Audiência foi feita no Fórum de Guarapuava na tarde desta quinta-feira (21) — Foto: William Batista/RPC
Luis Felipe Manvailer, acusado de ter matado a própria esposa, voltou a negar que matou a advogada Tatiana Spitzner na tarde desta quinta-feira (21) em Guarapuava, na região central do Paraná. Ele optou por não responder às perguntas previstas para o interrogatório, mas fez uma breve declaração.
O acusado relatou que a família da advogada influenciou algumas testemunhas. Para Luis Felipe, as testemunhas que foram influenciadas disseram na delegacia que ouviram Tatiane gritando durante a queda e que mudaram o depoimento nas audiências.
Para Luis Felipe Manvailer, as únicas testemunhas que não foram influenciadas foram um rapaz que estava em um bar antes da morte de Tatiane e uma vizinha que foi ouvida nesta quarta-feira (20) por Carta Precatória.
A vizinha disse à Justiça que ouviu Tatiane gritando durante a queda. Outros vizinhos, que foram ouvidos pela Justiça, disseram ter ouvido a discussão. Um casal relatou ter escutado Tatiane pedindo socorro e depois um barulho forte.
Após a declaração, a juíza Paola Mancini ainda tentou fazer perguntas, mas o réu disse que ficaria em silêncio. A juíza passou a palavra para advogados de defesa e acusação, mas Luis Felipe se manteve calado e a audiência foi encerrada.
A juíza solicitou à defesa para que a senha do celular de Luis Felipe Manvailer seja cedida para perícia, e deu prazo de 48 horas para resposta. Além disso, após esse prazo, a Justiça estipulou mais dez dias para que as partes apresentem as alegações finais. Apenas após esse tempo, a magistrada irá definir se Luis Felipe Manvailer vai a júri popular ou não.
Os advogados da família de Tatiane Spitzner disseram que lamentam o silêncio do acusado, e que essa era a oportunidade para que ele defendesse sua inocência. Os advogados ainda disseram ter estranhado a declaração de Luis Felipe sobre a influência da família Spitzner sobre testemunhas.
A defesa de Luis Felipe Manvailer relatou que o silêncio do réu não foi uma estratégia. Os advogados também disseram que o depoimento da testemunha que foi ouvida na quarta-feira (20) reforça que Tatiane Spitzner não foi morta antes de cair do 4º andar do prédio em que morava.
A promotoria do Ministério Público do Paraná (MP-PR) disse que já esperava que Luis Felipe não colaboraria durante o interrogatório.
Em audiências anteriores, Luis Felipe Manvailer ouviu o depoimento de testemunhas calado. — Foto: Reprodução/RPC
Relembre o caso
A advogada Tatiane Spitzner foi encontrada morta na madrugada do dia 22 de julho no apartamento em que o casal morava em Guarapuava. O marido dela, Luis Felipe Manvailer, é acusado pelo Ministério Público (MP-PR) de ter matado Tatiane por asfixia.
Na madrugada da morte da advogada, a Polícia Militar (PM) recebeu um chamado de que uma mulher teria saltado ou sido jogada de um prédio e caído na calçada. Ao chegar no local, testemunhas relataram que um homem teria carregado o corpo para dentro do prédio. Rastros de sangue foram encontrado na calçada.
Na sequência, a PM encontrou corpo da advogada dentro do apartamento. A equipe chegou a solicitar por socorro. Quando o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) chegou ao local constaram que Tatiane já estava morta, conforme o Boletim de Ocorrências (B.O.).
Segundo o MP-PR, Luis Felipe Manvailer matou a mulher por esganadura. Na sequência, ele jogou o corpo da advogada pela sacada do prédio onde morava, recolheu o corpo e o levou de volta para o apartamento, conforme a denúncia. O réu é acusado pelos crimes de homicídio qualificado, cárcere privado e fraude processual.
Imagens de câmeras de segurança do circuito interno do prédio mostram Luis Felipe agredindo Tatiane. Algum tempo depois, o acusado aparece carregando a mulher no colo. Em uma outra imagem, Luis Felipe aparece no elevador limpando vestígios de sangue, segundo a Polícia Civil.
O réu foi preso horas depois ao se envolver em um acidente na BR-277, em São Miguel do Iguaçu, no oeste do Paraná. Durante a audiência de custódia, Luis Felipe negou ter matado Tatiane e disse que a esposa se suicidou. O acusado disse que bateu o carro porque a imagem de Tatiane pulando da sacada não saía da cabeça dele. Para a Polícia Civil, o réu tentava fugir para o Paraguai.
IML concluiu que advogada Tatiane Spitzner morreu por asfixia — Foto: Reprodução/JN
CASO TATIANE SPITZNER
-
Advogada é encontrada morta após queda de 4º andar de prédio em Guarapuava
-
Marido levou corpo da mulher para apartamento após queda, diz delegado
-
'Era um casal feliz', diz advogado de suspeito de jogar mulher do 4º andar
-
Suspeito de matar esposa é transferido de São Miguel do Iguaçu para Guarapuava
-
Testemunha diz ter visto marido recolher corpo de mulher: 'Meu amor, acorda'
-
'A imagem da minha esposa pulando a sacada não saía da minha cabeça', diz suspeito
-
MP diz que advogada encontrada morta estava em uma relação abusiva
-
'Sinto não poder abraçar e beijar a minha filha de novo', diz pai de advogada
-
Criminalística e polícia fazem perícia no local da morte de advogada
-
Vizinho de prédio diz ter visto uma mulher ameaçando se jogar
-
Polícia indicia por feminicídio marido de advogada que caiu do 4º andar
-
Defesa de marido diz que mensagens de advogada estão 'fora de contexto'
-
Imagens mostram agressões de marido a advogada que caiu do 4º andar de prédio
-
MP-PR denuncia marido de Tatiane Spitzner por homicídio, cárcere privado e fraude processual
-
Justiça aceita denúncia contra marido acusado de matar Tatiane Spitzner
-
Justiça nega pedido de suspensão do processo que investiga morte da advogada Tatiane Spitzner
-
Defesa de acusado de matar pede transferência para 'atendimento psiquiátrico urgente'
-
Pai de Tatiane diz que violência de gênero 'assola nosso país' e que causa 'é de muitos'
-
Justiça autoriza perícia particular no apartamento de Tatiane
-
Justiça nega pedido de suspensão do processo que investiga morte da advogada
-
Laudo sobre morte sugere que não houve impulso na queda de 4º andar de prédio
-
Laudo aponta ranhuras semelhantes às de esmalte na sacada de prédio
-
PMs dizem que marido de Tatiane não tinha sinais de embriaguez ao ser preso
-
Defesa de marido pede, novamente, suspensão do processo que investiga morte da advogada
-
IML confirma que morte de Tatiane Spitzner foi por asfixia mecânica
-
MP altera denúncia do caso Tatiane Spitzner na tentativa de aumentar pena de marido
-
Advogados de marido apresentam à Justiça a defesa sobre o caso da morte dela
-
Justiça marca interrogatório do marido de Tatiane Spitzner para dezembro
-
Pai e irmã da vítima falam por mais de três horas em audiência
-
Justiça define que marido, Luís Felipe Manvailer, vai a júri popular
-
TJ-PR exclui duas qualificadoras da acusação de homicídio contra réu por matar Tatiane Spitzner
Veja mais notícias da região no G1 Campos Gerais e Sul.