Com peças consagradas e aberto para ensinar, o diretor foi um importante impulsionador da carreira de grandes atores brasileiros. Para entender sua atuação, separamos as trajetórias de dez artistas de teatro e televisão.

Cortez fazia teatro amador até entrar para o Teatro Brasileiro de Comédia. Ali, atuou sob a direção de Antunes Filho em diversos espetáculos e se tornaram amigos. Cortez chegou a produzir uma peça do diretor, "O Assalto", de João Vicente.

Nachtergaele era um estudante de artes plásticas quando foi convidado por uma amiga para fazer o teste para a peça "Os sete gatinhos", que Antunes montava. Passou no teste, abandonou a faculdade e decidiu se dedicar ao ofício. No fim, ele acabou não participando da peça, mas seguiu na carreira. "Minha primeira aula de ator, meu primeiro contato com a grande arte e meu primeiro amor", escreveu após a morte do diretor.

O ator foi o principal protagonista das peças do diretor por dez anos e atuou em espetáculos conceituados, como "Vereda da salvação", "Gilgamesh" e "A hora e a vez de Augusto Matraga". Sua interpretação de Macbeth na adaptação "Trono de sangue" foi considerada por muitos críticos como a melhor do teatro brasileiro. Venceu os prêmios Shell e APCA pelo personagem, além de ter recebido outras premiações sob a tutela de Antunes Filho.

O ator foi dirigido por Antunes Filho durante sua passagem pelo Teatro Brasileiro de Comédia, como na peça "Yerma", de Federico García Lorca. Também atuou como assistente do diretor no espetáculo "Vereda da Salvação", de Jorge Andrade. "O grande incentivador do teatro brasileiro. O grande mérito do Antunes foi transmitir pra gente, e passar a sua cultura. Ele deixou um grande vazio na cultura brasileira, e um grande amigo. Choro por ele. Espero que ele receba a luz de tudo o que plantou aqui na Terra", declarou.

A atriz estrelou algumas peças importantes dirigidas por Antunes, como "A Megera Domada", clássico de William Shakespeare, e "Black-Out", de Frederick Knott. Sua atuação de maior destaque foi em "Esperando Godot", de Samuel Beckett, ao lado de um elenco inteiramente feminino. "Meu grande mestre. Eu tive a oportunidade de trabalhar com ele por quatro vezes. É uma das pessoas que me formou. Meu trabalho de atriz eu devo muito ao trabalho dele", lamentou a atriz.

A atriz inciou a carreira nos palcos dirigida por Filho. Seu primeiro trabalho como atriz foi em "Romeu e Julieta", em 1984, selecionada pelo próprio diretor. Interpretando Julieta, ganhou importantes prêmios do teatro e embarcou na companhia do diretor, fazendo turnês internacionais. Ela também participou de "Macunaíma", principal trabalho de Antunes Filho e considerado um marco na história das artes cênicas no Brasil.

A atriz estrou no teatro aos 32 anos, dirigida por Antunes Filho na peça "Plantão 21". Por seu papel em "Vereda da Salvação", mais uma vez dirigida por Filho, venceu o prêmio Shell de Melhor Atriz em 1993. Também trabalhou com o diretor em "Venha ver o sol na estrada".

A atriz de Belo Horizonte deixou Minas Gerais a convite de Antunes Filho. Em São Paulo, trabalhou no CPT (Centro de Pesquisa Teatral) e atuou na remontagem de "Macunaíma", "Nelson Rodrigues - O eterno retorno" e "Romeu e Julieta", todas dirigidas por Filho.

O comediante se formou no Centro de Pesquisa Teatral e teve seus primeiros trabalhos sob a direção de Antunes Filho. "No CPT aprendi a ser ator, a respeitar o palco, e entender que levaria muitos, mas muitos tombos na maratona da profissão. Ele fazia questão de deixar claro que não seria fácil, e não é mesmo... Era um lugar tão rigoroso, pra mim um templo. Me sinto realmente privilegiado por ter começado com ele, sai de lá ainda muito jovem e acalentava um secreto desejo de procurá-lo para voltar. Não deu tempo... Bravo Mestre e obrigado", declarou Médici.