Por G1


Bayer anunciou que fechou acordo pela compra da Monsanto — Foto: Marco Bello/Reuters/Arquivo; Brendan McDermid/Reuters/Arquivo

O grupo alemão do setor agroquímico Bayer pode comprar a concorrente americana Monsanto com a condição de resolver a sobreposição de atividades em setores como sementes ou a agricultura digital, anunciou a Comissão Europeia, que aprovou a fusão.

"Autorizamos o projeto de aquisição da Monsanto pela Bayer porque as soluções propostas pelas partes, acima dos 6 bilhões de euros, respondem plenamente a nossas preocupações em termos de concorrência", disse a comissária europeia Margrethe Vestager.

A Bayer é farmacêutica e companhia de produtos químicos. A Monsanto é líder mundial em herbicidas e engenharia genética de sementes e dominava, antes da venda de ativos para a Basf, o setor de sementes transgênicas de milho, trigo e soja.

Juntas, Bayer e Monsanto formam um gigante mundial com volume de negócios anual de 23 bilhões de euros (US$ 25,8 bilhões) e quase 140 mil funcionários.

A fusão global das duas empresas foi anunciada em setembro de 2016, por US$ 66 bilhões, e criou a maior companhia integrada de pesticidas e sementes do mundo. Entretanto, ainda precisava passar pelo crivo de autoridades antitruste (defesa da concorrência).

O acordo cria uma empresa que dominará mais de um quarto do mercado mundial combinado para sementes e pesticidas em uma rápida consolidação da indústria de insumos agrícolas.

Na Alemanha, país onde a sociedade se opõe em grande número aos transgênicos, a compra da Monsanto por uma das empresas históricas da indústria nacional, foi condenada por organizações e políticos ecologistas, que também criticam frequentemente os pesticidas de Bayer e chamam a fusão de "casamento dos infernos".

Cade aprovou em fevereiro

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou no dia 7 de fevereiro a compra, com restrições, da norte-americana Monsanto pela alemã Bayer.

O Cade condiciou a aprovação da operação à venda, pela Bayer, dos negócios de sementes e herbicidas para a Basf, por US$ 7 bilhões.

O relator do processo no Cade, conselheiro Paulo Burnier da Silveira, avaliou que os "remédios" propostos, de venda para a Basf de ativos de sementes e de herbicidas, são "suficientes e oportunos" para endereçar os problemas de concentração de mercado.

Ele avaliou ainda que essa fusão da Bayer e da Monsanto já foi submedida a entidades reguladoras de 29 países, sendo que metade dos processos já foi aprovada.

Burnier destacou a cooperação internacional do Cade nesse processo, por meio da troca de informações com órgãos reguladores de outras nações.

O voto do relator não foi, entretanto, acompanhado por todos conselheiros. João Paulo de Resende apontou, por exemplo, que a soja, uma das principais fontes de divisa da agricultura brasileira, permanecerá nas mãos de uma única empresa. Ele defendeu a venda pela Bayer de "todos ativos" de desenvolvimento de soja.

"Em que pesem terem sido aliminadas as sobreposições horizontais, essas constituem a menor das preocupações. O grande remédio negociado no exterior, anterior à conclusão da análise do Cade, apenas tangencia o cerne da questão", declarou ele.

(Com France Presse)

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