Por G1


Muhammad Najem, de 15 anos, divulga conflito em Guta Oriental, na Síria, nas redes sociais — Foto: Reprodução/ Twitter Muhammad Najem

Muhammad Najem, de 15 anos, tem retratado nas redes sociais o conflito em Guta Oriental, uma região nos arredores de Damasco, na Síria, que chamou a atenção no noticiário internacional por ser palco de sangrentos bombardeios nos últimos dias.

Nesta sexta (23), pelo 6º dia consecutivo, a região voltou a ser atacada. Até agora, já foram registradas mais de 400 mortes, de acordo com o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), ONG com sede em Londres. Entre segunda (19) e terça (20), ataques deixaram 250 civis mortos – entre eles 58 crianças - balanço de vítimas recorde em apenas 48 horas desde 2013.

Najem mostra fotos de feridos, destroços e cenas de resgates. Com uma bandeira síria enrolada no pescoço, como um lenço, ele afirma em um vídeo: “nosso sangue corre todos os dias". “Nossa fome, frio e deslocamento se tornaram um sinal comum. Salve nosso povo em Guta”, afirmou.

Vítimas são resgatadas após mais um bombardeio na região síria de Guta

Vítimas são resgatadas após mais um bombardeio na região síria de Guta

Em seus vídeos, ele denuncia as atrocidades. “As pessoas devem saber sobre tudo o que acontece na Síria. Eu quero me tornar repórter quando eu crescer”, afirmou à CNN. A rede americana informou que a autencidade dos vídeos que mostram bombardeios não pode ser verificada.

Morte do amigo

A morte é frequente nos relatos de Najem. No início de fevereiro, um amigo dele foi morto em um bombardeio e outro ficou ferido. No dia seguinte, ele tuitou: “Ontem nós estávamos brincando juntos no abrigo subterrâneo. Hoje, meu amigo e sua família foram mortos por um avião de combate. Ele e sua família não conseguiram ficar sob os escombros do prédio de quatro andares perto da minha casa”.

Enquanto as bombas continuam a cair, ele mostra seus vizinhos fora da escola e denuncia a falta de assistência médica.

“Uma violenta campanha foi lançada pelo regime de Assad nos últimos dois dias em Guta Oriental. Por que todo o nosso sangue está se tornando sem valor e comunidade internacional segue inábil e em silêncio”, afirma em vídeo.

Guta Oriental

Guta Oriental é um antigo destino de viagens de final de semana para os moradores da capital síria, Damasco, e atualmente um dos últimos redutos de rebeldes que lutam contra o regime do ditador Bashar Al-Assad.

O cerco a Guta Oriental teve início em 2013, dois anos depois de explodir a guerra na Síria. Nesta região, de cerca de 100 quilômetros quadrados, 400 mil pessoas vivem cercados por forças pró-Damasco.

Apesar de ser isolada e bombardeada há anos, desde o último domingo Guta Oriental é alvo de uma nova campanha aérea lançada pelo regime de Assad e seu aliado, a Rússia.

Cessar-fogo

Nesta sexta, a União Europeia fez um apelo para que seja aprovado um cessar-fogo na Síria para permitir a entrada de ajuda humanitária e retirada de feridos, segundo a Reuters. O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) deve discutir nesta tarde a pausa de 30 dias nos ataques com as partes envolvidas.

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