Por Fernanda Melo Larsen, Correspondente da RFI em Copenhague, RFI


Escolas reabriram na Dinamarca — Foto: Getty Images/BBC

Para reduzir a o impacto da crise econômica causada pela Covid-19, governo dinamarquês lançou um pacote econômico de verão. O valor dos gastos pode chegar a 100 bilhões de coroas dinamarquesas (DKK).

O acordo para o pagamento da quantia de DKK 20 mil (cerca de  R$16 mil) brutos, antes do desconto dos impostos, para os cidadãos dinamarqueses foi firmado na última segunda-feira (15), com apoio dos partidos da base e da oposição ao governo da primeira-ministra, Mette Frederiksen, do Partido Social Democrata.

O dinheiro, que será depositado nas contas dos trabalhadores do país, sairá de um fundo de férias, alimentado pelos contribuintes que têm uma taxa descontada por dia de trabalho.

Além dos trabalhadores da ativa, estão incluídos neste pacote os aposentados e estudantes do país, que receberão cheques isentos de impostos no valor de DKK 1000, aproximadamente R$ 790.

A medida tomada pelo governo é uma tentativa de recuperar a economia do país causada pela pandemia do novo coronavírus.

Dinheiro será depositado até o começo de outubro

De acordo com o ministro das Finanças, Nicolai Wammen, por questões técnicas, o dinheiro estará disponível até outubro deste ano. Mesmo assim, ele incentivou os dinamarqueses a começarem a gastar desde já, com a certeza de que o dinheiro será depositado em breve.

"Os dinamarqueses podem ter certeza de que o dinheiro está chegando; portanto, se você quiser usá-lo para sorvetes, roupas ou coisas para sua casa, faça isso com segurança, sabendo que o dinheiro está chegando em outubro", disse ele.

O ministro das finanças informou também que o valor real que entrará nas contas dos dinamarqueses, será em média de DKK 12.600 depois de descontado os impostos. O valor é calculado pelo rendimento anual que cada trabalhador. Por exemplo, que ganha DKK 1 milhão por ano (R$ 788 mil), o pagamento pode chegar a até DKK 32.400.

Fundo de férias

Cerca de DKK 100 bilhões alimentam esse fundo congelado para férias, criado em 2019 quando a Dinamarca mudou para um novo sistema de pagamento do direito trabalhista. De acordo com o antigo esquema, os trabalhadores acumulavam o direito por um ano e só podiam usufruí-lo em maio do ano seguinte.

Com o novo sistema, eles ganham 2,08 dias de férias por mês, que podem ser usados imediatamente. Para evitar o pagamento duplo, o dinheiro acumulado no ano anterior foi investido em um fundo ao qual os dinamarqueses deveriam ter acesso na aposentadoria. O pagamento do equivalente a três semanas de férias significará um gasto total de DKK 60 bilhões. O governo disse que planeja discutir se liberará os 40 bilhões finais, após o verão.

Incentivo ao setor hoteleiro e de exportação

Cerca de DKK 10 bilhões vão ser reservados para criar um fundo estatal para ajudar as empresas de exportação dinamarquesas durante a crise. Entre outras coisas, um valor de aproximadamente R$ 12 milhões será adicionado para fortalecer um grupo de trabalho para exportação e criação de empregos.

Como parte do acordo, o governo também anunciou uma longa lista de mudanças e extensões de apoios financeiros existentes para as empresas. Entre elas, há um acordo para eliminar gradualmente a ajuda aos trabalhadores independentes e autônomos até 8 de agosto.

Outro setor contemplado pelo pacote foi o de turismo, que vai receber um fundo equivalente a R$ 40 milhões para sua promoção.

Abertura de fronteiras

Países integrantes da União Europeia, do Espaço Schengen e a oposição no parlamento ao governo de Mette Frederiksen têm criticado as medidas adotadas na reabertura que o país após a pandemia. A Dinamarca é atualmente um dos países da Europa mais restritivos à entrada de estrangeiros de outros integrantes do bloco. Apenas turistas da Alemanha, Noruega e Islândia foram até agora permitidos a cruzar a fronteira. Nem a vizinha Suécia, que tomou um caminho diferente no combate à Covid-19, foi incluída na lista.

Durante uma sabatina nesta terça-feira (16) no parlamento dinamarquês, a primeira-ministra, Mette Frederiksen foi pressionada a dar uma posição de quando e como o país abrirá as fronteiras para os outros integrantes do bloco. De acordo com a premiê, “se o número de novos infectados estiver em um nível aceitável, a Dinamarca abrirá as fronteiras para mais países”.

O anúncio ocorre depois que vários partidos criticaram o governo por assumir o controle dos guias de viagem do ministério das Relações Exteriores, arriscando assim minar a confiança do público na instituição. O líder da oposição no Parlamento, Michael Aastrup Jensen, do Venstra, disse em entrevista a uma emissora de TV dinamarquesa, que as restrições de viagem se baseiam mais nos "sentimentos do governo atual" do que nas avaliações dos profissionais do ministério da Saúde.

A grande maioria dos países europeus está abrindo suas fronteiras aos turistas do Espaço Schengen e do bloco europeu, enquanto o ministério das Relações Exteriores da Dinamarca continua a desencorajar viagens desnecessárias a todos as nações, exceto Alemanha, Islândia e Noruega.

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