Rio

Munição usada para matar Marielle veio de lote vendido para a Polícia Federal

De acordo com informações do RJTV, as polícias Civil e Federal vão iniciar um trabalho conjunto de rastreamento
Perito analisa marcas de tiros no carro em que foram mortos a vereadora Marielle Franco (PSOL) e o motorista Anderson Pedro Gomes em 15/03/2018 Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo
Perito analisa marcas de tiros no carro em que foram mortos a vereadora Marielle Franco (PSOL) e o motorista Anderson Pedro Gomes em 15/03/2018 Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo

RIO - A munição da pistola 9mm utilizada pelos criminosos que mataram a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Pedro Gomes saiu  de um lote vendido para a Polícia Federal de Brasília em 2006, revelou o "RJTV", da TV Globo. Segundo reportagem do jornalista Leslie Leitão, as polícias Civil e Federal vão iniciar um trabalho conjunto de rastreamento para investigar desvio do material. De acordo com a perícia da Divisão de Homicídios, a munição é do lote UZZ-18, original. Ou seja, não foi recarregada.

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Segundo a TV Globo, os lotes de munições foram vendidos à PF de Brasília pela empresa CBC no dia 29 de dezembro de 2006, com as notas fiscais número 220-821 e 220-822. Em uma nova perícia feita no fim da tarde desta quinta-feira, ficou constatado que 13 disparos atingiram o veículo em que Marielle estava: nove na lataria e quatro no vidro. Ainda de acordo com a TV Globo, o carro usado pelos criminosos tinha a placa clonada. Estão sendo feitas buscas na Baixada Fluminense pelo veículo.

CELULARES DEIXADOS PARA TRÁS

Os criminosos deixaram para trás R$ 346 e três celulares que estavam com as vítimas dentro do Chevrolet Agile branco da vereadora. O dinheiro e os aparelhos foram apreendidos por agentes da Delegacia de Homicídios (DH), que investigam o crime. Para investigadores, o fato de nada ter sido levado comprova a linha de investigação de que Marielle foi executada. No local do crime, os policiais também apreenderam nove estojos de calibre 9mm de duas marcas marcas diferentes, uma brasileira e outra colombiana. Para a polícia, o atirador fez os disparos e, logo em seguida, os criminosos fugiram, sem nem desembarcar do veículo.

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Para a DH, dois carros participaram do crime: um Cobalt prata, onde estava o atirador, e outro veículo, que foi flagrado por câmeras da CET-Rio já obtidas pela DH se dirigindo para o local do crime. De acordo com os agentes da especializada, no segundo veículo, estavam homens que observavam a movimentação da vereadora durante o evento que ela participava, na Lapa, antes do crime. Entretanto, após a saída de Marielle do local, na Rua dos Inválidos, o carro segue o Cobalt.

A polícia trabalha com a hipótese de o segundo carro ter entrado na frente do veículo onde estava a vereadora, para facilitar o trabalho do atirador, que vinha no outro veículo. As câmeras da prefeitura, entretanto, não mostram o local do crime, só partes do trajeto feitos pelos carros, da Lapa até o Estácio. A polícia também já sabe a rota de fuga dos criminosos: eles entraram na Rua Joaquim Palhares, sentido Leopoldina, onde poderiam pegar a Avenida Brasil ou a ponte Rio-Niterói. Novas câmeras estão sendo analisadas para desvendar o resto da rota dos criminosos.

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Duas testemunhas já prestaram depoimento. Uma delas foi a assessora da parlamentar que sobreviveu ao ataque. Ela ficou ferida por estilhaços e foi ouvida pela polícia por quase cinco horas na DH.

A vereadora Marielle Franco (PSOL), de 38 anos, foi assassinada a tiros por volta das 21h30m desta quarta-feira, no Estácio, próximo à prefeitura do Rio. Ela foi a quinta mais votada em 2016 e se movimentava em prol dos Direitos Humanos.
A vereadora Marielle Franco (PSOL), de 38 anos, foi assassinada a tiros por volta das 21h30m desta quarta-feira, no Estácio, próximo à prefeitura do Rio. Ela foi a quinta mais votada em 2016 e se movimentava em prol dos Direitos Humanos.