Por EPTV 2


Estudantes desenvolvem aparelho que ajuda na locomoção de deficientes visuais

Estudantes desenvolvem aparelho que ajuda na locomoção de deficientes visuais

Um grupo de universitários de Barretos (SP) desenvolveu, ao custo de R$ 60, uma tecnologia inspirada na forma de locomoção dos morcegos que amplia a noção de espaço dos deficientes visuais e os permite andar com mais autonomia, sem uso de bastão-guia.

Feito por cinco estudantes de biologia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP), o protótipo comunica a presença de obstáculos por meio de vibrações com diferentes intensidades.

Enquanto aprimoram o sistema, os jovens estudam maneiras de colocá-lo à disposição do maior número de pessoas possível a baixo custo. Ainda não há expectativa de que ele seja levado ao mercado.

"É uma tecnologia bem simples, mas a gente não vê o pessoal por aí. Quem conhece deficiente visual sabe o sofrimento que é no dia a dia deles e a gente tem uma série de sensores e tecnologias à disposição da humanidade agora e nada disso está sendo utilizado pra dar uma melhor qualidade de vida pra eles", afirma o estudante Henrique Nascimento de Araújo, um dos cinco jovens envolvidos na iniciativa.

A ideia surgiu quando os alunos do terceiro e quarto anos de biologia foram estimulados pela faculdade a elaborar projetos para a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia do IFSP, que tinha como tema o uso da ciência para a redução das desigualdades.

Protótipo desenvolvido por estudantes de Barretos amplia noção espacial de deficientes visuais por meio do som — Foto: Reprodução/EPTV

O grupo decidiu produzir algo relacionado à ecolocalização do morcego, que tem visão atrofiada, mas conta com sonares para se direcionar.

"Ele envia essas ondas e, dependendo da intensidade com que essas ondas voltam, ele consegue saber se tem uma presa muito perto, se tem que desviar de alguma coisa", explica a estudante Letícia Della Monica.

A dinâmica inspira a que foi pensada para o aparelho desenvolvido pelos alunos. Juntos, um emissor e receptor de ondas sonoras, e um microcontrolador, conseguem identificar distâncias entre cinco centímetros e quatro metros e converter os resultados em vibrações com diferentes intensidades enviadas para um aplicativo no telefone celular, explica Araújo.

Da ideia inicial ao primeiro protótipo foram necessárias três semanas e um gasto de R$ 60.

"Conforme ele [deficiente visual] estiver mais próximo ou se afastando de um obstáculo, ele vai sentindo a diferença dessa vibração e vai conseguir sentir um pouco do entorno dele", afirma o estudante.

Estudante com deficiência visual testa protótipo que amplia noção espacial desenvolvido por estudantes em Barretos (SP) — Foto: Reprodução/EPTV

Primeira a testar a tecnologia foi a estudante Natália Araújo dos Reis, colega do grupo no IFSP de Barretos, aprovou o sistema. A inovação, segundo a jovem, significa poder deixar de utilizar o bastão-guia.

"Ele auxilia muito na questão dos obstáculos e essa vibração faz com que eu possa ter uma noção maior do espaço onde estou me localizando", diz.

Ela também vê no sensor uma mudança de perspectiva para quem é deficiente visual. "Muitas pessoas não têm empatia de se colocar no lugar do próximo. Fiquei feliz porque essas pessoas pensaram na deficiência como um todo."

Apesar de ter apresentado resultados animadores, o projeto ainda depende de melhorias como na autonomia de bateria e no conforto do usuário, segundo os alunos.

"Falta achar um local onde a gente consiga adaptar esse protótipo que ele se encaixe bem, que seja confortável pra pessoa que esteja carregando, que ela se sinta confortável na hora de manusear", afirma Letícia.

Estudantes de Barretos criaram sistema inspirado na locomoção dos morcegos que ajuda deficientes visuais — Foto: Reprodução/EPTV

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