26/09/2016 21h06 - Atualizado em 26/09/2016 21h06

Gaeco acredita que fraude no DPVAT fez milhares de vítimas no país

Operação foi realizada nesta segunda-feira (26) em Londrina, no Paraná.
Dono de empresa investigada é considerado foragido.

Do G1 PR, com informações da RPC Londrina

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) acredita que as fraudes contra o Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículo Automotor (DPVAT) tenha feito milhares de vítimas em todo o país. Uma operação foi realizada nesta segunda-feira (26) em Londrina, no norte do Paraná para apurar irregularidades na liberação do seguro obrigatório.

Foram cumpridos, ao longo do dia, seis mandados de busca e apreensão. De acordo com o delegado do Gaeco Alan Flore, foram recolhidos documentos, computadores e armas.

Também foram encontrados munição de uso restrito e um pequeno cofre. O delegado estima que a cópia do banco de dados dos computadores apreendidos demore três dias.

Com as provas, Gaeco quer descobrir se mais pessoas estão envolvidas no suposto esquema.

O esquema
A Cantoni Revisões, empresa de Londrina, é suspeita de irregularidades na liberação do seguro obrigatório, que paga até R$ 13,5 mil para vítimas de acidentes de trânsito.

“Há situação em que a indenização era paga e o cliente não recebia, porque a empresa fazia a retenção dos valores, e também a hipótese de a empresa ingressar com ações sem que os clientes tivessem conhecimento”, afirma Flore.

As investigações apuraram irregularidades cometidas há pelo menos dez anos e mostraram que a empresa tinha informações privilegiadas de vítimas de acidentes de trânsito.

Rafael Júnior sofreu acidente de moto do ano passado e foi procurado pela empresa investigada. Ele ainda não recebeu a indenização.

“Não sei se eles acharam meu telefone através do hospital. Eles ligaram na minha casa quando eu sofri o acidente”, conta Júnior. Ele ainda relatou que a empresa iria cobrar pelo serviço apenas 10% do valor da indenização.

A Cantoni Revisões chegou a ter 24 filiais, algumas no nordeste do Brasil. Vários escritórios foram desativados nos últimos meses. A lucratividade da empresa diminuiu depois que a liberação do DPVAT ficou mais rígida.

Mandado de prisão
O juiz da 5ª Vara Criminal, Paulo Roldão, determinou a prisão preventiva, o bloqueio das contas bancárias e a indisponibilidade dos bens do empresário Márcio Cantoni, proprietário da empresa. Cantoni não foi localizado e é considerado foragido.

O delegado diz que o empresário vai responder por vários crimes, como apropriação indébita, estelionato, falsidade ideológica e posse ilegal de munição.

De acordo com a defesa, Cantoni está em viagem aos Estados Unidos. O advogado Josafar Guimarães acompanhou as buscas.

“Nós estamos nos inteirando a respeito dos fatos. Não tivemos acesso a toda a documentação, mas acredito que tudo vai ser esclarecido assim que tomarmos ciência das acusações”, disse Guimarães.

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