Edição do dia 04/10/2016

04/10/2016 21h05 - Atualizado em 04/10/2016 21h47

Enem mostra desigualdade entre ensino público e privado

Das cem escolas com maiores notas, só três são públicas, da rede federal.
Nota média dos alunos caiu em três áreas de conhecimento.

O Ministério da Educação divulgou o desempenho dos alunos e das escolas no Enem do ano passado e deixou ainda mais evidente o abismo que existe entre o ensino público e o particular.

Das cem escolas com as maiores notas, só três são públicas, da rede federal. O Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Viçosa, em Minas Gerais (33º), o Politécnico da Federal de Santa Maria, no Rio Grande do Sul (34º), e o Colégio de Aplicação da Federal de Pernambuco (54º).

Nove em cada dez escolas públicas ficaram abaixo da média nacional. Na capital do país, a escola pública mantida pelo governo do Distrito Federal com melhor resultado aparece na posição 4.346 na lista do Enem.

Quase 15 mil escolas públicas e privadas participaram. Só foram avaliados os colégios onde mais da metade dos alunos fizeram a prova do Enem e não tiraram zero.

A média dos alunos caiu em três áreas de conhecimento - ciências da natureza, linguagens e matemática. O rendimento só melhorou em ciências humanas e redação

A nota média das escolas que atendem as famílias mais ricas é 599. Já as que atendem as mais pobres é 454.

O movimento Todos Pela Educação vê nesses resultados mais uma alerta para a urgência de se melhorar a escola pública.

“Esse ranking do Enem é basicamente um ranking de nível socioeconômico. Se eu quero uma sociedade em que todos aprendam, não só os mais ricos, eu preciso investir mais na escola pública aqui no Brasil”, afirma a presidente do movimento, Priscila Cruz.

A secretária-executiva do MEC usou o resultado do Enem para defender a reforma do ensino médio. Ela sustenta que o modelo atual dificulta ainda mais o acesso dos mais pobres à universidade pública, já que a maioria toma como referência as notas do Enem para o acesso.

“O ensino médio se tornou num cursinho preparatório para o Enem. Quem tem mais dinheiro para pagar cursinho, passa no Enem. Os que não têm, mesmo com regime de cotas e tudo mais, acabam nem concorrendo ao Enem porque acham que não vão conseguir passar. Então, essa situação realmente precisa ser mudada. A reforma vem com esse objetivo”, afirma Maria Helena Guimarães de Castro.

Confira a lista dos colégios com as melhores notas no Enem do ano passado.

Para se preparar para a prova deste ano, os estudantes podem baixar, de graça, o aplicativo G1 Enem.