foto mostra quatro delas submersas, apenas com as sirenes acima do nível da água.

Quatro hospitais foram afetados. O Hospital Lourenço Jorge, na Barra, ficou sem luz e alagado. No Hospital Getúlio Vargas, usaram rodos para tirar a água dos corredores. No Hospital Jesus, havia goteiras e parte do teto no chão. No Carlos Chagas, havia uma cascata vindo do teto, como mostrou o RJTV.

Trecho da ciclovia de São Conrado é interditado após desabamento

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Um trecho da ciclovia Tim Maia, na Zona Sul do Rio, desabou no forte temporal. A queda ocorreu às 7h, em São Conrado, e não houve vítimas, segundo o Centro de Operações. É a segunda vez que parte da ciclovia desaba. Em 2016, duas pessoas morreram.

Ao menos 50 famílias ficaram desalojadas no conjunto de favelas do Alemão, segundo o jornal "Voz das Comunidades". Um rio que corta a Favelinha do Skoll transbordou, alagando e destruindo casas. Na Lapa, a Avenida Gomes Freire foi interditada devido à queda de uma árvore na via, que atingiu um táxi.

119% de chuva a mais para o mês

A tempestade começou no início da madrugada, principalmente na Zona Oeste da cidade. Em Guaratiba, Barra da Tijuca, Jacarepaguá e na Cidade de Deus, o registro foi de chuva forte a partir da meia-noite.

Na Barra da Tijuca, em apenas uma hora, a estação do Alerta Rio da prefeitura registrou 119% da chuva esperada para todo o mês de fevereiro — entre 23h45 e 0h45, foram 123,2mm. Na Zona Norte do Rio, moradores relataram ruas inundadas no Engenho Novo, Encantado e Maracanã, onde um carro chegou a ser arrastado.

A Defesa Civil do Rio acionou 77 sirenes em 44 comunidades do Rio. Entre as comunidades estão: Alemão, Rocinha, Macacos e Vidigal.

Dirigível cai nos trilhos do trens na Zona Norte — Foto: Reprodução TV Globo

Transtornos nos trens

O sistema de trens sofreu com a chuva e vários trechos foram suspensos. Até às 14h35, o ramal de Santa Cruz permanecia fechado por causa da queda de um dirigível do Exército na linha do trem. O ramal de Belford Roxo teve circulação apenas entre Pavuna e Belford Roxo.

Também houve interrupção no ramal de Saracuruna e extensões Vila Inhomirim e Guapimirim. interrompida. No Ramal Deodoro, as paradas nas estações Riachuelo, Sampaio, Engenho Novo, Méier, Piedade e Quintino foram suspensas durante a manhã.

PF suspende emissão de passaporte no Galeão

Por causa da chuva, a Polícia Federal (PF) suspendeu a emissão de passaporte agendada para esta quinta-feira no posto do Galeão. Os registros de estrangeiros também não serão feitos.

A PF pede que as pessoas que tinham agendamento marcado nesta quinta não se desloquem até o aeroporto e afirma que o serviço já está sendo automaticamente reagendado – o atendimento será feito assim que o serviço seja restabelecido no local.

A nova data marcada estará disponível para o usuário no site www.dpf.gov.br. O atendimento nos demais postos ocorre normalmente.

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